segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Punk é abatido a tiros pela polícia egípcia

Uma mensagem para o Governo dos Estados Unidos



Para os membros do governo dos Estados Unidos da América:


Os olhos do mundo atualmente repousam sobre a reforma democrática em curso na República Árabe do Egipto. Como bem sabem, o desenrolar dos acontecimentos não contempla tua vantagem estratégica ou política. Em contraste com tua administração, nós, membros do Anonymous, apoiamos a revolução egípcia. Pedimos que façam o mesmo. Solicitamos que eliminem imediatamente toda ajuda militar e política ao regime de Hosni Mubarak. Pedimos que prestem apoio ao povo do Egito durante a luta contra a tirania (apoio à plataforma de independência, liberdade e democracia que pretende se instalar daqui para a frente).

Embora tua administração, numa tentativa de proteger os interesses norte-americanos, hesite reconhecer atos de um ditador assassino, o povo do Egito está determinado em sua luta pela liberdade.

Vocês forneceram financiamento e instrumentos de repressão para um regime autocrático, ajudando a suprimir os direitos humanos básicos dos cidadãos. Após tais ações abomináveis, não esperem que os cidadãos do Egito apoiem seus interesses. No uso da Declaração Universal de Direitos Humanos para protestar, conforme fixado pela Organização das Nações Unidas em 1948, o povo egípcio é atacado por bombas de gás lacrimogêneo "Made in EUA". Não esperem que o povo do Egito respeite teu país, quando vocês contribuem para sua opressão.

O povo do Egito já se manifestou, e a ditadura de Mubarak será expulsa. Agora é hora de reavaliar teus interesses, no Egito. Vocês vão continuar a apoiar a tirania, ou reverter tal postura e lutar pelo povo? É o povo que finalmente decide o destino de uma nação. Seu governo segue a filosofia da soberania pública? O poder é sempre do povo.

"Uma revolução está chegando - uma revolução que será pacífica se formos suficientemente sábios, compassivos, interessados; terá sucesso se tivermos suficiente sorte -, mas diante de uma revolução não podemos afetar o seu caráter. Não podemos alterar a sua inevitabilidade". - Robert F. Kennedy

Somos Anônimos
Somos uma legião
Não perdoamos
Não esquecemos
Estamos a caminho

-Anonymous

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Precisamos mesmo desses governos?















Precisamos mesmo desses governos?
Que prendem famintos que buscam alimento?
Que destroem nossas florestas?
Que agridem o pobre que protesta?
Que compram armas?
Que bombardeiam o povo nas ruas?
Que atiram balas de borracha contra nós?
Que disparam balas letais?
Que falsificam nossos alimentos?
Que criam guerras entre nações, povos e homens?
Que impedem o lavrador de ter livre acesso à terra?
Que promovem e eternizam desigualdades?
Que dividem a sociedade em classes sociais?
Que propagam o ódio?
Que disseminam a mentira?
Que roubam e torturam os mais fracos?
Que ferem, reprimem e matam quem reclama seus direitos?
Quem infestam nosso mundo com arrogância e usura?
Que perseguem por toda parte homens que só querem viver em paz?
Na cidade do México, em Teerã, em Moscou, em Havana, em Caracas, no Cairo, em Bagdad, em São Paulo, em Nova Iorque, em Londres, Em Paris?
Até quando estaremos sujeitos a essa praga chamada governo?


Em 1990 - o ditador Hosni Mubarak completava 10 anos de poder no Egito - após um mês de trabalho no Kibbutz Shoval em Israel, peguei minha mochila e segui para Tel-Aviv para tomar um ônibus para o Cairo. Ao passarmos pela faixa de Gaza, tivemos que descer para revista. Horas depois, já na cidade do Cairo, desembarquei. Um taxi me conduziu a um Youth Hostel previamente escolhido. Já era tarde. Cansado, fui dormir. Pela manhã, já na rua, tomei um susto ao ver-me assediado por meia dúzia de mulheres vestidas de preto. Elas estavam com as mãos estendidas e pediam esmola. Afastei-me dali correndo. Embrenhei-me por ruas e becos do Cairo. Como bom traveller, derivei para conhecer a cidade como ela realmente era, não como se apresentava nos mapas turísticos. Vi construções bem velhas e feias. Favelas verticais. Construções ensebadas que pareciam estar ali há séculos. Tomei uma sopa rápida em um bar lotado e depois, numa banca de rua, comi pão pita recheado com verduras e frios. Passei numa loja para revelar as fotos tiradas em Israel e no Egito, às quais, dias depois no aeroporto de Tel-Aviv, foram quase todas confiscadas por soldados israelenses.

As impressões que ficaram? Como esquecer aquele menino do lado de fora de uma estação ferroviária no interior do Egito, com os olhos cobertos por moscas, pedindo-me um lápis. Como quem diz, "veja como sou pobre, e sempre vou sê-lo pois nem mesmo um lápis posso ter".

A pobreza dos que não tem o suficiente para viver é subproduto da riqueza dos que tem mil vezes mais do que precisam. Esse é o retrato das cidades e do interior do Egito, que lembra as cidades e o interior do Brasil, especialmente o Nordeste. Um oceano de gente paupérrima vivendo com no máximo um salário mínimo, pontilhado por algumas ilhas de milionários.

Que os ventos da revolta que sopram hoje pela Europa, pelo mundo árabe no Oriente Médio e Norte da África, possam também soprar por aqui.

Cairo: Imagens de uma revolução

Egito: Tuitando de cima dos Telhados

A Tuitosfera egípcia no #jan25 está repleta de histórias do tumulto atual. Para observadores, os telhados se tornaram locais de vista privilegiada. Em Suez, Ian Lee @ianinegypt registra como é a sensação:

"Estou gravando dos telhados; é muito perigoso na rua para estrangeiros. Números chegam a milhares. #jan25 #suez"

Muito da cobertura do Twitter na hashtag #jan25 está em inglês, sugerindo que o motivo disso é divulgar e repercutir nas notícias internacionais, em vez de o motivo ser organização no terreno. Também metaforicamente, as redes sociais são como telhados de vista privilegiada.

O tuíte de Jailan El-Rafie captura essa intenção. Ela traduz para o inglês [en] e tuíta a respeito do ensaio descritivo [en] do cineasta Amr Salama [en].

http://on.fb.me/g7OWvM This is @AmrMSalama 's article, in English. Please RT so we can get more people to read it. #Egypt #Jan25

http://on.fb.me/g7OWvM [en] Este é o artigo de @AmrMSalama. Por favor RT para que mais pessoas possam lê-lo. #Egypt #Jan25

A própria história de Salama é um evento midiático; tanto o registro gráfico de uma surra que ele levou de policiais, como o registro visual de si mesmo como manifestante e seu relato. Ele inicia sua história a se identificar como um encenador de um papel:

"A rua estava completamente vazia, e ao horizonte eu avistava uma massa de pessoas. Primeiro pensei que seriam manifestantes, mas logo percebi que eles todos vestiam preto, vinham em nossa direção e empunhavam cacetetes pretos. Recordei cenas de filmes antigos de guerra, como Coração Valente e Gladiador, e pude ter a sensação exata de antigos campos de batalha; encontrei a mim mesmo como uma das primeiras pessoas a correr em direção às fileiras de policiais que se aproximavam".

O relato de Salama rapidamente se torna cruel. Ele muda de papel, de herói de ação a repórter de guerra, e então vítima:

"Eu tinha meu precioso iPhone numa mão e tentava bater fotos e gravar vídeos, até que fui rodeado por um grande número de soldados, que começaram a me bater ferozmente com seus cacetetes, infligindo pancadas dolorosas na minha cabeça, face, meu estômago e minhas pernas".

Enquanto o espancamento continuava, Salama foi tirado da rua e espancado múltiplas vezes:

"Então nós entramos em um prédio, - os gentis soldados escoltando - ele trancou a porta, me fez tropeçar e cair no chão, então iniciou-se um doloroso episódio de espancamento vicioso".

Ele relata que começa a se imaginar como um mártir das redes sociais:

"Pensei na minha família, e como isso iria afetá-los, sobre o filme que eu ainda não havia terminado de rodar, sobre a página que seria criada sobre mim no Facebook, e me perguntava se ela teria como título “We all are Amr Salama” [Somos todos Amr Salama, em português]. Pensei, também, sobre a declaração que o Ministério do Interior emitiria, a dizer que eu teria morrido ao engolir acidentalmente meu iPhone".

Salvo por alguns dos soldados, ele conseguiu escapar. Ele destaca seus motivos:

"Descobri que o mais importante é que percebi essas coisas, que sei por quê fui espancado, por quê protestei, e sei que, sem sinais e exigências políticas complexas, entendi por quê suportei tudo isso. Suportei tudo isso porque quero um Egito melhor, um Egito melhor sem o poder absoluto dos governantes sobre as pessoas, e um Egito melhor sem grandes abismos na estrutura social".

Nora Shalaby contribui com um set de fotos no Flickr que exibe diferentes facetas do protesto. Imagens cinéticas de multidões e celebrações de noite.

extraído e adaptado a partir de http://pt.globalvoicesonline.org/2011/01/27/egito-tuitando-de-cima-dos-telhados/

Egyptian Revolution Jan 25th 2011 - Take what's Yours!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Não há “burro”que aguente

Perspectivas de Modificações Conscientes na Vida Cotidiana

Estudar a vida cotidiana seria uma tarefa ridícula, e condenada a nada apreender de seu objeto, se tal proposta não fosse explicitamente a de estudar a vida cotidiana para transformá-la.

A conferência - exposição de certas considerações intelectuais a um auditório, como forma banal das relações humanas num amplo setor da sociedade - também faz parte da crítica da vida cotidiana.

Os sociólogos, por exemplo, têm o costume de retirar da vida cotidiana e rejeitar para esferas separadas chamadas superiores - o que lhes acontece a cada momento. É o hábito sob todas as formas, a começar pelo hábito do manejo de alguns conceitos profissionais - produzidos portanto pela divisão do trabalho que mascara a realidade sob convenções preexistentes.

É por isso desejável que se mostre, por uma leve distorção das expressões correntes, que a vida cotidiana é mesmo esta aqui. É claro que a transmissão destas palavras por meio de um gravador não vai ilustrar a integraçâo dos recursos técnicos na vida cotidiana marginal ao tecnicismo, e sim aproveitar uma ocasíão para romper com as aparências de, pseudocolaboração do diálogo artificial, que ficam instituídas entre o conferencista "presente pessoalmente" e seus espectadores. Essa leve ruptura de uma comodidade pode transformar em questionamento da vida cotidiana (questionamento que, de outro modo, será totalmente abstrato) a própria conferência, como outras tantas disposições do uso do tempo, ou dos objetos, disposições que são consideradas "normais", que nem percebemos, mas que no fundo nos condicionam. A respeito de um pormenor como esse, como a respeito do conjunto da vida cotidiana, a modificação é sempre a condição necessária e suficiente para fazer surgir experimentalmente o objeto de nosso estudo, que sem isso permaneceria duvidoso; objeto que não é só para estudar, e sim para modificar.

Acabei de dizer que a realidade de um conjunto observável que seria designado pela expressão "vida cotidiana" corre o risco de continuar hipotética para muita gente. De fato, desde que este grupo de pesquisa se constituiu, o mais surpreendente não é que ainda não tenha encontrado nada, mas que a contestação da própria existência da vida cotidiana se tenha manifestado desde o primeiro instante; e, a cada encontro, continue a se confirmar. A maioria das falas vencidas de que a vida cotidiana exista, por não a terem encontrado em lugar algum. Um grupo de pesquisa sobre a vida cotidiana guiado por tal idéia é comparável a uma expedição que parte em busca do "abominável homem das neves" e chega à conclusão de que se trata de uma pilhéria folclórica.

Todo o mundo está porém de acordo em que certos gestos repetidos a cada dia, como abrir a porta ou encher um copo, são perfeitamente reais; mas esses gestos estão num plano tão trivial da realidade que se contesta, com razão, que possam justificar uma nova especialização da pesquisa sociológica. E vários sociólogos parecem pouco inclinados a imaginar outros aspectos da vida cotidiana, a partir da definição de Henri Lefebvre, isto é, "o que resta quando se retiram do vivido todas as atividades especializadas". Descobre-se então que a maioria dos sociólogos - e todos nós sabemos como eles gostam das atividades especializadas e nelas acreditam cegamente! - reconhece atividades especializadas em tudo, e a vida cotidiana em lugar nenhum. A vida cotidiana está sempre mais além. Está com os outros. Em todo o caso, nas classes não sociológicas da população. Alguém disse que seria interessante estudar os operários, como cobaias provavelmente inoculadas com o vírus da vida cotidiana, pois eles, por não terem acesso às atividades especializadas, só tem a vida cotidiana para viver. Esse modo de se debruçar sobre o povo, em busca de um longínquo primitivismo do cotidiano; e sobretudo esse contentamento escancarado, essa arrogância ingénua de participar de uma cultura da qual ninguém consegue disfarçar a indiscutível falência, a radical incapacidade de compreender o mundo que a produz, tudo isso é assombroso.

Existe uma vontade manifesta de proteger~se por trás de uma formaçâo do pensamento que se baseou na segmentação de domínios artificiais, a fim de rejeitar o conceito inútil, vulgar e incômodo de "vida cotidiana". Tal conceito abrange um resíduo da realidade catalogada e classificada, resíduo com o qual alguns não gostam de se confrontar, porque é ao mesmo tempo o ponto de vista da totalidade; implica a necessidade de um Juizo global, de uma política. Certos intelectuais parecem vangloriar-se de sua participação pessoal no setor dominante da sociedade, por possuírem uma ou várias especializações culturais; isso porém os coloca no lugar ideal para perceberem que toda a cultura dominante está nitidamente roída pelas traças. Mas, seja qual for a opinião que se tenha sobre a coerência dessa cultura ou sobre seu interesse, em detalhe, a alienação que ela impôs aos ditos intelectuais é de fazer com que eles se julguem, do Céu dos sociólogos, como totalmente alheios à vida cotidiana das populações comuns ou situados no topo da escala do poder humano, como se eles também não fossem uns pobres coitados.

É verdade que as atividades especializadas existem; têm até, em certa época, um uso geral que sempre convém reconhecer de modo desmitificado. A vida cotidiana não é tudo, embora esteja em osmose com as atividades especializadas a ponto de, sob certo aspecto, nunca ninguém estar fora da vida cotidiana. E, se recorrermos à conhecida representação espacial das atividades, a vida cotidiana terá de ser colocada no centro de tudo. Nela se inicia cada projeto, e cada realização a ela retorna em busca de uma verdadeira significação. A vida cotidiana é a medida de tudo: da realização - ou melhor, da nâo-realização - das relações humanas; da utilização do tempo vivido; da pesquisa na arte; da política revolucionária.

Convém relembrar que o velho estereótipo científico do observador desinteressado é um ardil. No caso, a observação desinteressada é ainda menos possível que em qualquer outra situação. O que torna difícil o reconhecimento de um terreno da vida cotidiana não é apenas o fato de ele ja ser o ponto de encontro de uma sociologia empírica com a elaboração conceptual, mas também de ser neste momento o desafio de toda a renovaçâo revolucionária da cultura e da política.

A vida cotidiana não criticada significa o prolongamento das formas atuais, profundamente deterioradas, da cultura e da política, formas cuja gravíssima crise, sobretudo nos países mais modernos, se traduz pela despolitização e pelo neo-analfabetismo generalizados. Em compensação, a crítica radical, e por atos, da vida cotidiana existente pode levar a uma superação da cultura e da política no sentido tradicional, isto é, a um nível superior de participação na vida.

Mas, pode alguém perguntar, por que essa vida cotidiana, que a meu ver é a única real, é tão completa e imediatamente depreciada por pessoas que, afinal, não têm nenhum interesse direto nisso e são, na maioria, favoráveis a uma renovação do movimento revolucionário?

Julgo que é por estar a vida cotidiana organizada dentro de parâmetros de uma pobreza escandalosa, E sobretudo porque essa pobreza da vida cotidiana nada tem de acidental: é uma pobreza imposta a todo momento pela coação e pela violência de uma sociedade dividida em classes; pobreza organizada historicamente de acordo com as necessidades da história da exploração.

O uso da vida cotidiana, no sentido de um consumo do tempo vivido, é comandado pela predominância da raridade do tempo livre e raridade dos possíveis modos de utilizar esse tempo livre.

Assim como a história acelerada de nossa época é a história da acumulação e da industrialização, o atraso da vida cotidiana e sua tendência ao imobilismo são o produto das leis e dos interesses que comandaram essa industrialização. A vida cotidiana apresenta de fato, até o momento, uma resistência ao que é histórico. Isso julga antes de tudo o histórico, como herança e projeto de uma sociedade de exploração.

A enorme pobreza da organização consciente, a falta de criatividade das pessoas na vida cotidiana expressam a necessidade fundamental de inconsciência e de mistificação numa sociedade exploradora, numa sociedade da alienação.

Henri Lefebvre aplicou uma extensão da idéia de desenvolvimento desigual para caracterizar a vida cotidiana, descompassada mas não cortada da historicidade, como um setor atrasado. Acho que se pode qualificar esse nível da vida cotidiana como setor colonizado. Todos sabem que, na escala da economia mundial, o subdesenvolvimento e a colonização são fatores que interagem. Tudo leva a crer que o mesmo acontece na escala da formação econômico-social da práxis.

A vida cotidiana, mistificada por todos os meios e controlada policialmente, é uma espécie de reserva para Os bons selvagens que fazem funcionar, sem compreendê-la, a sociedade moderna com o rápido crescimento de seus poderes técnicos e a expansão forçada de seu mercado. A história - isto é, a transformação do real - não é utilizável atualmente na vida cotidiana porque o homem do cotidiano é o produto de uma história que ele não controla. É ele quem faz essa história, mas não livremente.

A sociedade moderna se constitui de fragmentos especializados, praticamente intransmissíveis, e a vida cotidiana, na qual quase todas as questões surgem de modo unitário, torna-se naturalmente o reino da ignorância.

Essa sociedade, através de sua produção industrial, esvaziou o sentido dos gestos do trabalho. E nenhum modelo que esses gestos humanos já tiveram perdura em nosso cotidiano.

Tal sociedade tem tendência a atomizar os homens em consumidores isolados, a proibira comunicação, A vida cotidiana torna-se assim vida privada, domínio da separação e do espetáculo.

De tal forma que a vida cotidiana é também o terreno do qual os especialistas abdicam. É nela que, por exemplo, um dos raros indivíduos capazes de compreender a mais recente imagem científica do universo torna-se estúpido e considera atentamente as teorias artísticas de Alain Robbe-Grillet, ou envia petições ao Presidente da República a fim de influir em sua política. É a esfera da ausência de reação, da confissão da incapacidade de viver.

Não se deve portanto caracterizar o subdesenvolvimento da vida cotidiana apenas por sua relativa incapacidade de integrar técnicas. Esse aspecto é um produto importante, mas ainda parcial, do conjunto da alienação diária, que pode ser definida como a incapacidade de inventar uma técni~ ca de libertação do cotidiano.

E é verdade que muitas técnicas modificam com maior ou menor nitidez certos aspectos da vida cotidiana: os eletro domésticos, como já dissemos, e também o telefone, a televisão, a gravação musical em discos, as viagens aéreas mais acessíveis etc. Esses elementos intervêm desordenadamente, ao acaso, sem que ninguém tenha previsto suas conexões e conseqüências. Mas é certo que, no conjunto, esse movimento de introdução das técnicas no cotidiano, sendo finalmente enquadrado pela racionalídade do capitalismo moderno burocratizado, atua mais no sentido de uma redução da independência e da criatividade das pessoas. Assim as cidades novas de hoje retratam claramente a tendência totalitária da organização da vida pelo capitalismo moderno: os indivíduos isolados (geralmente isolados no âmbito da célula familiar) vêem, nesse gênero de cidade, sua vida reduzida à pura trivialidade da repetição, junto com a assimilação obrigatória de um espetáculo igualmente repetitivo.

Parece portanto que a censura que as pessoas exercem sobre a questão de sua própria vida cotidiana se explica pela consciência de sua insustentável miséria, bem como pela sensação talvez inconfessada mas inevitavelmente experimentada, de que todas as verdadeiras possibilidades, todos os desejos que foram impedidos pelo funcionamento da vida social, estavam nela, e não nas atividades ou distrações especializadas, Isto é, o conhecimento da riqueza profunda, da energia perdida na vida cotidiana, é inseparável do conhecimento da miséria da organização dominante dessa vida: só a existência perceptível dessa riqueza inexplorada leva a definir por contraste a vida cotidiana como miséria e como prisão; depois, no mesmo impulso, leva a negar o problema.

Em tais condições, ocultar a questão política suscitada pela miséria da vida cotidiana equivale a ocultar a profundidade das reivindicações relativas à riqueza possível de nossa vida; reivindicações que levariam forçosamente a reinventar a revolução. Neste aspecto, a fuga à política não é contraditória com o fato de ser militante do Partido Socialista Unificado, por exemplo, ou de ler com confiança o jornal L'Humanité.

Tudo depende efetivamente do nível em que se ousa formular o problema: como vivemos? Como ficamos satisfeitos? Insatisfeitos? Isso sem nos deixarmos nunca intimidar pelas diversas formas de publicidade que visam a persuadir que o homem pode ser feliz por causa da existência de Deus, ou do dentifrício Colgate, ou do CNRS [Centro Nacional da Pesquisa Científica, da França].

Parece-me que a expressão "critica da vida cotidiana" poderia, e deveria, também harmonizar-se com essa inversão: seria a critica que a vida cotidiana exerceria, soberanamente, sobre tudo o que lhe é inutilmente exterior.

A questão do uso dos meios técnicos, na vida cotidiana e alhures, é mera questão política (e, entre todos os meios técnicos existentes, os que são utilizados são de fato selecionados de acordo com os objetivos de manutenção da predominância de uma classe). Quando se considera a hipótese de um futuro, tal como é pensado pela literatura de ficção científica no qual aventuras interstelares coexistem com uma vida cotidiana mantida nesta terra com a mesma indigência material e o mesmo moralismo arcaico, isso significa, exatamente, que ainda haveria uma classe de dirigentes especializados, mantendo a seu serviço as massas proletárias das fábricas e dos escritórios; e que as aventuras interstelares seriam apenas a empresa escolhida por esses dirigentes, a maneira que teriam achado para desenvolver sua economia irracional, o cúmulo da atividade especializada.

Já foi perguntado: "A vida privada está privada de quê?" Da vida, que dela está cruelmente ausente. As pessoas também estão privadas ao máximo de comunicação; e de realização pessoal. Caberia dizer: não podem fazer, pessoalmente, sua própria história. As hipóteses para responder de modo positivo a essa questão sobre a natureza da privação só podem ser enunciadas sob a forma de projetos de enriquecimento: projetos de outro estilo de vida; ou seja, de um estilo... Ou então, se considerarmos que a vida cotidiana está na fronteira entre o setor dominado e o setor não dominado da vida, ou seja, o lugar do aleatório, será preciso substituir o presente gueto por uma fronteira sempre deslocável; trabalhar sem esmorecer para organizar novas oportunidades.

A questão da intensidade do vivido aparece hoje, por exemplo, com o uso da droga, nos mesmos termos com que a sociedade da alienação consegue formular qualquer questão: isto é, em termos de falso reconhecimento de um projeto falsificado, em termos de fixação e de apego. Convém notar também a que ponto a imagem do amor, elaborada e divulgada nesta sociedade, é parecida com a da droga. Nela, a paixão é primeiro reconhecida como recusa de todas as outras paixões; depois, é impedida e, afinal, só se encontra nas compensações do espetáculo reinante. La Rochefoucauld escreveu: "Quase sempre o que nos impede de entregarmonos a um vício é o fato de termos vários". Eis uma constatação muito positiva se, deixando de lado os pressupostos moralistas, a pusermos de pé, como base de um programa de realização das capacidades humanas.

Todos esses problemas estão na ordem do dia porque, visivelmente, nosso tempo é dominado pelo surgimento do projeto, defendido pela classe operária, de abolir toda a sociedade de classes e de começar a história humana; projeto dominado portanto, como corolário, por uma resistência encarniçada, bem como pelos desvios e fracassos que até o momento enfrentou.

A atual crise da vida cotidiana se inscreve nas novas formas de crise do capitalismo, formas que passam despercebidas a quem só pensa em computar a chegada das próximas crises cíclicas da economia.

O desaparecimento, no capitalismo desenvolvido, de todos os antigos valores, de todas as referências da antiga comunicação, bem como a impossibilidade de substituí-los por outros, sejam eles quais forem, antes de terem dominado racionalmente, na vida cotidiana e alhures, as novas forças industriais que nos escapam cada vez mais, são fatos que produzem não apenas a insatisfação quase oficial de nossa época, insatisfação muitíssimo aguda entre os jovens, mas também o movimento de autonegação da arte. A atividade artística sempre fora a única a explicar os problemas clandestinos da vida cotidiana, embora do forma velada, deformada, parcialmente ilusória. Diante dos olhos, temos o testemunho da destruição de toda a expressão artística moderna: é a arte moderna.

Se considerarmos a crise da sociedade contemporânea em toda extensão, não creio que ainda seja possível olhar os lazeres como uma negação do cotidiano. Admitimos que era preciso "estudar o tempo perdido". Mas vejamos a evolução dessa idéia de tempo perdido. Para o capitalismo clássico, o tempo perdido é aquele que é exterior à produção, à acumulação, à poupança. A moral leiga, ensinada nas escolas da burguesia, implantou essa regra de vida. Mas acontece que o capitalismo moderno, por uma manobra inesperada, preci sa aumentar o consumo, "elevar o nível de vida" (não esquecer que essa expressão é inteiramente destituída de sentido). Como, ao mesmo tempo, as condições da produção, parcelar e cronometrada ao extremo, tornaram-se indefensáveis, a moral que já existe na publicidade, na propaganda e em todas as formas do espetáculo dominante admite, ao contrário, que o tempo perdido é o do trabalho, agora justificado apenas pelos vários graus do que se ganha e que permite comprar descanso, consumo, lazer - isto é, uma passividade cotidiana fabricada e controlada pelo capitalismo.

Agora, se considerarmos a facticidade dos imperativos do consumo criados e estimulados pela indústria moderna - se reconhecermos o vazio dos lazeres e a impossibilidade de descanso -, a pergunta pode ser formulada de modo mais realista: o que não é tempo perdido? Ou seja: o desenvolvimento de uma sociedade da abundância deve chegar à abundância de quê?

Isto pode servir de critério para muita coisa. Quando, por exemplo, num dos jornais onde se exibe a inconsistência dos chamados intelectuais de esquerda - refiro-me a France-Observateur - vê-se um título que anuncia algo como "o carro de passeio ataca o socialismo", diante de um artigo explicando que os russos já buscam individualmente, a exemplo dos americanos, um consumo particular dos bens e que começam naturalmente pelo carro, é o caso de se pensar que nem era necessário ter assimilado, depois de Hegel, toda a obra de Marx para perceber que um socialismo que se enfraquece porque o carro de passeio invadiu o mercado nada tem a ver com o socialismo pelo qual o movimento operário lutou. De modo que não é a um estágio da táti(a OU do dogmatismo dos dirigentes burocráticos da Rússia que nos devemos opor, mas à base, àquilo que faz com que a vida das pessoas não mude efetivamente de sentido, E não se trata da fataçodade obscura da vida cotidiana, condenada a permanecer reacionária. E uma fatalidade imposta exteriormente à vida cotidiana, em todos os aspectos, pela esfera reacionária dos dirigentes especializados, seja qual for a etiqueta sob a qual eles planificam a miséria.

A atual despolitizaçâo de muitos ex-militantes de esquerda, o afastar-se de uma certa alienação para atirar-se noutra, a da vida privada, não tem tanto o sentido de um retorno à privatizaçâo como refúgio contra as "responsabilidades da historicidade", mas o de um afastamento do setor político especializado, e sempre manipulado por outros; setor em que a única responsabilidade verdadeiramente assumida foi a de deixar todas as responsabilidades nas mãos de chefes sem controle; onde o projeto comunista foi enganado e desiludido. Assim como não se pode opor como um todo a vida privada à vida pública, sem perguntar: qual vida privada? qual vida pública? (porque a vida privada contém os fatores de sua negação e de sua superação tanto como a ação coletiva revolucionária pôde alimentar os fatores de sua degenerescência), também não se pode fazer o balanço de uma alienação dos indivíduos na política revolucionária por se tratar da alienação da própria política revolucionária. É justo considerar de modo dialético o problema da alienação, assinalar as possibilidades de alienação sempre renovadas na própria luta travada contra a alienação, mas convém enfatizar que tudo isso deve ser aplicado no mais alto nível de pesquisa (por exemplo, a filosofia da alienação no seu todo), e não no nível do estalinismo, cuja explicação é infelizmente mais grosseira.

A civilização capitalista ainda não foi superada em nenhum lugar mas continua a produzir inimigos. A próxima tentativa do movimento revolucionário, radicalizado pelas lições dos anteriores fracassos, e cujo programa reivindicatório deverá enriquecer-se na proporção dos poderes práticos da sociedade moderna poderes que desde já constituem virtualmente a base material que faltava às correntes chamadas utópicas do socialismo -, essa próxima tentativa de total contestação do capitalismo saberá inventar e propor um outro uso da vida cotidiana, e logo se apoiará em novas práticas cotidianas, em novos tipos de relações humanas (não ignorando que o que se conservar, no interior do movimento revolucionário, das relações dominantes na sociedade existente levará insensivelmente a reconstituir, com diversas variantes, essa mesma sociedade).

Assim como outrora a burguesia, em sua fase ascendente, teve de liquidar de modo impiedoso tudo o que ultrapassava a vida terrena (o Céu, a eternidade), assim também o proletariado revolucionário - que nunca poderá admitir, sem deixar de existir como tal, um passado ou modelos terá de renunciar a tudo o que ultrapassa a vida cotidiana. Ou que pretende ultrapassá-la: o espetáculo, o gesto ou a palavra "históricos", a "grandeza" dos dirigentes, o mistério das especializações, a "imortalidade" da arte e sua importância exterior à vida. O que significa: renunciar a todos os subprodutos da eternidade que sobreviveram como armas no mundo dos dirigentes.

A revolução na vida cotidiana, quebrando sua atual resistência no histórico (e a todo tipo de mudança), criará condições tais que o presente consiga dominar o passado, e que a parte da criatividade ganhe da repetitividade. É de se esperar que o lado da vida cotidiana expresso pelos conceitos da ambiguidade - malentendido, comprometimento, abuso - perca a importância, em proveito de seu oposto, a escolha consciente ou o desafio.

O atual questionamento artístico da linguagem, contemporâneo da metalinguagem das máquinas, que é a linguagem burocratizada da burocracia no poder, seá então superado por formas superiores de comunicação. A presente noção de texto social decifrável deverá chegar a novos processos de escrita desse texto social, na direção daquilo que buscam atualmente meus camaradas situacionistas com o urbanismo unitário e o esboço de um comportamento experimental. A produção central de um trabalho industrial inteiramente reconvertido provocará o arranjo de novas configurações da vida cotidiana, a criação livre de acontecimentos.

A crítica e a perpétua recriação de toda a vida cotidiana, antes de serem feitas naturalmente por todos os homens, devem ser empreendidas nas condições da presente opressão, a fim de derrubar essas condições.

Não é um movimento cultural de vanguarda, mesmo com pretensões revolucionárias, que pode realizar isso. Tampouco um partido revoluciotiárioo de modelo tradicional, mesmo que conceda atenção à crítica da cultura (entendendo por esse termo o conjunto dos instrumentos artísticos ou conceptuais pelos quais uma sociedade explica a si mesma e se oferece objetivos de vida). Tal cultura como tal política estão desgastadas, e não é sem motivo que a maioria das pessoas perdeu o interesse por elas. A transformação revolucionária da vida cotidiana não está reservada a um vago futuro: apresenta-se a nós como urgente, diante do desenvolvimento do capitalismo e suas insuportáveis exigências; a alternativa seria o reforço da escravidão moderna. Essa transformação revolucionária marcará o fim de toda expressão artística unilateral, armazenada sob a forma de mercadoria, simultâneo ao fim de toda política especializada.

Será essa a primeira tarefa da organização revolucionária de um novo tipo.

Guy-Ernest Debord
IS número 6, agosto de 1961


Esta palestra foi feita, por meio de um gravador, em 17 de maio de 1961, no Groupe de Recherches sur la vie quotidienne [grupo de pesquisa sobre a vida cotidiana] reunido por H. Lefebvre no Centre d'étudies sociologiques do CNRS.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Você sempre pode voltar para casa




Ela vai até a varanda. Seus olhos lacrimejam...
...enquanto o rapaz acena dizendo adeus
Silenciosamente ela faz uma prece...
...pedindo que Deus o proteja em sua partida

Ela se aproxima e fala com ele a sós:

"Filho nunca se esqueça, você pode sempre voltar para casa.
Qualquer hora, seja lá onde estiver, qualquer dificuldade que enfrentar
Não importa onde esteve nem o que fez,
se não tiver mais nada e estiver procurando descanso
Lembre-se filho, Você pode sempre voltar para casa"

Acossado em uma viela, faminto, cansado e com frio
Depois de tantos anos vivendo no mundo
De repente os pensamentos dele voltam
Ao dia em que deixou a casa de seus pais
E àquilo que sua mãe disse-Ihe antes dele sair

"Filho nunca se esqueça, Você pode sempre voltar para casa.
Qualquer hora, seja lá onde estiver, qualquer dificuldade que enfrentar
Não importa onde esteve nem o que fez
se não tiver mais nada e estiver procurando descanso
Lembre-se filho, Você pode sempre voltar para casa"

Pródigos, imploro-Ihes. Não vão tão longe
Há um lugar onde você é amado como você é.
É o único lugar na terra
Onde você pode estar seguro de não se decepcionar
A porta é grande, a luz sempre esta acesa

"Filho nunca se esqueça, Você pode sempre voltar para casa.
Qualquer hora, seja lá onde estiver, qualquer dificuldade que enfrentar
Não importa onde esteve nem o que fez
se não tiver mais nada e estiver procurando descanso
Lembre-se filho, Você pode sempre voltar para casa
Lembre-se filho, Você pode sempre voltar para casa"

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Lula: O Grande Engodo

Nas rudes caatingas do nordeste, uma égua, cavalo, burro ou jumento, desacostumado ou incomodado pela montaria ou pela carga, às vezes pela própria natureza rebelde, recebe o nome de "animal de choto ruim". Só quem já montou sabe do desconforto em cima de um bicho desse. Mas mesmo que seja "de choto bom" é sempre um incômodo montar "em pêlo". Daí o uso do "pelego", uma pele de lã bem grossa e macia que abranda o atrito entre o lombo da montaria e as nádegas do cavaleiro.


Lula entrará para a história como o maior arquipelego da história do Brasil. Feito sob medida, por encomenda dos oligarcas do sul, dos coronéis do nordeste, dos latifundiários do norte, e dos chefes das forças armadas que 20 anos depois do golpe militar temiam pelo próprio pescoço.

A pressão para o fim da ditadura alcançava seu apogeu no início dos anos 80. A elite brasileira sentia o chão tremer e os trogloditas militares apavoraram-se diante da crescente e cada vez mais incontrolável organização popular que pipocava por toda parte. Um dos maiores barris de pólvora do mundo estava prestes a explodir. Algo precisava ser feito logo para conter as multidões organizadas de revoltosos nas periferias, no campo, na floresta, nos grandes centros urbanos.

Lula foi o grande achado. Em público sempre surgia com um discurso revolucionário, clamando por justiça, igualdade, crítica feroz à "burguesia". Um discurso convincente, impecável, emocionante, de provocar lágrimas. Discurso que mudava ao cair da noite, ao entrar nas "negociações", protegidas pelas quatro paredes, regadas com cachaça, reforçadas com malas recheadas de dinheiro, e muitas, muitas promessas de poder, glória e fama. Por ouro, glória, fama e poder, ele vendeu a alma ao diabo. Um dia a tampa da fossa será aberta pela história, então conheceremos o verdadeiro Luiz Inácio da Silva, o Dorian Gray da política e do movimento sindical brasileiro.

Um pelego monumental. Uma pele estofada de lã, deliciosamente macia. O cavalo, mesmo o mais reticente, sentia apenas o peso do cavaleiro, mas quase sem atrito. E o cavaleiro viu-se confortável. Podia sossegar. Os ossos e o balanço desengonçado do animal já não incomodava. Poderia percorrer longas viagens, tranquilo. O bicho estava finalmente domado, controlado e amansado.

O pelego perfeito. O remédio tão procurado. O cavalo poderia trotar por grandes distâncias, por caminhos diversos, e quase não sentiria a esfregação do cavaleiro. Que cavalo poderia reclamar? Que moral qualquer montaria teria de reclamar de sua situação? Antes recebia uma ração de R$1,00 por dia, agora recebe uma ração quatro vezes melhor! E Lula chora, se emociona, e chama a atenção pela sua grandiosidade. O cafageste!

E assim foi até o último sábado quando, aparentemente, esse arquipelego foi retirado e substituído por outro. Sobre a eficiência e a durabilidade do velho pelego, não há dúvidas. Está acima de qualquer crítica. O controle de qualidade foi impecável. Quanto ao novo pelego, dona Dilma, que no último sábado substituiu o velho, seu Lula, há comentários e perspectivas das mais diversas. Alguns dizem que pode durar 4 ou até mesmo 8 anos, funcionando ainda melhor do que o antigo. Outros dizem que não, que pode romper-se a curto prazo. Não é todo dia e em qualquer lugar que se encontra um pelego tão bom, tão durável, tão próximo da perfeição como o arquipelego Lula, ele pode voltar.