sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Confissão Schleitheim

Prólogo

Silenciosamente, cada vez mais marcam presença em várias partes do mundo em nossos dias. Não precisam de presidentes, prefeitos, governadores, Ministério de Planejamento, departamentos de propaganda, chamadas na tv e no rádio, institutos de previdência social, economistas, bombeiros, oficiais de justiça, nem sobem em palanques para convencer ninguém de nada. Não necessitam de guerrilheiros nem de homens bomba. Não promovem nem participam das necessidades executivas e legislativas da política e lá nem existe política, nem registram contratos em cartórios, e lá nem existem cartórios.

Mesmo seguindo a risca os ensinamentos de Cristo, foram severamente perseguidos pelo clero, tanto católico, como protestante. Mesmo exercendo a democracia absoluta, real e direta, foram duramente perseguidos pelos governantes europeus e dos Estados Unidos da América. Embora comunistas exemplares foram perseguidos pelos governantes da extinta União Russa Socialista Soviética. Embora anarquistas práticos nunca precisaram ler Proudhon. Eles nunca precisaram ler teorias revolucionárias de Marx ou Bakunin, porque a teoria deles se aperfeiçoa e se desenvolve na prática do dia-a-dia. O único poder terrestre ao qual se submetem é o poder da palavra que sempre é cumprida.

Labutam como jardineiros no Éden, e muitas de suas comunidades são ricas, pelo próprio suor, pois não admitem explorados nem exploradores. Não precisam de tribunais, funcionários públicos, nem soldados, nem delegados de polícia, nem postos de saúde, ou hospitais, médicos, engenheiros, advogados, enfermeiras e empregados subalternos. Lá não há classes sociais, nem classe política, nem classe alguma.

Eles mesmos educam suas crianças em suas próprias escolas, mantidas e dirigidas por eles mesmos. Cada homem vale um homem e cada mulher vale uma mulher. Eles tem um fundo comum mas esse dinheiro não circula escondido em cuecas e meias de parlamentares e empresários, está sempre acessível às necessidades reais da comunidade como um todo e de cada um individualmente, e nem mesmo um centavo é desviado. Nessas comunidades não há prisões, entre as casas não há cercas. A luz enganosa do espetáculo não brilha ali, em seu lugar à noite desfila a lua e as estrelas e durante o dia reina o sol soberano. No "ruspringa" os jovens são incentivados a sair e visitar o "parque de diversões do diabo", nome que deram ao mundo onde nós vivemos, são raríssimos os que não retornam. Lá não há necessitados nem viciados em crack perambulando como cães pelas ruas. Ninguém depende de migalhas lançadas de cima pelos serviços sociais do governo. Não entregam seus filhos para a guerra, nem pagam impostos de espécie alguma.

Mas esse salutar estilo de vida custou um alto preço, muitos foram presos e mortos queimados em fogueiras, afogados, ou trespassados por tridentes e pela espada, mas o movimento continuou e está mais vivo do que nunca.

Escrita há exatos 482 anos, a Confissão Schleitheim, o documento singelo que teve o poder de agregar pessoas para o projeto acima, é mais do que o documento mais importante dos remanescentes anabatistas, é também, pelo que representa, um monumento à verdadeira cristandade, uma luz de esperança para o presente e para o porvir. Vale para todas as raças, todas as culturas, todos os povos. Um oásis de paz e simplicidade em meio a uma terra atribulada pela mentira, seca de amor e encharcada de ambição e ódio.

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A Irmandade de Schleitheim

(Brüderlich Vereinigung etzlicher Kinder Gottes seiben Artikel betreffend . . . )

"The Legacy of Michael Sattler" por John Howard Yoder, Herald Press, 1973. Fonte digital em inglês: http://tiny.cc/vykky


Traduzido por Railton Sousa Guedes



Introdução

Que a alegria, a paz, a misericórdia de nosso Pai - por meio da Expiação [31] do sangue de Jesus Cristo, juntamente com os dons do Espírito que são enviados pelo Pai a todos os crentes para força, consolação e constância em toda a tribulação até o fim, amém - estejam com todos os que amam a Deus e com todos os filhos da luz, que estão espalhados por toda parte, onde quer que eles possam ter sido colocados [32] por parte de Deus nosso Pai, onde quer que se reúnam em unidade de espírito no Deus e Pai de todos nós. Que a graça e a paz do coração estejam com todos vós. Amém. 

Amados irmãos e irmãs no Senhor, em primeiro lugar estamos sempre preocupados com o seu consolo e com os protestos da sua consciência (que esteve em algum momento confusa), para não estarem sempre separados de nós como estrangeiros e por direito quase completamente excluídos, [33], mas que vocês possam tornar-se verdadeiros membros implantados de Cristo, armados com paciência e conhecimento de si e, assim, reunirem-se novamente conosco no poder de um espírito cristão devoto e zeloso para com Deus. 

É patente a multiplicidade de astúcias que o diabo vem usando para nos desviar, para poder destruir e subjugar o trabalho de Deus que em nós misericordiosa e graciosamente começou parcialmente. Mas o verdadeiro Pastor das nossas almas, Cristo, que começou essa obra em nós, vai nos dirigir e ensinar [34] o mesmo até o fim, para a Sua glória e nossa salvação, amém.

Queridos irmãos e irmãs, reunidos no Senhor em Schleitheim nas [colinas] de Randen [35] façamos saber, em pontos e artigos, a todos os que amam a Deus, que estamos unidos [36] e permanecemos firmes no Senhor, como filhos obedientes de Deus, filhos e filhas, que estão e permanecerão separados do mundo em tudo o que fazemos e deixamos de fazer, e (louvor e glória a Deus somente) sem contradição por todos os irmãos, completamente em paz.[37] Nistas coisas percebemos a unidade do Pai e do nosso Cristo, presente entre nós em seu espírito. Porque o Senhor é Deus de paz e não de brigas, como Paulo indica. [38] Para que vocês compreendam em que pontos isto ocorre, vocês devem observar o seguinte:

Uma enorme ofensa foi introduzida por alguns falsos irmãos entre nós, [39] fazendo com que vários desviassem da fé, julgando praticar e respeitar a liberdade do Espírito e de Cristo. Mas por ficaram aquém da verdade e (para sua própria condenação) [40] se entregaram à lascívia e à licença da carne. Eles acham que a fé e o amor pode fazer e permitir tudo e que nada pode prejudicar nem condená-los, pois eles são "crentes". 

Notem bem, vocês membros [41] de Deus em Cristo Jesus, que a fé no Pai celestial através de Jesus Cristo não se forma assim: ela nâo produz e nem traz essas coisas que esses falsos irmãos e irmãs praticam e ensinam. Estejam atentos e precavidos com tais pessoas, pois elas não servem nosso Pai, mas o pai deles, o diabo. 

Mas vocês não são assim, porque os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com todos os seus desejos e anseios [42]. Vocês me entendem [43] bem, e sabem o que queremos dizer. Apartai-vos deles porque são pervertidos. Orem ao Senhor para que eles possam ter conhecimento para o arrependimento, e por nós para que possamos permanecer e perseverar no caminho que trilhamos, para a glória de Deus e de Cristo, Seu Filho. Amém. [44]


A Confissão Schleitheim(*)

Aprovada pela Conferência dos Irmãos Suíços em 24 de fevereiro de 1527.
Sete Artigos Deliberados pela União Fraternal de Vários Filhos de Deus.

Os artigos que discutimos e que por unanimidade concordamos são estes:




1. Batismo;
2. O Banimento;
3. Partir do pão;
4. Separação da Abominação;
5. Pastores da Igreja;
6. A Espada;
7. O Juramento.

Artigo I. Observações sobre o batismo

O batismo deve ser dado a todos aqueles que se arrependem e mudam de vida, e que verdadeiramente acreditam que seus pecados são levados por Cristo, e a todos aqueles que andam na ressurreição de Jesus Cristo, e que desejam ser sepultados com Ele na morte, para que possam ser ressuscitados com Ele, e para todos aqueles que, com esta compreensão, o pedem a nós e o procuram para si. Isso exclui todo batismo infantil, a maior e principal abominação do Papa. Nele temos as razões e o testemunho dos apóstolos.[46] Queremos mantê-lo com simplicidade, mas com firmeza e segurança.

Artigo II. Sobre o banimento deliberamos o seguinte:

O banimento deve ser empregado a todo aquele que, apesar de se entregar ao Senhor, seguir [Cristo] [47] nos seus mandamentos; ser batizado no corpo de Cristo e ser chamado de irmão ou irmã, escorregou e caiu no erro e no pecado, mesmo inadvertidamente.[48] O mesmo deve por duas vezes ser admoestado em segredo e na terceira vez abertamente disciplinado ou banido diante de toda congregação [49] de acordo com o mandamento de Cristo (Mateus 18).[50] Mas isso deve ser feito de acordo com a regulação do Espírito antes de partir do pão,[51] para que possamos todos em um espírito e em um amor, partir e comer de um pão e beber de um copo.

Artigo III. Sobre o partir do pão

Concernente ao partir do pão, nos tornamos um e concordamos [52] que: Todo aquele que deseja partir o pão em memória do corpo partido de Cristo e deseja beber como lembrança do sangue derramado de Cristo, deve ser previamente unido [53] no corpo de Cristo que é a igreja de Deus e cuja cabeça é Cristo. Porque não podemos, como Paulo assinala, [54] ao mesmo tempo beber o cálice do Senhor e o cálice do diabo. Ou seja, todos aqueles que têm comunhão com as obras mortas das trevas não têm parte na luz. Portanto, todos os que seguem o diabo e o mundo não têm parte com aqueles que são chamados por Deus para fora do mundo. Todos os que se encontram no mal não têm parte no bem.

Por isso, é e deve ser assim: Quem não foi chamado por Deus a uma só fé, um só batismo, um só Espírito, um só corpo, com todos os filhos da igreja de Deus, não pode ser feito um só pão com eles. E deve ser feito em verdade, se a pessoa deseja realmente repartir o pão de acordo com o mandamento de Cristo. [55]

Artigo IV. Estamos de acordo sobre a separação efetiva

Estamos de acordo sobre a separação efetiva do mal e da maldade que o diabo plantou no mundo, assim simplesmente; não devemos ter nenhum companheirismo com eles, [56] e não colaborar com eles na confusão de suas abominações. Ou seja: uma vez que todos aqueles que não entraram na obediência da fé, nem se uniram a Deus para fazer Sua vontade são uma grande abominação diante de Deus, então nada pode realmente crescer ou vir deles a não ser coisas abomináveis. Agora não há nada no mundo e em toda a criação além de bem ou mal, crentes e descrentes, escuridão e luz, o mundo e os que estão [saíram] fora do mundo, o templo de Deus e templos de ídolos. Cristo e Belial, e nenhum terá parte com o outro.

A nós, então, o mandamento do Senhor é também óbvio, por meio dele Ele nos ordena ser e nos tornar separados do mal, e assim Ele será nosso Deus e nós seremos seus filhos e filhas.[57]

Mais adiante, Ele nos previne sair da Babilônia e do Egito terrestre, para que não sejamos partícipes no tormento e sofrimento que Deus trará sobre eles.[58]

A partir disso, devemos aprender que tudo o que não está unido [59] com nosso Deus em Cristo não pode ser outra coisa senão uma abominação que devemos evitar.[60] Por abominação se entende toda idolatria [62] e serviços eclesiais católicos e protestantes [61], reuniões e frequência à igreja, [63] chás nas casas, juramentos e compromissos de incrédulos, [64] e outras coisas desse tipo, que embora altamente respeitadas por todo mundo, são carnais ou praticadas em evidente contradição com o mandamento de Deus, e de acordo com toda a injustiça que está no mundo. De todas essas coisas devemos estar separados e não ter parte com elas, pois elas não são outra coisa senão abominação, e elas são a causa de sermos odiados como antes o foi Jesus Cristo, que nos libertou da escravidão da carne e proveu-nos para o serviço de Deus através do Espírito que Ele nos deu.

Assim também devemos [65] abolir de nosso meio [66] as diabólicas armas da violência – como a espada, armaduras e similares, e todo uso delas para proteger amigos ou contra inimigos – em virtude da palavra de Cristo: "você não resistirá ao mal".[67]

Artigo V. Quanto aos pastores na igreja de Deus, concordamos o seguinte:

Quanto aos pastores na igreja de Deus, concordamos o seguinte: O pastor na igreja será uma pessoa de acordo com a regra de Paulo, [68] plena e completamente, que tenha um bom discernimento com relação aos que estão fora da fé. Essa função inclui ler, admoestar, ensinar, advertir, disciplinar, banir da Igreja, e corretamente dirigir os irmãos e irmãs em oração, e no partir do pão, [69] e em todas as coisas cuidar do corpo de Cristo, para que cresça e se desenvolva para que possamos louvar e honrar o nome de Deus, e calar a boca do caluniador.

Ele será apoiado, no que ele precisar, pela congregação que o escolheu, de forma que aquele que serve o Evangelho viva do Evangelho como o Senhor ordenou. (1 Cor. 9:14). [70] Mas, se um pastor fizer algo merecedor de reprimenda, nada será feito contra ele sem o depoimento de duas ou três testemunhas. Se eles pecarem serão repreendidos publicamente, de forma que outros possam temer.[71]

Mas se o pastor tiver que ser afastado ou conduzido ao Senhor pela cruz [72] na mesma hora outro deve ser nomeado [73] para o lugar dele, de forma que o pequeno povo e o pequeno rebanho de Deus não possa ser destruído, mas seja preservado pelas advertências e seja consolado.

Artigo VI. Concordamos com o seguinte sobre a espada:

Concordamos com o seguinte sobre a espada: A espada é uma ordenação de Deus fora da perfeição de Cristo. Ela pune e mata os maus e guarda e protege o bem. A lei da espada foi estabelecida [74] contra os ímpios para punição e morte, e os governantes seculares foram estabelecidos para usá-la.

Mas, dentro da perfeição de Cristo, apenas o banimento é utilizado, para a advertência e exclusão de quem pecou, sem a morte da carne, [75] é simplesmente aviso e mandamento para não mais pecar.

Agora, muitos, que não entendem a vontade de Cristo para nós, vão perguntar se um cristão pode ou não usar a espada contra os ímpios para a proteção e defesa do bem, ou por causa do amor.

Nossa resposta unânime é: Cristo nos ensina e nos ordena a aprender com ele, pois Ele é manso e humilde de coração e assim acharemos descanso para nossas almas. [76] Agora, Cristo diz, com relação à mulher que foi apanhada em adultério, [77], que ela não deveria ser apedrejada segundo a lei de Seu Pai (e sobre isso diz: "O que o Pai me ordenou, eu faço") [78], mas, com misericórdia e perdão, advertiu-a para não mais pecar, dizendo: "Vai, não peques mais". Exatamente assim também devemos proceder, de acordo com a regra do banimento.

Segunda questão relativa à espada: se um cristão deve participar de disputas e contendas em assuntos mundanos como os incrédulos fazem entre si. A resposta: Cristo evitou decidir ou emitir julgamento entre irmão e irmão sobre herança, se recusou a fazê-lo. [79] Então, devemos também fazer assim.

Terceira questão relativa à espada: se o cristão poderia ser um magistrado caso fosse indicado. Essa pergunta é respondida assim: Cristo seria feito Rei, mas Ele evitou e não discerniu [isso] na ordem do Seu Pai [80]. Assim também devemos fazer como Ele fez e segui-lo, assim não andaremos nas trevas. Pois ele mesmo diz: "Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". [81] Ele mesmo ainda proíbe a violência da espada, quando diz: "Os príncipes deste mundo têm poder sobre elas, etc, mas entre vocês não será assim." [82] Além disso, Paulo diz: "A quem Deus pré-conheceu, ele tem também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho", etc [83] Pedro também diz: "Cristo sofreu (não governou), deixando-lhes exemplo para que sigam seus passos". [84]

Enfim pode-se ver nos seguintes pontos que não convem a um cristão ser um magistrado: a regra do governo é segundo a carne, a dos cristãos segundo o espírito. As casas onde moram permanecem neste mundo, a dos cristãos está no céu. A cidadania deles está neste mundo, a dos cristãos está no céu. [85] As armas de batalha deles são carnais, e somente contra a carne, mas as armas dos cristãos são espirituais, contra a fortificação do diabo. O mundano está armado com aço e ferro, mas os cristãos estão armados com a armadura de Deus, com a verdade, justiça, paz, fé, salvação e com a Palavra de Deus. Em suma: Cristo é a nossa cabeça, e os membros do corpo de Corpo de Cristo devem ser conduzidos por Ele, para que não haja divisão no corpo pela qual seria destruído. [86] Desde então, Cristo é o que Dele está escrito. Assim, devem Seus membros também ser, de modo que seu corpo possa permanecer inteiro e unificado para seu próprio avanço e edificação. Pois todo reino dividido contra si mesmo será destruído. [87]

Artigo VII. Concordamos o seguinte sobre juramento:

Concordamos o seguinte sobre juramento: O juramento é um compromisso entre aqueles que estão disputando ou fazendo promessas. Na Lei é ordenado que seja feito em nome de Deus, verdadeiramente, não falsamente. Cristo, que ensina a perfeição da lei, proíbe a Seus [discípulos] todo juramento sobre algo ser verdadeiro ou falso; nem pelo céu, nem pela terra, nem por Jerusalém, nem pela nossa cabeça; e Ele explica a razão, "porque vocês não podem tornar um cabelo branco ou preto". Como vêem, todo juramento é proibido: não podemos executar o que prometemos ou juramos, pois não podemos mudar a menor parte de nós mesmos. [88]

Agora há alguns que não dão crédito ao mandamento simples de Deus, e dizem: "Mas o próprio Deus fez promessas a Abraão, porque Ele era Deus (prometeu estar com ele, prometeu ser o Deus dele caso guardasse Seus mandamentos). Por que então eu não deveria também prometer algo a alguém?" Resposta: Ouça o que diz a Escritura: "Deus, pois, queria mostrar mais abundantemente aos herdeiros a imutabilidade de sua promessa, inserindo uma promessa. (Por ser impossível a Deus mentir), poderemos ter uma forte consolação". [89] Observe o significado desta passagem: Deus tem o poder de fazer o que Ele proíbe para nós, pois tudo é possível para Ele. Deus fez uma promessa a Abraão, diz a Escritura, para mostrar que Seu conselho é imutável. Ou seja, ninguém pode resistir, nem impedir seus desígnios. Mas nós não podemos, como Cristo disse acima, cumprir ou executar nossos juramentos, portanto, não devemos prometer nada.

Outros dizem que o juramento não pode ser proibido por Deus no Novo Testamento pois foi autorizado no Velho, apenas foi proibido jurar pelo céu, pela terra, por Jerusalém, e por nossa cabeça. Resposta: Ouvi a Escritura: Aquele que jura pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado. [90] Observe: se é proibido jurar pelo céu, que é apenas o trono de Deus: quanto mais pelo próprio Deus! Insensatos e cegos, quem é maior, o trono ou aquele que nele está sentado?

Outros dizem: se é errado usar o nome de Deus para confirmar a verdade, então os apóstolos Pedro e Paulo também juraram [91]Resposta: Pedro e Paulo apenas testemunharam o que Deus prometeu a Abraão, e que nós também temos recebido. Mas quando alguém testemunha, a pessoa faz isso interessada no que está presente, se é bom ou mal. Simão falou de Cristo para Maria e testemunhou: "Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel". [92]

Cristo nos ensina de forma semelhante quando diz: [93] "Deixe sua palavra ser sim, sim; não, não, porque tudo o que é mais do que isso provém do mal". Ele diz que seu discurso ou palavra deve ser sim e não, de forma que ninguém poderia entender que Ele tenha permitido isto. Cristo simplesmente é sim e não, e todos aqueles que O buscam simplesmente entenderão a Palavra dele. Amém. [94]

Os 7 artigos de Schleitheim
Cantão de Schaffhausen, Suíça,
24 de fevereiro de 1527

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Nota explicativa sobre a relação do documento abaixo com a Confissão de Schleitheim:

Para a Compreensão Fraterna, que nas duas gerações passadas veio ser reconhecida amplamente como um marco teológico, nós juntamos outro texto que poderia ter sido na ocasião igualmente significativo. Este conjunto de instruções concernentes à ordem congregacional e ao culto foi divulgado em 17 de abril de 1527, junto com o texto de Schleitheim, aparentemente conjuntamente com o texto de Bern da União Fraterna. Deve ter sido juntado então ao mesmo tempo em abril, dentro das seis semanas do encontro em Schleitheim. Há bases circunstanciais para ser considerado ligado a Schleitheim e Sattler. É o mais antigo texto que se conhece que trata desse assunto, e nunca foi previamente publicado integralmente. --JHY


Ordem Congregacional [99]

Uma vez que o eterno, poderoso e misericordioso Deus fez sua maravilhosa luz brilhar neste mundo e [nesta] época perigosa, nós reconhecemos o mistério da vontade divina, que a Palavra nos seja pregada de acordo com o ordenamento adequado do Senhor [100] por meio da qual fomos chamados para a Sua comunhão. Portanto, de acordo com o mandamento do Senhor e os ensinamentos de Seus apóstolos, no ordenamento cristão, devemos observar o novo mandamento, [101] no amor mútuo, de modo que o amor e a unidade possa ser mantida, o qual todos os irmãos e irmãs de toda a congregação devem concordar em manter:

Os irmãos e irmãs devem se reunir pelo menos três ou quatro vezes por semana, para se exercitar [102] no ensinamento de Cristo e seus apóstolos e cordialmente exortar uns aos outros para permanecerem fiéis ao Senhor, como prometeram.

Quando os irmãos se reunirem, devem trazer algo para ler juntos. [103] Aquele a quem Deus deu melhor compreensão deve explicar, [104], os outros devem prestar atenção e ouvir, de modo que não hajam dois ou três travando uma conversa privada, incomodando os outros. O Saltério deve ser lido diariamente em casa. [105]

Que ninguém seja leviano na igreja de Deus, nem em palavras nem em ações. A boa conduta deve ser mantida por todos e também perante os pagãos. [106]

Quando um irmão vê seu irmão cometer um erro, ele deve adverti-lo de acordo com o mandamento de Cristo [107] e repreendê-lo de uma forma cristã e fraterna, pois todos estão vinculados e obrigados a fazer por amor.

No conjunto dos irmãos e irmãs desta congregação ninguém terá alguma coisa própria, mas, como os cristãos no tempo dos apóstolos terão tudo em comum e, especialmente, armazenados num fundo comum do qual pode-se ajudar os pobres, de acordo com a necessidade de cada um, [108] e, como no tempo apóstolos, não permitir que nenhum irmão passe necessidade.

Toda glutonaria deve ser evitada entre os irmãos que estão reunidos na congregação; sirva uma sopa ou um mínimo de vegetais e carne, pois comer e beber não é o reino dos céus. [109]

A Ceia do Senhor deve ser realizada sempre que os irmãos se reunirem, [110], anunciando a morte do Senhor, e assim instando cada um a relembrar como Cristo deu a Sua vida por nós e derramou seu sangue por nós, para que possamos também estar dispostos a dar o nosso corpo e nossa vida por amor de Cristo, o que significa pelo bem de todos os irmãos.

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Conclusão (Bênção)

Queridos Irmãos e Irmãs no Senhor: estes são os artigos que alguns irmãos previamente entenderam de modo errado, diferente do verdadeiro significado. Assim muitas consciências fracas ficaram confusas, pelo fato do nome de Deus ter sido caluniado foi necessário chegarmos a um acordo [95] no Senhor. A Deus seja dado o louvor e a glória!

Agora que você compreendeu plenamente a vontade de Deus revelada por nós neste momento, você deve realizá-la com convicção, persistência e fidelidade. Para que você saiba bem qual a recompensa do servo que conscientemente peca.

Tudo que você fez inadvertidamente e que agora confessa ter agido injustamente está perdoado. Nessa reunião com fé suplicamos, por causa de todas nossas faltas e culpas, pelo gracioso perdão de Deus, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Afaste-se de tudo que não se enquadre na simplicidade da verdade divina que foi declarada por nós nesta carta em nossa reunião, de forma que todos possamos ser governados pela regra da proibição, para que daqui em diante a entrada de falsos irmãos e irmãs entre nós possa ser prevenida.

Afastem-se de tudo que é mau, e o Senhor será seu Deus, e vocês serão Seus filhos e filhas. [96]

Queridos irmãos, lembrem-se do aviso que Paulo deu a Tito: [97] "A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nessa era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras". Pensem nisto, e coloquem isso em prática, e o Deus de paz estará com vocês.

Que o nome de Deus seja sempre e grandemente bendito e louvado, Amém. Que Deus possa lhe dar-lhe Sua paz, Amém.

Schleitheim, dia de São Mateus, [98] 1527.

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Introdução de John Howard Yoder, em
The Legacy of Michael Sattler, Classics of the Radical Reformation, Vol. 1, Herald Press, 1973



No começo de 1527 o movimento dos Irmãos Suíços corria sério perigo de desintegração. A repressão pelos protestantes alcançara pela primeira vez o nível da pena de morte, com a execução de Felix Mantz em Zürich, em 5 de janeiro. No Leste da Suiça, onde o movimento alcançara uma onda inicial de sucesso popular, foi duramente esmagado cidade de St. Gall, mas as autoridades continuaram tendo dificuldade na zona rural circunvizinha, especialmente no cantão de Appenzell onde a combinação de pressão governamental, liderança inadequada, e o fermento socioeconômico daquele tempo conduziu enormemente para a desordem que Conrad Grebel provavelmente estava tentando controlar quando morreu doente no verão de 1526. Strasbourg era o lugar onde havia maior probabilidade de abertura para um entendimento, ou pelo menos a possibilidade de alcançar um contínuo diálogo entre os anabatistas e a Reforma oficial; mas esta possibilidade teve que ser abandonada após a visita de Sattler a Strasbourg. [1]

Strasbourg foi a melhor e também a última chance para estabelecer um acordo sério com os "líderes" do Movimento da Reforma. Entre os principais reformadores, Martin Bucer foi o mais dotado de espírito ecumênico e pastoral, Capito era mais aberto a idéias radicais, e o governo de Strasbourg era mais cauteloso e tolerante. Quando as conversações se romperam lá, quase dois anos depois da primeira fratura em Zürich, ficou definitivamente claro que o anabatismo teria que seguir em frente sozinho, não apenas nos territórios que permaneceram estritamente católicos, mas em todos os lugares.

Isto marca o fim do investimento de Sattler nas "relações intereclesiásticas". Ele abandonou o esforço para convencer os líderes reformadores; ao mesmo tempo em que abandonou a possibilidade de estender seu movimento nos territórios protestantes onde seria um tanto mais fácil (devido à corrente simpatia pelas suas preocupações) e mais seguro (devido à perseguição ligeiramente mais moderada). Dali em diante ele atuaria nas cidades menores da Floresta Negra. Parte desta área era controlada pela soberania austríaca (ou seja, fielmente católica), sob a administração de Statthalter de Ensisheim da Austria, e sob o controle dos aliados e vassalos da Áustria, como Count Joachim von Zollern de Hohenberg, que veio a ser o juiz de Sattler.

Esta área de zona rural católica, sem cidades proeminentes entre Ulm e Freiburg ou entre Tübingen e Schaffhausen, poderia ser qualificada como o polo crescente do movimento dos Irmãos Suíços. No triângulo Schaffhausen/Waldshut/Zürich cujo território cruzava com a ala sulista, Sattler e Wilhelm Röubli/Reublin foram os únicos líderes proeminentes nesta primeira fase.

Sattler tinha muita consciência do pouco tempo que dispunha para consolidar o movimento que plantara. Da mesma maneira que o período de outubro a dezembro de 1523 marcou a primeira autoconsciência dos radicais de Zürich e o período de dezembro de 1524 a janeiro de 1525 abriu a primeira violação formal, o início de 1527 deve ser reconhecido como a maturidade de um companheirismo distinto, visível com uma responsabilidade de longo alcance pela sua ordem e pela sua fé.

A pressão do exterior, a confusão no interior, a falta de influência diretiva (que nunca era especialmente clara ou determinante) dos fundadores de Zürich, e a crescente percepção de que em vez de aceitar uma visão de renovação difusa o jovem movimento teria que aceitar uma continua separação combinada com uma identidade sofredora, para possibilitar a afluência de todo movimento para fora do solo.

Foi esta necessidade que gerou o encontro de Schleitheim. Nada sabemos sobre como a reunião foi convocada, sobre o que precisamente fez com que ela fosse realizada naquele momento, ou quem participou. A tradição aponta Michael Sattler como a liderança espiritual na reunião, e o autor do documento reproduzido acima, tão difundido quanto confiável, [2] embora nenhuma das primeiras tradições tenha emitido relatos de testemunhas oculares. Esta tradição é confirmada por paralelos óbvios entre o pensamento e fraseado de Schleitheim e outros documentos definitivamente reconhecidos como escritos por Sattler.

Os Sete Artigos que são o coração do texto, foram presumivelmente discutidos, reescritos, e aprovados no curso da reunião. Aqui a contribuição de Sattler pode ter sido alguma elaboração antes da reunião. Os Sete Artigos são encaixados em uma carta escrita na primeira pessoa, depois da reunião, que presumivelmente saiu completamente da caneta de Sattler.

Os pesquisadores durante algum tempo divergiram sobre qual seria o foco primário desta reunião. Jan Kiwiet expressou o forte argumento de que o foco polêmico primário estava relacionado às ameaças ao movimento anabatista, representadas pelas mentes de homens como Hans Denck na Alemanha, com sua crítica à rigorosa disciplina do movimento irmãos suíços. [3] A força dessa interpretação não reside nos Sete artigos em si, mas na carta de apresentação, e no espírito de alguns dos outros escritos dessa coleção [4].

Outra interpretação começa com a observação de que, diferindo de um credo ou catecismo equilibrado, Schleitheim destaca pontos onde os irmãos diferiam do resto do Protestantismo. Foi, assim, um manual do homem comum de distintos anabatistas. Esta interpretação é fundamentada pelo conteúdo dos próprios Sete Artigos, que circulou freqüentemente sem a carta de apresentação. Este foi o modo como este texto foi compreendido pelos Reformadores [5] e é apoiado hoje por Beatrice Jenny. [6]

O presente editor não vê nenhuma real necessidade de escolher entre as duas interpretações. Se houvesse pessoas competindo pela liderança dentro do jovem movimento anabatista, a direção mais óbvia que seguiriam, em conflito com a orientação fixada pelos iniciantes de Zürich e por Michael Sattler, tenderia para uma espiritualização das distintas congregações anabatistas visíveis, com o efeito de maior subserviência, pelo menos superficialmente, para com as autoridades da igreja estatal, e maior conformidade para os padrões de comportamento que eles requeriam. Os documentos posteriores nesta coleção confirmam que o traço do "falso profeta" e do "mal-feitor" é a participação em encontros que justificam a igreja estatal. [7] Até mesmo a antinomiana "liberdade carnal" dos que defendiam que a pessoa que está em Cristo pode fazer qualquer coisa sem dano [8] para sua fé, pode ser aplicada a argumentos em conformidade com a igreja estatal, sobre externalidades como embriaguez ou relações sociais desordenadas. A idéia de que sendo crente a pessoa pode fazer qualquer coisa sem nenhum dano para sua fé não foi uma invenção peculiar e licenciosa de algum anabatista marginal; foi (pelo menos de acordo com a interpretação da mente popular) mais uma das elaborações da pregação luterana se adequando aos desejos dos ouvintes. [9]

Não há nenhuma razão para decidir por um dos dois argumentos acima. [10] A evidência clara que distingue o movimento dos Irmãos Suíços das igrejas protestantes e católicas foi a sólida defesa contra a confusão e propósitos dúbios nas fileiras das irmandades que começavam a tomar forma como um movimento autônomo.

A importancia estratégica da realização de Schleitheim é bem demonstrada pela circulação rápida e ampla de seu texto. Zwinglio recebeu sua primeira cópia em abril pelas mãos de Johannes Oekolampad em abril, o qual, por sua vez, a recebera de Johannes Grell, um pastor do interior perto de Basel. Logo ele recebeu outra cópia de Berchtold Haller em Berna. Esta cópia fora obtida pela polícia de Berna no curso de uma investigação nas casas, na trilha de um esforço de quatro anabatistas para conversar com Haller. Haller chamou-a de "seus objetivos e razões". Zwinglio respondeu imediatamente com uma refutação. [11] até Zwinglio escrever seu Elenchus pelo verão daquele ano, ele já tinha em mãos quatro cópias diferentes que chegaram a ele de muitas fontes diferentes. Inspecionamos acima [l2] o número de reimpressões e traduções com a União Fraterna, juntamente com alguns dos outros materiais seguintes, comparando-os a estes panfletos foi o texto de Schleitheim que apareceu primeiro e que deu seu nome à página que titula a coleção inteira.

De acordo com Zwinglio, "não há quase ninguém entre vocês que não tenha uma cópia de seus mandamentos tão bem fundamenados". [13] Calvino descreve o esboço como "sete artigos aos quais todos anabatistas aderem em comum. . . o qual eles asseguram ser uma revelação que desceu do céu". [14] A autoridade que veio ser designada aos Sete Artigos dentro do movimento anabatista é demonstrada por um lado pela aceitação quase universal das posições que representa, visíveis até mesmo na repetição de frases e argumentos em documentos posteriores. Isso é especialmente verdadeiro com relação aos artigos VI e VII, sobre a espada e o juramento, e resulta em um número relativamente grande de uniformidade de posições anabatistas sobre estas questões dali em diante. [15] Algum tempo mais tarde, em 1557, na conferencia de Strasbourg, vemos a importancia da reunião sendo destacada referindo-se a um homem em cuja casa o acordo foi tirado. [16] O texto de Schleitheiltl também pode ser citado explicitamente. [17]

A base textual da presente tradução desenvolvida pelo Dr. Heinold Fast em sua edição de Täuferakten para a Suíça oriental, graciosamente nos foi passada antes de publicação. O esforço de submeter o texto original a uma conjetura crítica deve funcionar com quatro fontes: (a) o Elenchus de Zwinglio dentro do qual o texto é integralmente traduzido em latim com base nas quatro copias que Zwinglio tinha em mãos. Esta foi a base para as primeiras traduções em inglês. [18] (b) O manuscrito preservado no Berner Staatsarchiv, [19] reproduzido uma vez parcialmente por Ernst Mueller, der de Geschichte Bernischen, Fraueneld, 1895, Taufer, 38 ff., e mais completamente mas ainda não com precisão completa (cf. Fast), por Beatrice Jenny, Bekenntnis. Há boas razões para acreditar que este foi um dos quatro textos que Zwinglio teve acesso, mas nem sempre coincide com a tradução latina dele e alguns vezes a outra leitura refletida nas traduções dele parece preferível. (c) A primeira impressão reproduzida por Bohmer em 1912. [20] (d) A primeira impressão reproduzida por Kohler em 1908. [21]

As duas primeiras impressões são bem parecidas. Elas foram a base para todas as impressões posteriores, para as traduções no francês e holandês, e para as cópias manuscritas preservadas pelos Irmãos Hutteritas e depois reimpressas por Wolkan, [22] Beck, [23] e Lydia Miiller. [24] A reimpressão de Kohler é a base da tradução inglesa extensamente usada por J. C. Wenger. [25]

Desde seu reconhecimento pelo historiador holandês, Cramer, talvez a primeira testemunha moderna a reconhecer o profundo significado de Schleitheim, comentários do texto e de sua importância passaram a ser frequentes. [26] Vários resumos da história do texto estão disponíveis. [27] Traduções modernas estão sendo desenvolvidas em inglês [28] e francês [29] e Heinold Fast publicou uma versão alemã moderna como também uma reedição do original. [3O]

Ao Entendimento Fraternal que nas duas gerações passadas vem sendo amplamente reconhecido como um marco teológico, nós juntamos outro texto que, na ocasião, pode ter sido igualmente significante. Este documento que fixa instruções relativas à ordem congregacional e à adoração estava circulando em 17 de abril de 1527, junto com o texto de Schleitheim, aparentemente na mesmo calhamaço do texto de Bern da União Fraterna. Portanto, deve ter sido juntado aos demais, na mesma época, em abril, no prazo de seis semanas do encontro Schleitheim. Há provas circunstanciais para ser considerado no contexto de Schleitheim e de Sattler. É o texto conhecido mais antigo sobre esse assunto, e ainda não publicado por completo.


Extraído de John Howard Yoder, Introduction to "The Schleitheim Brotherly Union," (Chapter 2), The Legacy of Michael Sattler, Herald Press, 1973, pp. 27-34.

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Ponto de vista de Jan Gleysteen

Schleitheim

No caminho da famosa Floresta Negra da Alemanha para a espetacular Catarata do Reno na Schaffhausen Suíça há um despretencioso vilarejo chamado Schleitheim. A maioria dos viajantes passam apressadamente por esse caminho preocupada com as grandes cenas à frente.

Para nós, a cidade e o nome de Schleitheim detem um maior interesse, pois foi aqui que, em fevereiro 1527 que ocorreu uma importante reunião dos anabatistas suíços e alemães. De acordo com tradição Michael Sattler pediu e presidiu a reunião. O jovem movimento anabatista corria o perigo de desintegrar-se sob a pressão da violenta perseguição de fora e da nítida diferença de opiniões de dentro.

No curso da assembléia as várias facções chegaram a um acordo e publicaram suas visões em um folheto chamado A União Fraternal (ou Acordo), uma confissão de fé.

Com este documento o livre e espiritual movimento dos Irmãos Suiços foi moldado em um ordeiro e bem organizado movimento. Se esta reunião não tivesse acontecido naquela época o movimento anabatista poderia ter morrido bem como a visão de seus líderes. Agora, os anabatistas tem uma plataforma para resistir à perseguição sangrenta das nações cristãs, à calúnia bem escrita de seus oponentes do clero e do estado, e ao desvio de fanáticos tentando usar o movimento para seus próprios fins.

Texto extraído e traduzido de Purpose, February 6, 1977, pp. 4-5.
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Notas de Rodapé


1. JF Gerhard Goeters, (Ludwig Hatzer, espiritualista e Antitrinitariano, 1957, p. 94), defende a hipótese de que, quando esteve em Estrasburgo, Sattler ainda tinha alguma esperança de trabalhar junto com Bucer e Capito, ou seja, de conquistá-los e conduzir o movimento de reforma in loco em direção ao Anabatismo. Goeters sublinha que os vinte artigos de Estrasburgo diferem dos sete artigos de Schleitheim, principalmente porque os de Estrasburgo não reconhecem a necessidade de um gabinete pastoral, enquanto Schleitheim reconhece. Isso sugere que até o início de 1527 ainda havia esperança de acordo com os reformadores.

2. O testemunho mais antigo que explicita essa tradição está em um documento de Leopold Scharnschlager que cita o artigo VI sobre o governo (ARG, 1956, p. 212). Ver também H. Stricker, MGB, 21, 1964, p. 15.

3. Ian Kiwiet, Pilgram Marpeck, Kassel, 1957, pp. 43FF.; Cf. também Huntston George Williams, The Radical Reformation, Filadélfia, 1962, p.182, cf. abaixo p. 48, nota 33.

4. Veja abaixo pp. 126 e ss.

5. "Em Sete Artigos eles resumiram o que é contrário tanto a nós como aos papistas. . ." Calvin, Brieve Instruction, op. cit., p. 44.

Assim, foi muito adequado a Calvino tomar este texto como esboço de sua própria refutação. Zwinglio igualmente considera os sete artigos um esquema mais adequado para refutação, imediatamente após o recebimento do primeiro manuscrito de Berchtold Haller de Berna, ele respondeu longamente com uma carta, respondendo ponto por ponto, em 28 de abril de 1527 (Z, vol. IX, carta n º 610, p. 108), novamente o uso dos sete artigos em Zwingli's Elenchus testemunha seu caráter representativo. Não pretendemos aqui entrar no mérito destas refutações pelos Reformadores ou das diferenças entre eles, mencionamos aos textos de Zwinglio e Calvino apenas como elementos auxíliares na crítica textual.

6. Beatrice Jenny, Das Schleitheimer Tauferbekenntnis, Thayngen, 1951, p. 39.

7. Veja abaixo especialmente pp. 60, 127 e ss.

8. A ênfase é evidente especialmente nos parágrafos introdutórios da carta de cobertura de Michael Sattler. A referência a uma preocupação semelhante pode ser vista também nas negociações posteriores (abaixo pp. 108 ss). 149.170.172).

9. Zwinglio aponta para o mesmo perigo em seu posicionamento de dezembro de 1524, "Wer gibt Ursache zu Aufruhr" (Z, Ill, pp. 374 ss). A principal fonte de instabilidade social, diz Zwinglio, vem daquelas pessoas que interpretam mal a pregação do evangelho como um afrouxamento da voz das exigências morais. Este tema mais tarde se tornaria uma das discordâncias candentes entre anabatistas e o clero protestante. (cf. Harold Bender, "Walking in the Resurrection", MQR, XXXV, abril de 1961, pp. 96 Se.). A popularidade de ética contextual no protestantismo americano na década de 1960 testemunha que tal posição é completamente impensável nos círculos protestantes.

10. Cf. abaixo nota 39 mais uma referência a este tema.

11. Cf. nota 5.

12. Note above survey of printing, 13 f.

13. Z, VI, pág. 106. O tratado principal dele, Contra Catabaptistarum Strophas Elenchus, "Refutation of the Catabaptists' Knaveries" (1527), foi a palavra final de Zwinglio sobre a questão anabatista, o único escrito latino dele neste assunto. Além dos Sete Artigos refuta também o "confutation booklet", escrito talvez por Conrad Grebel e especificamente dirigido contra o próprio Zwinglio (Yoder, Gesprache, pp. 91 se.). O Elenchus está disponível em tradução inglesa; veja debaixo na nota 28.

O termo catabaptist usado aqui predominantemente por Zwinglio foi pedido emprestado de Oekolampad, mas não pegou, sendo substituído progressivamente por anabatista. O prefixo alemão "wider" pode significar "contra" ou "re"; assim o widertauff do título pode suportar três ou quatro possíveis significados: (a) anti-batismo no sentido de ser praticado em oposição ao batismo infantil tradicional; (b) anti-batismo no sentido de ser uma perversão ou uma paródia do verdadeiro sacramento; (c) re-batismo; (d) poderia significar "imersão" e até mesmo (kata - também"meios" "abaixo" ou "debaixo de"). Assun parece ter sido compreendido por Oekolampad. O uso de Zwinglio de "kata" é pretendido por preservar a força da polivalência no singificado de certas palavras da lingua alemã, com o acento no sentido da perversão (vide b acima). Cf. nota extensa explicativa de Fritz Blanke, Z, que VI, pág. 21, nota I.

14. CR, XXXV, p. 54.

15. James M. Stayer que escreveu sobre essa temática em "The Doctrine of the Sword in the First Decade of Anabaptism", Cornell PhD dissertation 1964, dá grande atenção ao desenvolvimento cronológico, detalhando-o em períodos " antes e depois do impacto de Schleitheim".

Clarence Bauman, Gewaltlosigkeit 1m Tiiufertum, Leiden, 1968, qualifica Schleitheim como "o documento mais importante desde a fundação do anabatismo" (p. 45).

Hans J. Hillerbrand, Die Politische Ethik des Oberdeutschen Tiiufertums, Leiden/Koln 1962, e "The Anabaptist View of the State" (MQR, XXXIL April IQ58, pp. 83 If.), dá pouca atenção ao aspecto do desenvolvimento cronológico e destaca textos posteriores e mais longos.

16. Blaupot ten Cate, Geschiedenis der Doopsgezlnden in Groningen, emz. 1842, L pp. 258 If., and Hulshof, Geschiedenls van de Doopsgezinden te Straatsburg van 1525 tot 1557, Amsterdam, 1905, p. 229. Esta é parte de uma carta que descreve a conferência anabatista principal em Strasbourg em 1557, um dos marcos principais da relação entre os anabatistas do sul da Alemanha e os Menonitas do Países Baixos. A carta foi traduzida para o holandês antes de 1587, e só foi preservado naquela versão.

17. Cf. nota 2 acima.

18. Z, VI, pp. 107-155. Vide tradução abaixo na nota 28.

19. UP SO.

20. The print identified above 13 as A.

21. The print identified above 13 as B.

22. Rudolf Wolkan, Geschichtsbuch der Hutterischen Bruder, Vienna, 1918, p. 42.

23. Josef Beck, Die Geschichtsbucher der Wiedertiiufer. . . ,Vienna, 1883, pp. 41 ff.

24. Lydia Muller, Glaubenszeugntsse Oberdeutscher Taufsgesinnten, Leipzig, 1938, p.37.

25. Primeira impressão em MQR, XIX, No.4, outubro de 1945, pp. 247 ff., and then in Wenger's Doctrines of the Mennonites, Scottdale, 1952; reproduced from Wenger by Harry Emerson Fosdick: Great Voices of the Reformation, New York, 1952; John H. Leith, Creeds of the Churches, Garden City, 1963; and Robert L. Ferm, Readings in the History of Christian Thought, New York, 1964, pp. 528 ff.

26. "Desta forma tão breve, tão clara, tão facil de assimilar, eles prestaram um serviço aos anabatistas de seu tempo e do porvir, pelo qual eles não podem ser suficientemente gratos. Certamente eles fizeram o que fizeram com toda simplicidade de coração, sem idéias de conquista mundial. Eles foram dirigidos por nenhuma outra meta a não ser a responsabilidade para com a igreja deles, de acordo com o que Deus queria para ela. Eles realmente não tiveram nada para ver com ideais elevados; pois eles definiram regras, prescrições e proscrições por meio das quais a igreja presente poderia seguir em frente e continuar o que haviam começado. Assim eles executaram um bom trabalho no interesse de um futuro ao qual eles quase nem imaginavam. Eles trouxeram firmeza e definição no movimento espiritual no qual eles tinham sido colocados. Eles o salvaram do perigo de se tornar uns caos de instabilidade, confusão, e idéias obscuras, de grupos flutuantes, fomentados por dez das mais variadas tendências, principalmente contraditórias, ainda [fossem] na maior parte (nem sempre) pessoas bem-intencionadas. Através de sua formulação desenharam as fronteiras de seu movimento e tornou possível que um companheirismo integrado, uma organização, modesta como era, viesse a existir. Através da criação de tais formas sólidas para o cristianismo original, a irmandade deles, Sattler e os anciões da mesma categoria dele preservaram o movimento da desintegração, o que ajudou nos dias sombrios de perseguição sangrenta, e garantiu-lhe um futuro. Não há uma única característica da 'União Fraternal' que não seja encontrada novamente mais tarde nos Irmãos Menonitas. Dificilmente há uma frase que não se repita". Cramer, Berna, V. 1909, p. 593. A primeira declaração de Cramer sobre o significado do Schleitheim é encontrado em seu artigo Mennoniten em RPTK vol. XII, p. 600.

A nossa própria estimativa da importância da reunião foi primeiramente indicada, independentemente da Cramer, em Gesprache, pp. 98 f.: "Que isso pudesse acontecer, que no decurso de uma reunião homens pudessem mudar suas opiniões e chegar à unidade, não é apenas uma raridade impressionante na história da Reforma, é também o mais importante evento em toda a história do anabatismo. Se não tivesse acontecido, o anabatismo de Grebel, Blaurock, Mantz e Sattler, teria morrido junto com seus fundadores. Mas assumiu uma forma viável e assumiu condições de resistir à licenciosidade dos fanáticos, a coação dos governos cristãos e o poder de persuasão dos pregadores".


Uma conclusão muito semelhante é feita por W. Kohler: "Não menos importante, o significado dos artigos Schleitheim foi a criação de uma ordem para as pequenas comunidades, que, em sua luta contra a igreja estabelecida poderia facilmente desintegrar-se na anarquia e no fanatismo". Flugschrlften, p. 285. Na ocasião da inauguração de um monumento a Sattler em 1957 na igreja da aldeia em Rottenburg, Dean N. van der Zijpp, então decano dos historiadores menonitas europeus, disse: "Sattler, como Menno Simons, não foi fundador, mas sim organizador dos anabatistas. Para ambos foi necessário liderar um movimento espiritual, vivo, fervoroso, profético, efervescente, para o caminho de uma igreja organizada. Para um movimento espiritual, como aquele em Zurique, em 1525-1526, não poderia continuar sendo 'movimento' se não estivesse disposto a enfrentar o perigo para não acabar em um grande mar de fanatismo. Sattler sabia muito claramente: o movimento tinha que ter forma, e ele lutou por uma forma que fixaria limites e ao mesmo tempo preservaria a liberdade. Ele escolheu como slogan 'a esgrima das Escrituras Sagradas', da mesma maneira que Menno Simons enfatizou o valor do texto bíblico, posteriormente. Esse, talvez, também corre perigo. Mas onde está o evangelho de Jesus Cristo estaria perfeitamente seguro entre nós, homens da terra?


"A ação de Sattler, como posteriormente a de Menno Simons, fixou o movimento anabatista em uma pedra sólida, sim, salvou a igreja". (Das Evangelium von Jesus Christus in der Welt:Vortrage und Verhandlungen der Sechsten Mennonitischen Weltkonferenz, Karlsruhe, 1958, p. 340).

27. Friedmann, op clt., "The Schleitheim Confession. . ." p. 82 If. Wenger, op clt., "The Schleitheim Confession of Faith" p, 243 ff. Fritz Blanke, "Beobachtungen zorn Altesten Tiiuferbekenntnis," ARG, XXXVII, 1940, pp, 242 If. ME, Vol. I, p. 447.
Heinrich Bohmer, Urkunden zur Geschichte des Bauemkrieges und der Wiedertaufer, De Gruyter, Berlin, 1933, pp, 25 If.

28. Samuel Macauley Jackson que traduziu o Elenchus de Zwinglio em Selected Works of Huldreich Zwingli (Philadelphia and New York, 1001) pp. 123-258, também traduziu de segunda mão os Sete Artigos em inglês. Jackson desconhecia a existência do original alemão e a importância histórica do documento. Ele apenas recorreu ao texto como "a confissão dos batistas" de Bernese. Esta provavelmente foi a primeira tradução inglesa do texto, desde que Calvino publicou sua "A Short Instruction" em Londres em 1549, incluindo apenas fragmentos do texto de Schleitheim. W. J. McGlothlin estava mais atento que Jackson acerca do significado do original alemão mas ainda desavisado da existência de várias impressões no Século XVI, reproduziu a tradução "Bernese Baptist" conforme Jackson tinha apurado do Elenchus, em sua Baptist Confessions of Faith, Philadelphia, 1911, pp. 3 If., de onde foi tomado por Wm. Lumpkin, Baptist Confessions, 1959, 22 ff.. A tradução por Wenger (veja nota 25) que em muito contribuiu para alertar os pesquisadores americanos sobre o significado de Schleitheim é o única tradução moderna antes da presente reedição.

29. Pierre Widmer and John Yoder, "Princlpes et Doctrines Mennonites," Brussels and Montbeliard, 1955, pp. 49-55.

30. Heinold Fast, Der linke Flugel der Reformation; Klassiker des Protestantismus, Band IV; Sammlung Dietrich, Bremen, 1962, pp. 60 If. Fast preparou também, a reedição definitiva do texto original, mencionada em Band II (Ost-Schweiz) de Quellen zur Geschichte der Taufer in der Schweiz, Zwingli-Verlag, Zürich, editors L.von Muralt and H. Fast.

31. Um conceito significativo no pensamento de Michael Sattler é o do Vereinigung, que, de acordo com o contexto, ser pode ser traduzido de muitas maneiras diferentes, no título o que significa "União", aqui na saudação pode ser traduzido mais naturalmente por "reconciliação" ou "expiação", mais tarde, no texto, na forma passiva do particípio, significa "ser conduzido à unidade". Assim, a mesma palavra pode ser utilizada para a conciliação na obra de Jesus Cristo, para o procedimento pelo qual os irmãos chegam a um pensamento comum, para o estado de concordância em que se encontram, e para o documento que determina o acordo a que chegaram. H. Fast sugere que aqui, em conexão com "o sangue de Cristo", o significado pode ser "comunhão"; conforme 1 Cor, 10:16.

32. Ou, literalmente, "ordenado"; a proposição de J. C, Wenger, "se espalhou por todos os lugares conforme ordenado por Deus, nosso Pai" é uma boa paráfrase se "ordenado" puder ser entendido sem conotação sacramental ou predestinativa.

33. Este termo "estrangeiros" foi interpretado por Cramer Berna, 605, nota 1, em um sentido geográfico ou político, referindo-se a não-suíços. Kiwiet, op. CLT., p. 44, concebe o mesmo significado mas vai mais longe dizendo que os anabatistas suíços quebraram a comunhão com os alemães. Mas esse entendimento é impossível por várias razões:

Em 1520 não era tão forte assim o senso de identidade nacional, dividido em claras linhas geográficas; Sattler e Reublin, líderes na reunião, não eram suíços;

Os libertinos a que Schleitheim se referia, embora Denck (ou Bucer) pudessem ser incluídos, eram (se anabatistas) certamente em sua maior parte suiços, ou seja, os entusiastas de St. Gall (H. Fast "Die Sonderstellung Taufer der em St. Gallen e Appenzell, "Zwlngllana XI, 1960, pp. 223ff.), e Ludwig Hatzer.

Este termo tem uma referência bem diferente, é uma alusão a Efésios. 2:12 e 19, comprovando o efeito conciliador do Evangelho em homens anteriormente alienados pela incredulidade.

34. "Dirigir" e "ensinar" têm como objeto "o mesmo", isto é, a "obra de Deus parcialmente iniciada em nós". paráfrase de Wenger, "dirige a mesma e (nos) ensina" é mais suave, mas enfraquece a imagem impressionante da "obra de Deus" no homem que pode ser "parcialmente iniciada", "proclamada", "dirigida" e "ensinada". Há, no entanto, motivo para Bohmer conjecturar que originalmente pode ter sido usada a palavra keren (guiar) ao invés de leren (ensinar).

35. "Langer Randen" e "Hoher Randell, são colinas com vista para Schleitheim e não, como um leitor moderno poderia pensar, uma referência ao fato de Schleitheim ser próxima da fronteira (no mundo político contemporâneo).

O original diz "Schlaten am Randen". Uma meia dúzia de aldeias no sul da Alemanha suportará nomes como Schlat, Schlatt, ou Schlatten. Uma delas, perto de Engen em Baden, também é identificada como "am Randen", e até recentemente alguns acreditavam ser ali o local de origem dos sete artigos. As provas, agora geralmente aceitas, com relação a Schleitheim perto de Schaffhausen, são facilmente encontradas:

JJ Riiger, um cronista de Schaffhausen, escrevendo por volta de 1594, identifica Schleitheim com os sete artigos. No dialeto local, o equivalente a "ei" no modemo alemão é longo como em Schlaten, ao passo que em outras aldeias Schlatten ou Schlat tem um "a" curto; Sendo sujeita a jurisdições sobrepostas e, portanto, difícil para a polícia, com Klettgau e Schleitheim em sua borda, era relativamente segura e acessível para os anabatistas e, assim, mais um ponto de encontro ligando os principais centros na Alemanha, e no sudoeste e nordeste da Suíça. Esta foi a primeira área onde W. Reublin, amigo de Sattler, esteve ativo após sua expulsão do Zurique no início de 1525. Esta situação jurídica continuou ao longo do século; O prof F. Blanke analisa a questão do lugar em Z, VI, pp. 104 f.; também o faz Werner Pletscher, "Wo entstand das Bekenntnis von 1527?" MGB, V, 1940, pp. 20 f.

36. Segundo Bohmer, uma linha de impressão foi deslocada na impressora. O texto parece dizer literalmente, " fomos montados em pontos e artigos". O verbo aqui é novamente "verelnlgt". Na tradução de Wenger, "somos uma só mente permanecendo no Senhor" é a melhor paráfrase, mas sacrifica a construção passiva verbal que é importante para o escritor. "Os pontos e artigos" podem muito bem permanecer no resto da frase, no texto original: "fomos unidos em pontos e artigos" ou "manter-se firme no Senhor nestes pontos e artigos".

37. Começando com os parênteses "(louvor e glória a Deus somente)", as frases de encerramento do presente número não se refere simplesmente a uma determinação comum para ser fiel ao Senhor, mas muito mais especificamente à experiência real em Schleitheim e o sentido de unidade (Verelnlgung) que os membros portaram no decorrer da reunião. "Todos os irmãs sem contradição" é a descrição formal e "completamente em paz" é a definição subjetiva deste senso de orientação do Espírito Santo. Zwinglio considerou a menção "nós viemos juntos" como a prova de culpa, sectarismo e do caráter conspiratório do anabatismo (Elenchus, Z, VI, p. 56).

38. 1 Coríntios. 14:33.

39. Ds. HW Meihuizen respondeu recentemente com grande eficácia a questão: "quem eram os 'falsos irmãos', mencionados nos artigos Schleitheim?" (op. CLT., pp. 200 e ss.). O método de Meihuizen coloca na cena da Reforma anabatistas de todos os matizes, bem como reformadores, especialmente aqueles em Estrasburgo que Sattler havia deixado recentemente. Comparando as posições teológicas conhecidas destes homens com as declarações de Schleitheim, Meihuizen conclui que Schleitheim deve ter sido dirigida contra Denck, Hubmaier, Hut, Hiitzer, Bucer e Capito. É possível concordar com esta descrição das posições em questão, sem ser convencido que a reunião era claramente dirigida contra alguns homens em particular que especificamente não foram convidados. Se há alguém se enquadra aí, este provavelmente seria Hiitzer com quem Sattler estivera há pouco em Strasbourg, e que era o único deles que poderia ser acusado de tendências libertinas. Para o presente propósito, ou seja, a fim de compreender o significado deste documento, basta ser claro a partir da evidência interna (de acordo com Meihuizen):

Que algumas pessoas previamente ligadas a algumas das posições condenados estavam presentes em Schleitheim a fim de serem participantes do evento e de "serem trazidos à unidade", os "falsos" irmãos mencionados na carta secreta não eram apenas os Reformadores do estado-igreja, pelo menos alguns deles estavam dentro do Anabatismo;

Que a ênfase maior nos sete artigos recai sobre os pontos de separação teológica final da reforma: o batismo, a relação entre a proibição e a ceia, a espada, e o juramento. Aqui a lista é tão paralela ao documento a partir de Estrasburgo, que se supõe que Sattler possa ter desenvolvido seu esboço quando ele ainda estava em Estrasburgo;

Que, na justaposição da carta de apresentação e os sete artigos, Sattler afirma uma articulação interna entre as posições dos anabatistas marginais e espiritualistas, que diferia das de Zürich Schleitheim, e dos reformadores evangélicos.

40. H.W. Meihuizen lê a frase "para sua própria condenação" no sentido de que a assembléia Schleitheim tomasse medidas para excomungar os libertinos aos quais o texto se refere. "The Concept of Restitution in the Anabaptism of Northwestern Europe", MQR, vol. XLIV, abril 1970, p. 149. Isso não é possível. O verbo "ergeben" refere-se ao abandono à lascívia libertina, não à ação anabatista. Para que a interpretação de Meihuizen prevaleça deve-se omitir os parênteses presentes no original.

41. "Glieder" (membros) em alemão tem apenas o significado relacionado com a imagem do corpo, o tom de "pertinência" de um grupo, o que torna a frase "os membros de Deus" incomum em português, não está presente no original.

42. Gal. 5:24.

43. O uso da primeira pessoa do singular aqui é a demonstração de que a carta de apresentação foi escrita, provavelmente após a reunião, por um indivíduo.

44. Esta é a conclusão da carta introdutória e do estilo epistolar. A "carta de apresentação" não está no manuscrito de Berna, e os sete artigos provavelmente circularam na maioria das vezes sem ela.

45. Com uma exceção, cada artigo começa com a mesma utilização da palavra "vereinigt" como particípio passivo, a qual nós reproduzimos assim literalmente como uma lembrança do significado de "Vereinigung" para Sattler.

46. Aqui a versão impressa identifica as seguintes passagens das Escrituras (dando apenas o número do capítulo): Mt. 28:19; Mc. 16:6; Atos 2:38, Atos 8:36, Atos 16:31-33; 19:4.

47. Nachwandeln, a andar depois, é a aproximação mais íntima do texto de Schleitheim ao conceito de discipulado (Nachfolge), que mais tarde se tornou especialmente corrente entre os anabatistas.

48. Duas interpretações desta frase são possíveis. "Ser flagrado inadvertidamente" poderia ser uma descrição de cair em pecado, em paralelo com a anterior expressão "de alguma forma escorregar e cair". Isto significa que o pecado é para o discípulo de Cristo, em parte, uma questão de ignorância ou desatenção. Cramer, Berna, p. 607, nota 2, e Jenny, p. 55, busca explicar que todo o pecado é de alguma forma involuntário, isto é, que, no momento da decisão o pecador é enganado e não está plenamente consciente da sua gravidade. Calvin (por alguma razão baseado na tradução francesa) explica essa passagem dizendo que os anabatistas diferenciavam pecados perdoáveis e imperdoáveis, com apenas os inadvertidos sendo motivo da preocupação conciliadora da congregação. Ou a referência pode estar ligada à maneira como a pessoa culpada foi descoberta.

49. A versão impressa insere "ou banido".

5O. Esta referência a Mt. 18 é a única referência na Escritura aos primeiros textos manuscritos. "Regra de Cristo" ou "Comando de Cristo" é uma designação comum para este texto, Cf, J. Yoder: "ligar e desligar". Concern 14, Scottdale, 1967, esp. pp. 15. Se, outras citações das Escrituras identificadas nas notas de rodapé não estão marcadas no texto, a citação abundante da linguagem bíblica sem interesse em indicar a fonte da citação é uma indicação da fluência com que os anabatistas manejavam o vocabulário bíblico e é, provavelmente, provavelmente também é uma indicação de que eles pensavam nesses textos enquanto expressão de uma verdade significante em vez de "textos de prova".

51. Neste ponto, Walter Kohler, o editor da versão impressa, sugere a passagem de Mt. 5:23. Se "a ordenação do espírito" refere-se especificamente a "antes de partir o pão" e significa apontar para um texto da Escritura, esta poderia ser uma provável; ou 1 Coríntios 11 poderia ter sido aludida, mas "ordenação do espírito" não é a maneira usual com que os anabatistas se referem a uma citação da Bíblia, a frase pode significar também um convite a uma atitude pessoal e flexível, guiada pelo Espírito Santo, na ênfase pela reconciliação.

52. Este é o único ponto em que a palavra "vereinigt" não é utilizada no início de um artigo, presumivelmente porque ocorre mais tarde na mesma frase.

53. Vereinigt: aqui a palavra não tem nenhum dos sentidos detalhados acima, mas aponta para outro, para a obra de Deus na constituição da unidade da Igreja Cristã.

54. 1 Coríntios 10:21, alguns textos tem aqui "São Paulo".

55. A maior parte do debate ecumênico sobre a validade dos sacramentos focaliza tanto o status sacramental do oficiante como o entendimento doutrinário do significado dos emblemas. Convém salientar que a compreensão dos anabatistas da comunhão não se refere ao sacramento mas aos participantes. Não é invalidada por um oficiante não autorizado ou por um conceito insuficiente sobre o sacramento, mas pela ausência de uma verdadeira comunhão entre os presentes.

56. Observe a mudança de "mundo" para "eles". "O mundo" não é discutido independente das pessoas que constituem a ordem regenerada.

57. 2 Cor.6: 17.

58. Rev. 18:4. Alguns textos lêem "que o Senhor pretende trazer sobre eles".

59. Vereinigt.

60. A versão impressa acrescenta "e fugir".

61. O prefixo mais amplo pode significar tanto "contra" como "pró" (o moderno wieder). Ambos os significados são obviamente aplicáveis tanto às igrejas da Reforma de Estrasburgo como às das cidades suíças, ambas são anti-papistas (tendo quebrado com a comunhão romana) e pró-papistas (tendo mantido ou reintegrado certas características do catolicismo). As traduções anteriores preferiram registrar como "papista e anti-papista", mas outra leitura traz uma maior agudeza de sentido, e é apoiada pela tradução de Zwinglio. Assim, a alegação de que as novas igrejas protestantes são em alguns pontos cópias do que havia de errado com o catolicismo é já um dado adquirido no início de 1527.

62. Gazendienst. O manuscrito de Berna e as primeiras impressões registram Gottesdienst ("adoração"); mas Zwinglio, que tinha outros manuscritos, traduziu como" idolatria". Uma vez que as duas palavras se referem à freqüência na igreja, "idolatria" é menos redundante. "Idolatria" era uma designação corrente em todo o movimento Zwingliano para com as estátuas e imagens no culto católico.

63. Ktlchgang, que literalmente significa freqüência à igreja, não tem dimensão de congregação para ele, mas refere-se a conformidade com padrões estabelecidos por todos aqueles que, embora talvez simpatizando com os anabatistas, ainda evitavam qualquer censura pública sendo vistos regularmente nos cultos da igreja estado.

64. O manuscrito de Berna registra "Bürgschaft", ou seja, uma garantia de segurança ou apoio a uma promessa, e pertence à esfera econômica e social. Se a "descrença" aqui se refere a uma falta de sinceridade, então as "garantias e compromissos de 'incredulidade' significaria questões como a assinatura de notas e hipotecas e depoimentos em questões de boa fé. Martinho Lutero declarou fortemente que tais garantias, mesmo em boa fé, eram não só imprudentes, como também imorais, uma vez que o fiador se coloca no lugar de Deus". ("Sobre o comércio e usura, 1524, em Works of Martin Luther, Muhlenburg, Filadélfia, 1001, vol. IV, pp. 9 Se. ). Seu argumento é, portanto, muito paralelo ao dos anabatistas sobre o juramento. Uma perspectiva mais provável é que "descrente" é sinônimo de "mundano", uma referência a guildas e clubes sociais. Zwinglio traduz com foedera, "convênios". Bullinger confirma essa interpretação por repreender os anabatistas quanto ao comprimento (Von dem unverschampten frafel..., Pp. Cxxi para cxxviii) pela sua oposição às associações e sociedades (pundtnussen gselschafften und), à concórdia e à amizade (Vertrag fruntschafft unnd) com os incrédulos, e à alegria temporal (Froud zytliche zymliche). O texto impresso mais tarde mudou para Bürgschaft Bürgerschaft (cidadania), que é menor, no lugar do art. IV. Em abril 1527 Zwinglio não tinha certeza do que aquilo significava, mas inclinou-se a "servir como fiador" (Z, IX, p. 112); em agosto, quando ele escreveu o Elenchus ele interpreta isso como "cidadania", talvez referindo-se aos anabatistas pela recusa em cumprir o juramento do cidadão. Mas se Bürgerschaft deve significar a cidadania, os "compromissos da incredulidade" ainda devem significar algum tipo de envolvimento, jurídica, econômico ou social com os infiéis (Z, VI, p. 121). Lc. 16:15, a referência a "abominações" pode ser aludida.

65. A versão impressa acrescenta: "sem dúvida".

66. A versão impressa consta "e anticristão".

67. Mt. 5:39.

68. 1 Tm. 3:7. Os intérpretes não são claros sobre onde repousa o foco do art. V. Seu primeiro impulso é proclamar o pastor como uma pessoa moralmente digna, ou seja, há uma crítica à prática de nomear-se em razão de sua educação ou conexões sociais sem levar em conta sua estatura moral. A tradução de Zwingli move o foco por traduzir "o pastor deve ser um da congregação", ou seja, não alguém de outro lugar. Era do conhecimento de Zwinglio que os anabatistas rejeitavam a nomeação de um ministro de uma paróquia para o conselho de uma cidade distante, e ele deixou tal conhecimento influenciar sua tradução.

69. A versão impressa acrescenta, "para conduzir os irmãos e irmãs em oração, para começar a partir do pão...."

70,1 Coríntios. 9:14.

71. A mudança no número aqui de "pastor" para "se eles pecarem" é explicada pelo fato dessa frase ser uma citação de 1 Tm. 5:20.

72. "Cruz" é já por esta altura um clichê muito claro ou "termo técnico" designativo de martírio.

73. Talvez "instalado" seria menos inclusivo ao mal sacramental. Verordnet não tem nenhum significado sacramental.

74. "Lei" aqui é uma referência específica ao Antigo Testamento. Significativamente o verbo aqui não é verordnet mas apenas geordnet, transmitindo mais um sentido de permanência ou da instituição divina específica. Deve-se notar que em toda essa discussão "espada" refere-se à competência judiciária e policial do Estado, não há nenhuma referência à guerra no art. VI, há uma breve no IV.

75. "Sem a morte da carne" é uma leitura clara do manuscrito mais antigo. Zwinglio, no entanto, entendeu "em direção à entrada para a morte da carne", uma possível alusão a 1 Cor. 5; a diferença no original é apenas entre a e o.

76. Mt. 11:29.

77. In. 8:11.

78. Jn. 8:22.

79. Ltc:. 12:13.

80. Duas interpretações são possíveis para "não discernir a ordem de Seu Pai". Isso pode significar que Jesus não respeita, como sendo uma obrigação para ele, o serviço no estado no ofício de rei, embora a existência do Estado seja uma ordenança divina. O mais provável seria a interpretação que Jesus avaliou a ação das pessoas que queriam fazê-lo rei como não provocada (ordenada) por Seu Pai.

81. Mt. 16:24.


82. Mt. 20:25.


83. Rom. 8:30.


84. 1 Ped. 2:21.


85. Fil. 3:20.


86. Aqui a versão impressa acrescenta Mt. 12:25: "Pois todo reino dividido contra si mesmo será destruído". A referência se solidariza com Cristo como Cabeça ecoa diretamente os pontos 4 e seguintes da carta de Estrasburgo.


87. Mt. 12:25.


88. Mt. 5:34-37.


89. Heb. 6:7 ss.


90. Mt. 5:35.


91. A tradução de Zwinglio contem um argumento aqui: "Se é ruim jurar, ou até mesmo usar o nome do Senhor para confirmar a verdade, então os apóstolos Pedro e Paulo pecaram, porque juraram".


92. Lc. 2:34.


93. A diferença entre o "ensinado" e "diz que" está no original, que resulta do fato de as referências bíblicas estarem sempre no presente: "Cristo diz", Paulo diz", "Pedro diz".


94. Isto conclui o artigo Sete.


95. Vereinigt.


96. A segunda referência a 2 Coríntios. 6: 17.


97. Tit. 2:11-14.


98, 24 de fevereiro.


99. Este documento não tem título, o título escolhido aqui reflete o rótulo dado na (moderna) tabela de conteúdo do volume de materiais de arquivo UP 80 no Arquivo do Estado de Berna. Nenhuma tradução completa para o Inglês foi publicada; o texto foi desenvolvido por Delbert Gratz, Bernese anabaptists, Scottdale, 1953, p. 25, e por Robert Friedmann, MQR, 1955, p. 162. Jean Séguy publicou uma tradução e comentários no Cristo Seul (Jornal dos menonitas franceses) No.1 (p. 13) e N º 2 (p. 5), 1967. O texto parece ser idêntico a cópia dos sete artigos, de modo que pode-se presumir que circularam juntos e foram concebidos simultaneamente. (Cf. p. 32.)

100. Pode significar: "na providência de Deus, a Palavra é pregada para nós", segundo a qual "Ordnung" remete para as obras de Deus em realizar a Reforma e a pregação do evangelho, ou "a Palavra de Deus é pregada de acordo com o padrão divino", com a ênfase no redescobrimento do verdadeiro legado divino na ordem da igreja. O seguinte "segundo a qual" pode, portanto, se referir à pregação ou à ordem correta.


101. In 1. 2:8.

102. "Sich ben": talvez inclua um elemento de aprendizagem mecânica da narrativa do evangelho e do ensino, uma vez que a alfabetização e a posse de Bíblias era rara.

103. "Ler" inclui exposição. "Leituras" foi um dos primeiros nomes dados às reuniões de estudo realizadas em Zurique e St. Gall, antes da fundação das congregações anabatistas.

104. "Aquele a quem Deus deu o melhor entendimento deve explicar isso" pode significar que, para cada passagem em particular, quem entende o seu significado deveria falar. Então, teríamos um retrato de uma reunião com uma liderança assente, sem nenhum papel de controle por parte do "pastor" mencionado no Artigo V. Então, pode-se inferir, como faz Jean Séguy, que este texto testemunha um tempo antes das decisões de Schleitheim, quando congregações funcionavam sem um líder nomeado. É, no entanto, também possível que "aquele a quem Deus deu o melhor entendimento" possa ser um circunlóquio para um líder reconhecido espontaneamente no grupo local.

105. Esta "leitura" pode muito bem ser recitação mecânica. Esta referência ao Saltério é uma das raras referências anabatistas primitivas a exercícios devocionais não-congregacionais. Pode ser mais um traço (veja acima p. 23, nota 19) de uma herança do monasticismo.

106. 1 Tm. 2:8.

107. Mt. 18: IS, cf. nota acima.

108. O fundo comum é visto aqui como uma bolsa especial para necessidades específicas, não como um comunismo total de consumo, tal como foi estabelecido, não muito tempo depois na Morávia. É significativo que o anabatista não-huterita também considerasse seguir o exemplo econômico dos primeiros cristãos de Jerusalém.

109. Rom. 14:17. A suposição de que a congregação que se reúne freqüentemente em torno de uma simples refeição pode estar ligada a sua evasão de clubes sociais e corporações (acima, p. 38, art. IV.

110. A Ceia do Senhor, especificamente identificada como tal, é evidentemente distinta das demais refeições, embora ambas fossem praticadas tão freqüentemente quanto quando os irmãos se encontravam. (Cfr. Art. 1).



Endereço do texto original em alemão: http://www.museum-schleitheim.ch/bekenntnis/artikel1.htm


Em inglês:
http://www.mcusa-archives.org/library/resolutions/schleithiem/sword.html
http://www.cresourcei.org/creedschleitheim.html e
http://www.anabaptists.org/history/schleith.html


(*) Esta tradução está incompleta e longe de ser definitiva, portanto, qualquer contribuição dos leitores no sentido de melhorá-la será muito bem vinda.

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Texto original em alemão

Brüderlich vereinigung etlicher Kinder Gottes / sieben artikel betreffend.

Item, ein Sendbrieff Michaels Sattlers / an ein gemein Gottes / sampt kurzem / doch wahrhafftigen anzeig / wie er seine leer zu Rottenburg am Necker / mit seinem blut bezeuget hat Freud / fried / und barmherzigkeit / von unserem Vater / durch die vereinigung des blutes Christi Jesu / mit sampt den gaben des Geistes / der vom Vater gesend wird / allen Gleubigen zu sterke und trost / und bestendigkeit in aller trübsal / bis an das ende / Amen. Sey mit allen liebabern Gottes / und Kindern des Liechtes / welche zerstrewt sind / allenthalben / wo sie von Gott unserem Vater verordnet sind / wo sie versamlet seind einmütiglich / inn einem Gott unnd Vater unser aller / Genade und fried im Herzen sey mit euch allen / Amen.

Lieben in dem Herren / Brüder und Schwestern / Uns ist alwege zum ersten und fürnemsten angelegen / Ewer trost und versicherung eweres Gewissens / welches etwan verwirret was / da mit ir nicht immer als die auslendigen von uns gesondert würden / und schier vast ausgeschlossen nach billigkeit / sondern das ihr euch widerumb wenden möchten zu den waren eingepflanzten gliedern Christi / die da gerüstet werden durch gedültigkeit / und erkennung sein selbs / und also widerumb mit uns vereinbart würden in der krafft eines Göttlichen Christlichen Geists und eifers nach Gott.

Es ist auch offenbar / mit was tausent listigkeit der Teuffel uns abgewendet hab / damit er inen das werck Gottes / welches inn uns zum theyl barmherziglich und gnediglich angehebt ist worden / zerstöre unnd zu boden richt. Aber der trewe Hirt unser Seelen Christus / der solchs angehabé hat in uns / der wird dasselbe bis an das ende richten und leren / zu seiner ehr und unserm heil / Amen.

Lieben Brüder und Schwestern / wir / die da versamlet sind gewesen im Herrn / zu Schlaten am Randen / mit einander in stücken und artickeln / thun kunt allen liebabern Gottes / das wir vereinigt sind worden / So uns betreffen im Herre zu halten / als die gehorsamen Gottes Kinder und Söne und Töchtern / die da abgesondert sind / und sollen sein von der welt / in alweg thun und lassen / und Gott sey einig preis un lob / ohne aller Brüder widersprechen ganz wol zufrieden. In solchem haben wir gespüret die einigkeit des Vatters / und unsers gemeinen Christi / mit irem geist mit uns gewesen sein / Dann der Herr ist der Herr des friedes und und nit des zancks / wie Paulus anzeygt, Das ir aber verstanden /in was artickeln solchs geschehen sey /sollen ir mercken und versthon.

Es ist von etlichen falschen brüdern unter uns grosse ergernis ein gefürt worden / das sich etlich von dem Glauben abgewendedt haben / in dem sie vermeint haben / die freyheit des Geystes unnd Christi / sich uben unnd brauchen / solche aber haben gefehlet der wahrheit / unnd seindt ergeben worden (zu irem urtheil) der geylheyt unnd freyheyt des fleisches / und haben geachtet / der glaub und lieb mög es alles thun und leiden / und inen nichts schaden noch verdamlich sein / dieweil sie also glaubig seyen.

Merckent ir glieder Gottes in Christo Jesu / der glaub an himelischen Vater /durch Jesum Christum ist nicht also gestalt /wircket und handelt nicht solche ding / so diese falsche brüder und schwestern handelen und leren / hüten euch und seint gemant vor solchen / dann sie dienen nicht unserm Vater /sonder irem Vater dem Teuffel.
Aber ir nicht also / dann die da Christi seint / die haben ir fleisch gecreuziget mit sampt allen gelüsten und begierden / ir verstan mich wol / unn die brüder welche wir meynen / Absonderteuch von inen / denn die sie sind verkehrt. Bittend den Herren umb ire erkantnus zur busse / und uns umb bestendigkeit / den angegriffnen weg führt zu wandeln / nach der Ehr Gottes / und seines Sons Christi / Amen.

Die artickel so wir gehandelt haben/ unnd in denen wir eins worden / sein diese.
1.Tauff. 2.Ban. 3. Brechung des Brots. Absunderung von greweln. 5. Hirten in der gemeyn. 6. Schwert. und der 7. Eyd. Zum ersten / So mercked von dem Tauffe.

Der Tauff folg geben werden allen denen so gelernt seind die bus unnd enderung des lebens / unnd glauben in der warheit / das ire sünd durch Christum hinweggenomen seyen / un allen denen / so wöllen wandeln in der aufferstehung Jesu Christi / auff das sie mit im auffestehn mögen /und allen denen so es in solcher meynung von uns begeren und fordern / durch sich selbs. Mit dem werden ausgschlossen alle kinder tauff / des Bapsts höchste und erste grewel. Solches habt ir grund unnd zeugnus der Schrift / un brauch der Apostel / Matt. 27. Marc.16. Art.2. 8. 16. 19. Des wöllen wir uns eynfaltiglich / doch festiglich / halten und versichert seyn.

Zu andern / Seind wir vereiniget worden von dem Bann / also / Der Bann sol gebrauch werden mit allen denen / so sich dem Herrn ergeben haben / nachzuwandeln in seinen geboten / und mit allen denen / die in einem leib Christi getaufft sein worden / und sich lassen brüder oder schwester nennen / und doch etwan entschlipffen / unnd fallen in ein fal und sünd / und unwissentlich uber eilt werden. Die selben sollen vermant werden zum andernmal heymlich / und zum drittemal offentlich / vor aller gemeyn getrafft oder gebant werden nach dem befehl Christi / Matth. 18. Solches aber sol geschehen nach ordenung des Geist Gottes vor dem brotbrechen / damit wor einmütiglich und in einer liebe von eynem brotbrechen unnd essen mögen / unnd von eynem Kelch trincken.

Zum dritten / In dem Brodbrechen seind wir eynes worden und vereinbaret / Alle die ein Brodbrechen wollen / zur gedechtnus des brochnen Leibes Christi / Unnd alle die von einem tranck trincken wollen zu einer gedechtnus / des vergossenen blutes Christi / die sollen vorhin vereiniget sein in einem leibe Christi / das ist / in die Gemeine Gottes / auff welchem Christus das Haupt ist / nemlichen /durch den Tauffe / Dann wie Paulus anzeiget / so mögen wir nicht auff einmal teilhaftig sein des HERREN Tisch unnd der Teuffel Tisch / Wir mögen auch nicht auff einmal theilhfftig sein / und trincken von des HERRN Kelch / und des Teufels kelch / das ist alle die gemeinschaft haben mit den todten wercken der finsternus / die haben kein theil am liecht /also alle die dem Teuffel folgen und der welt / die haben kein theil mit denen die zu Gott aus der Welt beruffen seyn / alle die in dem argen ligen / die haben kein theil an dem guten.

Also auch sol und mus seyn / welchen nicht hat die beruffung eins Gottes zu einem glauben / zu einem Tauff / zu einem Geist / zu einem Leib / mit allen kindern Gottes gemein / der mag auch nit mit ein ein Brot gemacht werden / wie denn seyn mus / wo man das Brot in der warheit / nach dem befelch Christi brechen will.
Zum vierden / seind wir vereyniget worden von der absunderung. Sol geschehen von dem bösen und dem argen / das der Teuffel in der Welt gepflanzt hat / also /allein das wir nicht gemeinschaft mit inen haben / unnd mit inen lauffen in die gemenge irer greuweln / das ist also/ Dieweil alle (die nit getretten seyn / in die gehorsam des glaubens / und die gehorsam des glaubens / und die sich nicht vereynigt haben mit Gott / as sie seinen willen thn wollen) ein grosser grewel vor Gott sein / so kann und mag anders nicht von inen wachsen oder entspringen dann grewlich ding. Nun ist je nichts anders in aller creatur /dann guts und böses / glaubig unnd unglaubig finsternus unnd liecht / Welt / und die aus der Welt sind / Tempel Gottes und die Götzen / Christus und Belial / und keynes maf mit dem andern theyl haben.
Nu ist uns auch das gebot des Herrn offenbar / in welchem er uns heist abgesundert sein und werden von dem bösen / so wöl er unser Gott sein / und werden wir seine Söne und töchter sein..

Weiternvermant er uns daurmb von Babylon / und dem irdischen Egypto auszugon / das wir nicht auch theyhafftig werden irer qual / und leiden / so der Herr uber sie füren würt..

Aus dem allem sollen wir lerne das alles / was it mit unserm Gott unnd Christo vereyngt ist nichts anders sei / Dann die grewel / welche wir meiden sollen und fliehen. In dem werden vermeint alle Bepstlich unnd widerbepstliche werck / und Gottes dienste / versamelung / kirchgang / Weinheuser / Burgerschafften / und verpflichtung des unglaubens / unnd andere mehr der gleichen / die dann die welt für hoch helt / und doch stracks wider den befelch Gottes gehandelt werden / nach der mas aller ungerechtigkeiten / die in der welt ist. Von diesem allem sollen wir abgesundert werden / und kein theil mit solchen haben / dann es sein eitel grewel / die uns verhasset machen vor unserem Christo Jesu / welcher uns entledigt hat von der dienstbarkeit des Fleisches / unnd uns gschickt gemacht dem dienst Gottes durch den Geist / welchen er uns geben hat.

Allso werden nu auch von uns angezweifelt die unchristlichen / auch teuffelischen waffen des gewalts fallen / als da seint Schwert / Harnasch /und dergleichen / und aller irer brauch für freunde / oder wider die Feind / in krafft des worts Christi / Ir söllend dem ubel nit widerstan.

Zum fünften / seind wir vereyniger worden von den Hirten in der gemein Gottes also Der Hirt in der gemein Gottes sol einer sein nach der ordnung Pauli / ganz und gar der ein gut zeugnus hab / von denen die ausser dem glauben seind. Solches ampt sol sein lesen / vermanen und leren / manen / straffen / bannen / in der gemein / und allen Brüdern und Schwestern zur besserung vorbeten / das Brot anheben zu brechen / und in allen dingen des Leibs Christi acht haben / das er gebawr unnd gebessert wird / und dem lesterer der Mund werde verstopfft.

Dieser aber sol erhalten werden / wo er mangel haben würd / von der gemein welche in erwehlt hat / damit welcher dem Evangelio dienet / von demselben auch lebe / wie der Herr verordnet hat. So aber ein Hirt etwas handlen würd / das zu straffen were / soll mit im nichts gehandelt werden on zween oder dreyen zeugen / Und so sie sünden / sollen sie vor allen gestrafft werden /damit die anderen forcht haben.

So aber dieser Hirt vertrieben / oder durch das creuz dem Herrn hingefürt würd / soll von stundan ein anderer an die stat verordnet werden / damit das Völcklein un heufflein Gottes nich zerstört werden.

Zum sechsten sein wir vereiniget worden von dem Schwert /also / Das Schwert ist ein Gottes ordnung / ausserhalb der volkomenheit Christi / welches den Bösen straffet unnd tödtet / und den Guten schützet und schirmet. Im Gesatz wird das Schwert geordnet / uber die Bösen zur Straffe / und zum todt / und dasselbige zubrauchen / sind geordnet die weltlichen Oberkeiten.

In der volkomenheit Christi aber / wird der Bann gebraucht / allein zu einer manung und ausschliessung des der gesündet hat on todt des fleisches / allein durch die manung und den befelh / nicht mehr zu sündigen.

Nu wird gefragt von vielen / die nicht erkennen den willen Christi / die nicht erkennen den willen Christi möge oder sol das Schwert brauchen / gegen dem bösen / umb des guten Schutz und schirm willen / oder umb der liebe willen:

Antwort ist offenbart einmütiglich also / Christus lert und befilcht uns / ds wir von im lernen sollen / dann er sey milt / und von herzen demütig / und so werden wir rhu finden unser Selen.. Nun saget Christus zum Heidnischen Weiblin / das im Ehebruch begriffen worden was / nicht das man es versteinigen solt / nach dem Gesatze seines Vaters (und er doch saget / Wie mir der Vater befohlen hat / also thu ich ) sonder der barmherzigkeit und verzeihung / und manung / nicht mehr zu sünden / und sprich / gang hin / unnd sünde nit mehr / Solches sollen wir uns genzlich auch halten / nach der Regel des Bannes.

Zum andern wirt gefragt / des Schwerts halben / Ob ein Christ sol urtheil sprechen in weltlichen zanck und spen / so die ungleubigen mit einander haben: Ist das die eynige antwort Christus hat nicht wöllen entscheiden oder urtheilen zwischen Brüder des erbtheils halben / sonder hat sich desselben gewidert / also sollen wir ihm auch thun.

Zum dritten / wird gefragt des Schwerts halben / Soll das ein Oberkeit sein / so einer dazu erwehlt wirt: Dem wirt also geantwort / Christus hat sollen gemacht werden zu einem König / und er ist geflohen / und hat nicht angesehen die ordnung seines Vaters / also sollen wir im auch thun / und im nachlauffen / so werden wir nicht in der finsternus wandeln/ dann er sagt selbs / welcher / nach mir kommen wöl / der verleugne sich selbs / und neme sein creuz auff sich und folge mir nach. Auch verbeut er selbst / den gewalt des schwerts und sagt / Die weltlichen Fürsten herrschen / etc. ir aber nit also. Weiter sagt Paulus / Welche Gott versehen hat / die hat es auch verordnet / das sie gleichherrig sein sollen dem ebenbild seins Sons / etc. Auch sagt Petrus / Christus hat gelitten / nit geherschet / und hat uns ein ebenbild gelassen/ das ir solt nachfolgen seinen fusstapffen.

Zu letzt wird gemerkt /das es dem Christen nicht mag zimen ein Oberkeit zu sein in den stücken / Der Obrer regiment ist nach dem fleisch / so ist der Christ nach dem Geist / ir heuser und wonung ist leiblich / in dieser welt / so ist der Christen im himel / ir burgerschafft ist in dieser welt / so ist der Christen burgerschaff im himmel / ihres streits und kriegs waffen sein fleischlich / unnd allein wider das Fleisch / der Christen waffen aber seind geistlich / wider die befestigunge des Teuffels / Die weltlichen werden gewapnet mit stahel und eisen / aber die Christen send gewapnet mit dem harnisch Gottes / mit warheit / gerechtigkeit / fried / glauben / heil / und mit dem wort Gottes. In summa / Was Chistus unser heupt auff uns gesinnet ist / das alles sollen die glieder des leibe Christi durch in gesinnet sein / damit keine spaltung in dem leib sey / dardurch er zerstöret werde / denn ein igliches reich das in im selbs zerteilt ist / wird zerstöret werden. So nun Chrisus also ist / wie von im geschrieben stehet / so müssen die glieder auch also sein / damit sein leib ganz und einig bleib / zu seiner selbes besserung und erbawung.

Zum siebenden / seind wir vereiniget worden von dem eyd /also / Der eyd ist ein befestigung unter denen / die da zancken / oder verheissen / und ist im Gesatz geheissen worden / das er sol geschehen / bey dem namen Gottes / allein war hafftig / und nit falsch. Christus der die vollkommenheit des Gesatzes leret / verbeut den seinen alles schweren / weder reche noch falsch / weder beym Himel / noch bey dem Erdreich / noch bey Jerusalem / noch bey unserm Haupt und das umb der ursach willen / wie er bald hernacher spricht / Dann ir mögen nicht ein haar weis oder schwarz machen. Sehend zu / darumb ist alles schweren verbotten / dan wir mögen nicht / das in dem schwerenverheissen wirt / erstatten / dieweil wir das aller geringst an uns / nit mögen endern.

Nun sind etlich / die dem eynfeltigen gebot Gottes nicht glauben geben / sonder sie sagen unnd fragen also / Ey nun hat Gott dem Abraham geschworen / durch sich selbs / dieweil er Gott was / (da er im verhies / das er im wol wölt / und wölt sein Gott sein / so er seine gebot hielt ) warumb solt ich dann nicht auch schweren / so ich einem etwas verhies: Antwort / Höre was die Schrifft sagt / Gott da er wolt den erben der verheissung uberschwencklich beweisen / das sein rath nicht wancket / hat er einen Eyde darzwischen gelegt / auff das wir durch zwey unwanckliche ding ( dardurch es unmöglich ist / das Gott liege) ein starken trost haben. Merck den Verstand dieser geschrifft / Gott hat gewalt zu thun das er dir verbeut / dann es ist im alles müglich. Gott hat dem Abraham geschworen einen eid / sagt die Schrifft / darumb das er beweise / das sein rhat nicht wancket / das ist / Es mocht im niemand seinem willen understahn und hindern / und darumb mocht er den eid halten / Wir aber mögen nichts / wie droben von Christo gesaget ist / das wie den halten oder leisten / darumb sollen wir nichts schweren.

Nu sagen etlich weiter also / Es sey nit bey Gott verbotten zu schweren / in dem newen Testament / und doch im alten gebotten / Sonder sey allein bey den Himel / Erdrich / Jerusalem / und bey unserm Haupt verbotten zu schweren. Antwort / höre die Schrifft / Wer da schweret bey dem Himel / der schweret beydem stul Gottes / und bey dem der darauff sizet. Merck / schweren bey dem Himel / ist verbotten / der nu ein stul Gottes ist / wie viel mehr ist verbotten bey Gott selbs? Ir narren und blinden / was ist grösser / der Stul oder der darauff sizet?

Noch sagen etlich / wann nu das unrecht ist / wann man Gott zu der warheit braucht / so habe Apostel Petrus und Paulus auch geschworen. Antwort / Petrus und Paulus zeuge allein das / welches von Gott dem Abraham durch den eid verheissen was / und sie selbs verheissen nichts / als die exempel klar anzeigen. Zeugen aber und schweren ist zweierley / Dann so man schweret / so verheisst man erst künfftig ding / wie dem Abrahe Christus verheissen ist worden / welchen wir lange zeit hernach entpfangen haben. So man aber zeuget / so zeyget man an das gegenwertig / ob es gut oder bös sey / wie der Simeon von Christo zu Maria sprach unnd zeuget / Sihe / dieser wirt gesezt zu einem fall und aufferstehung vieler in Israel / und zu einem zeichen dem widersprochen wirt.

Dergleichen hat uns Christus auch gelert / da er sagt / Ewer rede sol sein ja / ja / und nein / nein / dann was uber das ist / ist von argem. Er sagt / Ewer rede oder wort sol sein ja und nein Das man nit verstahn wölle / das er die meinung zugelassen hab. Christus ist eynfeltig ja und nein / unnd alle die in eynfeltig suchen / werden sein Wort verstahn/ Amen.

Liebe Brüder und Schwestern im Herren / das sind die Artickel / die etlich Brüder bisher irrig / und den waren verstand ungleich verstanden haben / unnd damit viel schwacher gewissen verwirret / dadurch der nam Gottes gar gröslich verlestert ist worden / darumb dann not ist gewesen / das wir vereynigt sind worden im herrn / Gor sey lob und preis / wie dann geschehen ist.

Nu / dieweil ir reichlich verstanden habt / den willen Gottes jez mal durch uns geoffenbart sein / wirt not sein / das ir den erkannten willen Gottes harriglich / unabgewelzt vollnbringen / Dann ir wisset wl / was dem Knecht zu lohn gehört der da wissentlich sündet.

Alles was is unwissentlich gethan und bekannt / haben unrecht gehandelt / das ist euch verzihen durch das gleubig Gebet / welches in uns in der versammlung verbracht ist für unser aller fehle und Schuld / durch die genedige verzeihung Gottes / und durch das blut Jesu Christi / Amen.

Habent acht auff alle die nicht wandlen nach der einfaltikeit Göttlicher warheit / die in diesem brieffe begriffen ist von uns in der versammlung / damit jedermann geregieret werde unter uns / durch die regel des Bans / und furohin verhüt werde dee falschen Brüder und Schwestern zugang unter uns.

Sondert ab von euch was bös ist / so wilder Herr ewer Gott sein / und ir wedent seine Sne und Töchter sein.

Lieben Brüder seid eingedenck was Paulus seinen Titum vermanet / Er spricht also / Die heilsam gnad Gottes ist erschienenallen / und züchtiget uns /das wir sollen verleugnen das ungöttlich wesen / und die weltlichen lüste / und züchtigt / gerecht / und Gott selig leben in dieser Welt / und warten auff diesebige Hoffnung und erscheinunge der herrligkeit de grossen Gottes / und unsers heilandes Jhesu Christi / der sich selbs für uns gegeben hat / auff das er uns erlöset von aller Ungerechtigkeit / unnd reiniget ihm selbs ein Volck zum eigenthumb / das da eifferig were zu guten Wercken. Das bedencket / unnd seient des geübet / so wird der Herr des friedens mit euch sein.

Der nam Gottes sei ewig gebenedeyet und hochgelobet / Amen. Der Herr gebe euch seinen frieden / Amen.

Acta Schlatten am Randen auff Matthie / Anno M.D.XXVII.

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Bereits 1527 (spätestens 1529) erschien die erste gedruckte Fassung der "Brüderlichen vereynigung" bei Peter Schöffer dem Jüngeren in Worms. Von diesem Erstdruck sind in der Literatur bis anhin nur 2 Exemplare beschrieben worden. Beide befinden sich im Besitz der Bayrischen Staatsbibliothek München. 1533 erschien der gleiche Text, ergänzt um ein Traktat über die Ehescheidung, bei Jacob Cammerlander in Strassburg. Eine dritte deutsche Ausgabe erschien um weitere kurze Texte angereichert in einem kleinen, handlichen Format um 1550. Von den 2 bekannten Exemplaren, beide finden sich mit der "Concordanz und Zeiger der namhafftigsten Sprüch aller Biblischen Bücher alts und news Testament" in einem Band zusammengebunden, befindet sich eines in der Mennonit Historical Library in Goshen und das zweite, hier abgebildete, im Ortsmuseum Schleitheim.

Übersetzung
Brüderliche Vereinigung etlicher Kinder Gottes, sieben Artikel betreffend
Freude, Friede und Barmherzigkeit von unserm Vater durch die Gemeinschaft des Blutes Jesu Christi, mitsamt den Gaben des Geistes, der vom Vater gesendet wird, allen Gläubigen zur Stärkung, zum Trost und zur Beständigkeit in aller Trübsal bis ans Ende. Amen.

Das wünschen wir allen Liebhabern Gottes und Kindern des Lichtes, welche zerstreut sind allenthalben, wohin sie von Gott unserem Vater verordnet und wo sie einmütiglich in einem Gott und Vater unser aller versammelt sind. Gnade und Friede im Herzen sei mit Euch allen. Amen.

Liebe Brüder und Schwestern in dem Herrn!

Uns liegt zuerst und vor allem daran. Euch zu trösten und Euer Gewissen, das eine Weile verwirrt war, zu stärken, damit Ihr nicht für immer als Heiden von uns abgesondert und mit Recht fast ganz ausgeschlossen werdet, sondern Euch wieder den wahren, eingepflanzten Gliedern Christi, die mit Geduld und Erkenntnis Christi ausgerüstet werden, zuwendet und so wieder mit uns vereinigt werdet in der Kraft eines göttlichen, christlichen Geistes und Eifers zu Gott.

Es ist offenkundig, mit welcher Tausendlistigkeit der Teufel uns hintergangen hat, damit er bei ihnen das Werk Gottes, das unter uns eine Zeitlang barmherzig und gnädig begonnen worden ist, zerstöre und zu Grunde richte. Aber der treue Hirte unserer Seele, Christus, der solches in uns angefangen hat, der wird es bis ans Ende führen und lehren zu seiner Ehre und unserm Heil. Amen.

Liebe Brüder und Schwestern! Wir, die wir zu Schleitheim am Randen im Herrn versammelt gewesen sind, tun allen Liebhabern Gottes kund, dass wir in den Stücken und Artikeln übereingekommen sind, die wir im Herrn halten sollen, wenn wir gehorsame Kinder, Söhne und Töchter Gottes sein wollen, die abgesondert von der Welt in allem Tun und Lassen sind und sein wollen. Gott allein sei Preis und Lob, dass es ohne den Widerspruch irgendeines Bruders und in voller Zufriedenheit geschehen ist. In dem allem haben wir gespürt, dass die Einigkeit des Vaters und des uns alle verbindenden Christus samt ihrem Geist mit uns gewesen ist. Denn der Herr ist der Herr des Friedens und nicht des Zankes, wie Paulus sagt. Damit Ihr aber versteht, in welchen Punkten das geschehen ist, sollt Ihr aufmerken und verstehen.

Es ist von einigen falschen Brüdern unter uns ein sehr großes Ärgernis erregt worden. Es haben sich einige vom Glauben abgewandt, indem sie meinten, sie übten und gebrauchten die Freiheit des Geistes und Christi. Aber sie haben die Wahrheit verfehlt und haben sich (sich selbst zum Gericht) der Geilheit und Freiheit des Fleisches ergeben und haben gedacht, der Glaube und die Liebe könnten alles tun und dulden und nichts könne ihnen schaden oder verwerflich sein, weil sie doch gläubig seien.

Merkt auf, ihr Glieder Gottes in Jesus Christus: Der Glaube an den himmlischen Vater durch Jesus Christus ist nicht so gestaltet, wirkt und handelt nicht solche Dinge, wie diese falschen Brüder und Schwester sie tun und lehren. Hütet Euch und seid gewarnt vor solchen! Denn sie dienen nicht unserm Vater, sondern ihrem Vater, dem Teufel.

Ihr aber nicht so! Denn die zu Christus gehören, die haben ihr Fleisch gekreuzigt mitsamt allen Lüsten und Begierden. Ihr versteht mich wohl und (wisst), welche Brüder wir meinen. Sondert Euch von ihnen ab! Denn sie sind verkehrt. Bittet den Herrn, dass sie zur Erkenntnis und zur Busse kommen und dass wir beständig sind, den begonnenen Weg weiterzugehen nach der Ehre Gottes und seines Sohnes Christus. Amen.
Die Punkte, die wir behandelt haben und in denen wir eins geworden sind, das sind diese:

1. Taufe, 2. Bann, 3. Brechung des Brotes, 4. Absonderung von Greueln, 5. Hirten in der Gemeinde, 6. Schwert, 7. Eid.

Zum ersten merkt Euch über die Taufe:

Die Taufe soll allen denen gegeben werden, die über die Busse und Änderung des Lebens belehrt worden sind und wahrhaftig glauben, dass ihre Sünden durch Christus hinweggenommen sind, und allen denen, die wandeln wollen in der Auferstehung Jesu Christi und mit ihm in den Tod begraben sein wollen, auf dass sie mit ihm auferstehen mögen, und allen denen, die es in solcher Meinung von uns begehren und von sich selbst aus fordern. Damit wird jede Kindertaufe ausgeschlossen, des Papstes höchster und erster Greuel. Dafür habt Ihr Beweise und Zeugnisse in der Schrift und Beispiele bei den Aposteln Matth. 27. Mark. 16. Apg. 2. 8. 16. 19. Dabei wollen wir einfältig, aber doch fest und mit Gewissheit bleiben.

Zum zweiten haben wir uns folgendermaßen über den Bann geeinigt:

Der Bann soll bei allen denen Anwendung finden, die sich dem Herrn ergeben haben, seinen Geboten nachzuwandeln, und bei allen denen, die in den einen Leib Christi getauft worden sind, sich Brüder oder Schwestern nennen lassen und doch zuweilen ausgleiten, in einen Irrtum und eine Sünde fallen und unversehens überrascht werden. Dieselben sollen zweimal heimlich ermahnt und beim dritten Mal öffentlich vor der ganzen Gemeinde zurechtgewiesen oder gebannt werden nach dem Befehl Christi. Das aber soll nach der Anordnung des Geistes Gottes vor dem Brotbrechen geschehen, damit wir alle einmütig und in einer Liebe von einem Brot brechen und essen können und von einem Kelch trinken.

Zum dritten, was das Brotbrechen anlangt, sind wir uns einig geworden und haben folgendes vereinbart:

Alle, die ein Brot brechen wollen zum Gedächtnis des gebrochenen Leibes Christi, und alle, die von einem Trank trinken wollen zum Gedächtnis des vergossenen Blutes Christi, die sollen vorher vereinigt sein zu einem Leib Christi, das ist zur Gemeinde Gottes, an welcher Christus das Haupt ist, nämlich durch die Taufe. Denn wie Paulus sagt, können wir nicht zugleich teilhaftig sein des Tisches des Herrn und des Tisches der Teufel. Wir können auch nicht zugleich teilhaftig sein und trinken des Herren Kelch und der Teufel Kelch. Das heißt: Alle, die Gemeinschaft haben mit den toten Werken der Finsternis, die haben kein Teil am Licht, also alle, die dem Teufel folgen und der Welt, die haben kein Teil mit denen, die aus der Welt zu Gott berufen sind. Alle, die dem Bösen verfallen sind, haben kein Teil am Guten. So soll und muss es auch sein: Wer nicht die Berufung eines Gottes zu einem Glauben, zu einer Taufe, zu einem Leib zusammen mit allen Kindern Gottes hat, der kann auch nicht mit ihnen zu einem Brot werden, wie es doch sein muss, wo man das Brot in der Wahrheit nach dem Befehl Christi brechen will.

Zum vierten haben wir uns über die Absonderung geeinigt:

Sie soll geschehen von den Bösen und vom Argen, das der Teufel in der Welt gepflanzt hat, damit wir ja nicht Gemeinschaft mit ihnen haben und mit ihnen in Gemeinschaft mit ihren Greueln laufen. Das heißt, weil alle, die nicht in den Gehorsam des Glaubens getreten sind und die sich nicht mit Gott vereinigt haben, dass sie seinen Willen tun wollen, ein großer Greuel vor Gott sind, so kann und mag nichts anderes aus ihnen wachsen oder entspringen als greuliche Dinge. Nun gibt es nie etwas anderes in der Welt und in der ganzen Schöpfung als Gutes und Böses, gläubig und ungläubig, Finsternis und Licht, Welt und solche, die die Welt verlassen haben, Tempel Gottes und die Götzen, Christus und Belial, und keins kann mit dem ändern Gemeinschaft haben.

Nun ist uns auch das Gebot des Herrn offenbar, in welchem er uns befiehlt, abgesondert zu sein und abgesondert zu werden vom Bösen; dann wolle er unser Gott sein und wir würden seine Söhne und Töchter sein. Weiter ermahnt er uns, Babylon und das irdische Ägypten zu verlassen, damit wir nicht auch ihrer Qualen und Leiden teilhaftig werden, die der Herr über sie herbeiführen wird. Aus dem allen sollen wir lernen, dass alles, was nicht mit unserem Gott und mit Christus vereinigt ist, nichts anderes ist als die Greuel, die wir meiden und fliehen sollen. Damit sind gemeint alle päpstlichen und widerpäpstlichen Werke und Gottesdienste, Versammlungen, Kirchenbesuche, Weinhäuser, Bündnisse und Verträge des Unglaubens und anderes dergleichen mehr, was die Welt für hoch hält und was doch stracks wider den Befehl Gottes durchgeführt wird, gemäss all der Ungerechtigkeit, die in der Welt ist. Von all diesem sollen wir abgesondert werden und kein Teil mit solchen haben.

Denn es sind eitel Greuel, die uns verhasst machen vor unserm Jesus Christus, welcher uns befreit hat von der Dienstbarkeit des Fleisches und fähig gemacht hat zum Dienst Gottes durch den Geist, welchen er uns gegeben hat. So werden dann auch zweifellos die unchristlichen, ja teuflischen Waffen der Gewalt von uns fallen, als da sind Schwert, Harnisch und dergleichen und jede Anwendung davon, sei es für Freunde oder gegen die Feinde - kraft des Wortes Christi: Ihr sollt dem Übel nicht widerstehen.

Zum fünften haben wir uns über die Hirten in der Gemeinde folgendermaßen geeinigt:

Der Hirte in der Gemeinde Gottes soll ganz und gar nach der Ordnung von Paulus einer sein, der einen guten Leumund von denen hat, die außerhalb des Glaubens sind. Sein Amt soll sein Lesen und Ermahnen und Lehren, Mahnen, Zurechtweisen, Bannen in der Gemeinde und allen Brüdern und Schwestern zur Besserung vorbeten, das Brot anfangen zu brechen und in allen Dingen des Leibes Christi Acht haben, dass er gebaut und gebessert und dem Lästerer der Mund verstopft wird. Er soll aber von der Gemeinde, welche ihn erwählt hat, unterhalten werden, wenn er Mangel haben sollte. Denn wer dem Evangelium dient, soll auch davon leben, wie der Herr verordnet. Wenn aber ein Hirte etwas tun sollte, was der Zurechtweisung bedarf, soll mit ihm nur vor zwei oder drei Zeugen gehandelt werden. Und wenn sie sündigen, sollen sie vor allen zurechtgewiesen werden, damit die ändern Furcht haben. Wenn aber dieser Hirte vertrieben oder durch das Kreuz zum Herrn hingeführt werden sollte, soll von Stund an ein anderer an seine Stelle verordnet werden, damit das Völklein und Häuflein Gottes nicht zerstört, sondern durch die Mahnung erhalten und getröstet wird.

Zum sechsten haben wir uns über das Schwert folgendermaßen geeinigt:

Das Schwert ist eine Gottesordnung außerhalb der Vollkommenheit Christi. Es straft und tötet den Bösen und schützt und schirmt den Guten. Im Gesetz wird das Schwert über die Bösen zur Strafe und zum Tode verordnet. Es zu gebrauchen, sind die weltlichen Obrigkeiten eingesetzt. In der Vollkommenheit Christi aber wird der Bann gebraucht allein zur Mahnung und Ausschließung dessen, der gesündigt hat, nicht durch Tötung des Fleisches, sondern allein durch die Mahnung und den Befehl, nicht mehr zu sündigen. Nun wird von vielen, die den Willen Christi uns gegenüber nicht erkennen, gefragt, ob auch ein Christ das Schwert gegen den Bösen zum Schutz und Schirm des Guten und um der Liebe willen führen könne und solle. Die Antwort ist einmütig folgendermaßen geoffenbart. Christus lehrt und befiehlt uns, dass wir von ihm lernen sollen; denn er sei milde und von Herzen demütig, und so würden wir Ruhe finden für unsere Seelen. Nun sagt Christus zum heidnischen Weiblein, das im Ehebruch ergriffen worden war, nicht, dass man es steinigen solle nach dem Gesetz seines Vaters -- obgleich er sagt: wie mir der Vater befohlen hat, so tue -, sondern spricht (nach dem Gesetz) der Barmherzigkeit und Verzeihung und Mahnung, nicht mehr zu sündigen: "Gehe hin und sündige nicht mehr“. Zweitens wird wegen des Schwertes gefragt, ob ein Christ Urteil sprechen soll in weltlichem Zank und Streit, den die Ungläubigen miteinander haben. Die Antwort ist diese: Christus hat nicht entscheiden oder urteilen wollen zwischen Bruder und Bruder des Erbteils wegen, sondern hat sich dem widersetzt. So sollen wir es auch tun. Drittens wird des Schwertes halber gefragt, ob der Christ Obrigkeit sein soll, wenn er dazu gewählt wird. Dem wird so geantwortet: Christus sollte zum König gemacht werden, ist aber geflohen und hat die Ordnung seines Vaters nicht berücksichtigt. So sollen wir es auch tun und ihm nachlaufen. Wir werden dann nicht in der Finsternis wandeln. Denn er sagt selbst: "Wer mir nachfolgen will, der verleugne sich selbst und nehme sein Kreuz auf sich und folge mir nach“. Auch verbietet er selbst die Gewalt des Schwertes und sagt: "Die weltlichen Fürsten, die herrschen" usw.; "ihr aber nicht also". Weiter sagt Paulus: "Welche Gott zuvor ersehen hat, die hat er auch verordnet, dass sie gleichförmig sein sollen dem Ebenbild seines Sohnes" usw. Auch sagt Petrus: "Christus hat gelitten, nicht geherrscht und hat uns ein Vorbild gelassen, dass ihr seinen Fußstapfen nachfolgen sollt". Zum letzten stellt man fest, dass es dem Christen aus folgenden Gründen nicht ziemen kann, eine Obrigkeit zu sein: Das Regiment der Obrigkeit ist nach dem Fleisch, das der Christen nach dem Geist. Ihre Häuser und Wohnung sind mit dieser Welt verwachsen; die der Christen sind im Himmel. Ihre Bürgerschaft ist in dieser Welt; die Bürgerschaft der Christen ist im Himmel. Die Waffen ihres Streits und Krieges sind fleischlich und allein wider das Fleisch; die Waffen der Christen aber sind geistlich wider die Befestigung des Teufels. Die Weltlichen werden gewappnet mit Stachel und Eisen; die Christen aber sind gewappnet mit dem Harnisch Gottes, mit Wahrheit, Gerechtigkeit, Friede, Glaube, Heil und mit dem Wort Gottes. In summa: Wie Christus, unser Haupt über uns, gesinnt ist, so sollen in allem die Glieder des Leibes Christi durch ihn gesinnt sein, damit keine Spaltung im Leib ist, durch die er zerstört wird. Denn ein jedes Reich, das in sich selbst zerteilt ist, wird zerstört werden. Da nun Christus so ist, wie von ihm geschrieben steht, so müssen die Glieder auch so sein, damit sein Leib ganz und einig bleibt zu seiner eigenen Besserung und Erbauung.

Zum siebten haben wir uns über den Eid folgendermaßen geeinigt:

Der Eid ist eine Bekräftigung unter denen, die zanken oder Versprechungen machen, und es ist im Gesetz befohlen, dass er im Namen Gottes allein wahrhaftig und nicht falsch geleistet werden soll. Christus, der die Erfüllung des Gesetzes lehrt, der verbietet den Seinen alles Schwören, sowohl recht als auch falsch, sowohl beim Himmel als auch beim Erdreich, bei Jerusalem oder bei unserm Haupt, und das aus dem Grund, den er gleich darauf ausspricht: "Denn ihr könnt nicht ein Haar weiß oder schwarz machen". Sehet zu! Darum ist alles Schwören verboten. Denn wir können nichts von dem garantieren, was beim Schwören versprochen wird, weil wir an uns nicht das Geringste ändern können. Nun sind einige, die dem einfältigen Gebot Gottes nicht Glauben schenken, sondern sagen und fragen so: Ei, nun hat Gott dem Abraham bei sich selbst geschworen, weil er Gott war (als er ihm nämlich versprach, dass er ihm wohl wollte und dass er sein Gott sein wollte, wenn er seine Gebote hielte); warum sollte ich nicht auch schwören, wenn ich einem etwas verspreche? Antwort: Höre, was die Schrift sagt: "Als Gott den Erben der Verheißung auf überschwängliche Art beweisen wollte, dass sein Ratschluss nicht wankt, legte er einen Eid ab, damit wir durch zwei unerschütterliche Dinge (wodurch es unmöglich war, dass Gott lügen könnte) einen starken Trost haben". Merke die Bedeutung dieser Schriftstelle: Gott hat Gewalt zu tun, was er dir verbietet. Denn es ist ihm alles möglich. Gott hat dem Abraham einen Eid geschworen - sagt die Schrift -, um zu beweisen, dass sein Rat nicht wankt. Das heißt: Es kann niemand seinem Willen widerstehen und hinderlich werden. Darum konnte er den Eid halten. Wir aber vermögen es nicht, wie es oben von Christus ausgesprochen ist, dass wir den Eid halten oder leisten. Darum sollen wir nicht schwören. Nun sagen weiter einige so: Es ist im Neuen Testament nicht verboten, bei Gott zu schwören, und im Alten sogar geboten. Dagegen sei lediglich verboten, beim Himmel, Erdreich, bei Jerusalem und bei unserm Haupt zu schwören.
Antwort. Höre die Schrift: "Wer da schwört beim Himmel, der schwört beim Stuhl Gottes und bei dem, der darauf sitzt". Merke: Schwören beim Himmel, der ein Stuhl Gottes ist, ist verboten. Wie viel mehr ist es bei Gott selbst verboten! Ihr Narren und Blinden, was ist größer, der Stuhl oder der darauf sitzt? Auch sagen einige so: Wenn es nun unrecht ist, dass man Gott zur Wahrheit gebraucht, so haben die Apostel Petrus und Paulus auch geschworen. Antwort: Petrus und Paulus bezeugen allein das, was von Gott Abraham durch den Eid verheißen war, und sie selbst verheißen nichts, wie die Beispiele klar zeigen. Aber Zeugen und Schwören ist zweierlei. Denn wenn man schwört, so verheißt man Dinge, die noch in der Zukunft liegen, wie dem Abraham Christus verheißen wurde, den wir lange Zeit hernach empfangen haben. Wenn man aber zeugt, dann bezeugt man das Gegenwärtige, ob es gut ist oder böse, wie der Simeon zu Maria von Christus sprach und ihr bezeugte: "Dieser wird gesetzt zu einem Fall und einer Auferstehung vieler in Israel und zu einem Zeichen, dem widersprochen wird".
Dasselbe hat uns auch Christus gelehrt, als er sagte: "Eure Rede soll sein ja ja und nein nein; denn was darüber ist, ist vom Argen. Er sagt: Eure Rede oder euer Wort soll sein ja und nein, was man nicht so verstehen kann, als ob er den Eid zugelassen habe. Christus ist einfältig ja und nein, und alle, die ihn einfältig suchen, werden sein Wort verstehen. Amen.

Liebe Brüder und Schwestern im Herrn! Das sind die Artikel, die einige Brüder bisher falsch und dem wahren Sinn zuwider verstanden haben. Sie haben damit viele schwache Gewissen verwirrt, wodurch der Name Gottes sehr schwer gelästert worden ist. Darum ist es notwendig gewesen, dass wir im Herrn übereingekommen sind, wie es auch geschehen ist. Gott sei Lob und Preis. Weil Ihr nun den Willen Gottes reichlich verstanden habt, wie er jetzt durch uns offenbart ist, wird es notwendig sein, dass Ihr den erkannten Willen Gottes beharrlich und ohne Aufschub vollbringt. Denn Ihr wisst wohl, was dem Knecht an Lohn gehört, der wissentlich sündigt.

Alles, was Ihr unwissentlich getan habt und was Ihr bekannt habt, unrecht gehandelt zu haben, das ist Euch verziehen durch das gläubige Gebet, das in uns in der Versammlung vollbracht ist für unser aller Verfehlung und Schuld, durch die gnädige Verzeihung Gottes und durch das Blut Jesu Christi. Amen.

Habt acht auf alle, die nicht nach der Einfältigkeit göttlicher Wahrheit wandeln, die in diesem Brief von uns in der Versammlung zusammengefasst ist, damit jedermann unter uns regiert werde durch die Regel des Banns und forthin der Zugang der falschen Brüder und Schwestern unter uns verhütet werde.

Sondert ab von Euch, was böse ist, so will der Herr Euer Gott sein und Ihr werdet seine Söhne und Töchter sein.

Liebe Brüder, seid eingedenk, mit was Paulus seinen Titus ermahnt. Er spricht so: "Die heilsame Gnade Gottes ist erschienen allen und züchtigt uns, dass wir sollen verleugnen das ungöttliche Wesen und die weltlichen Lüste und züchtig, gerecht und gottselig leben in dieser Welt und warten auf dieselbe Hoffnung und Erscheinung der Herrlichkeit des großen Gottes unseres Heilands Jesus Christus, der sich selbst für uns gegeben hat, auf dass er uns erlöste von aller Ungerechtigkeit und reinigte sich selbst ein Volk zum Eigentum, das da eifrig wäre zu guten Werken. Das bedenkt und übt Euch darin, so wird der Herr des Friedens mit Euch sein.

Der Namen Gottes sei ewig gebenedeit und hoch gelobt. Amen.

Der Herr gebe Euch seinen Frieden. Amen.

Geschehen in Schleitheim am Randen, auf Matthiae (24. Febr.), Anno 1527.