segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CIA manipula governos. Massas sedentas por liberdade são como tsuname: incontroláveis

Se houve um momento para sair às ruas contra todo tipo de tirania, social, econômica, política, sexista, racial, étnica, etc., o momento é agora. O pavio está aceso. Acendê-lo custou milhares de vidas, mantê-lo aceso pode custar muito mais. O mundo virou um barril de pólvora no traseiro dos governantes. Vamos explodi-lo. É agora ou nunca!

"Se vivemos, vivamos para arrancar a cabeça dos reis". (Shakespeare). 

O analista mais consciente sobre imperialismo é Noan Chomsky que, inclusive, em 4 de fevereiro em seu texto publicado no The Guardian de Londres, acertava na mosca logo no título: "Não é o Islã radical que preocupa os EUA - é a independência", texto esse imediatamente traduzido publicado em meu blog no domingo.

Naquele momento apenas Ben Ali na Tunísia, a noroeste da Libia, havia caído e o povo egípcio ainda pedia a cabeça de seu próprio ditador. Kadafi imediatamente saiu em apoio ao seu colega ao leste, pois sabia que se Mubarak caisse, ele seria o próximo da lista.

Esse teatro de antagonismos no Oriente Próximo: Israel versus Palestina e outros países árabes; discursos "contra o terror" versus Al Qaeda de Bin Laden; a ONU e EEUU (com suas punições militares, econômicas e políticas) versus Iraque, Irã, ou outros supostos governantes produtores de "armas de destruição em massa", isso sem falar nas picuinhas entre ditaduras de esquerda e de direita, tudo isso vem vem servindo de desculpas para as intervenções imperialistas naquela região (e em outras) tão rica em recursos naturais.

Essa imprevista rebelião que ocorrre quase que simultaneamente em todo o mundo árabe vêm colocar uma pá de areia em toda engrenagem tática e estratégica imperialista. E é por isso que eles já começam a apontar suas máquinas de matar em direção à Líbia. O alvo não é o ditador. O alvo são os líbios que derrubam o grande aliado dos Europeus e dos EEUU: Kadafi.

Governos ditatoriais ou "democráticos" são absolutamente previsíveis e controláveis pelas forças capitalistas tanto de estado como privadas, mas as massas não. E é isso que as grandes corporações e os governos temem, como bem diz Chomsky em seu artigo.

Qualquer tentativa de sublevação por parte de um país isolado, e por mais revolucionária que ela seja, pode ser contida, sufocada, ou estancada, para que não se espalhe.

Ken Knabb cita em "A Alegria da Revolução" alguns dos exemplos mais notáveis de revoltas: "a Rússia de 1905, a Alemanha de 1918-19, a Itália de 1920, as Asturias de 1934, a Espanha de 1936-37, a Hungria de 1956, a França de 1968, a Checoslováquia de 1968, Portugal de 1974-75 e a Polônia de 1980-81; muitos outros movimentos, desde a revolução mexicana de 1910 até a recente luta anti-apartheid na África do Sul, contiveram também momentos exemplares de experimentação popular antes de caírem sob o controle burocrático".

Agora estamos diante de um quadro novo. Não se trata de um, dois ou três países revoltosos. O mundo árabe se levanta e quase que simultanteamente. Até mesmo o povo iraquiano, antes esmagado sob Sadan Hussein e agora sob os esquadrões da morte e mercenários armados até os dentes - como bem descreveu Shane Bauer em seu blog antes de ser preso com alguns amigos em 31 de julho de 2009, nas proximidades da fronteira do Irã com o Iraque - agora também sai às ruas reivindicando liberdade, autodeterminação e a destituição imediata dos títeres estadunidenses em seu país.

O que devemos fazer? Devemos nesse momento não apenas acompanhar esses acontecimentos, devemos sair às ruas em nossas cidades em toda América Latina, como já está acontecendo em várias cidades estadunidenses e européias, apoiando a luta árabe, exigindo do fim definitivo das intervenções dos EEUU, e, principalmente, saindo às ruas com a mesma bandeira árabe: fim (em nossos próprios países) da corrupção governamental ou instituição de autogoverno, liberdade, igualdade, enfim, participação nas decisões em todos os níveis, autogestão, democracia direta.

"Só podemos compreender este mundo questionando-o como um todo.... A raiz da ausência de imaginação dominante não pode ser compreendida a menos que sejamos capazes de imaginar o que falta, isto é, o desaparecido, o oculto, o proibido, e o possível na vida moderna." - Internacional Situacionista


Onde os homens e mulheres não levem as leis a sério,
Onde o escravo deixe de existir, e o amo dos escravos,
Onde o populacho se levante imediatamente contra a eterna audácia dos privilegiados,...
Onde as crianças aprendam a operar por conta própria, e a depender de si mesmos,
Onde a equanimidade se reflita em fatos,
Onde as especulações sobre a alma sejam estimuladas,
Onde as mulheres caminhem em procissão pública nas ruas da mesma forma que os homens,
Onde participem na assembléia pública e tomem seus lugares da mesma forma que os homens....
As formas primordiais surgem!
Formas da democracia total, resultado de séculos,
Formas que projetam inclusive outras formas,
Formas de turbulentas cidades masculinas,
Formas dos amigos e anfitriões do mundo,
Formas que abraçam a terra, e são abraçadas por toda a terra.


Whitman

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