terça-feira, 26 de agosto de 2008

In Girum Imus Nocte Et Consumimur Igni - Parte 2.2


"In Girum", tanto as imagens como a narração, tem dois temas principais. O primeiro é a água, daí as citações poéticas de Li Po, Omar Khayam, Heraclitus, Bossuet, Shelley, evocando o fim dos tempos e associando o fluir da água com o fluir de tempo. O segundo tema é o fogo, o brilho momentâneo, a revolução, São-Germain-des-Prés, a mocidade, o amor, a negação da noite, o Diabo, as batalhas e as “missões não realizadas” onde o encanto do “caminho dos viajantes” é destruído, os desejos na noite do mundo (“nocte consumimur igni”). Mas a água remanescente do tempo finalmente domina e extingue o fogo. O brilho da mocidade de São-Germain-des-Prés, o fogo ardente da Brigada Luz, os avanços “sob o fogo do canhão do tempo” submergem na água corrente do seu século... Guy Debord, 1977

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Jan Zizka (1955) - Parte 1.2



"Jan Ziska" juntamente com "Jan Hus" e "Proti Vsem" compoem a épica trilogia de Otakar Vavra que foca a vida e a morte do padre/revolucionário Jan Hus e a Revolução Hussita (1419-1437).

O ator Zdenek Stepanek interpreta tanto o pregador intelectual Jan Hus como o implacável General Jan Zizka, duas personalidades históricas que ocupam um lugar especial na identidade tcheca. Hus é venerado pela coerência de suas convicções, já o legado de Zizka é mais controvertido pela natureza violenta do levante que ele conduziu.

Jan Zizka e seus seguidores hussitas foram os primeiros guerreiros/cavaleiros na história armados com pistolas e ferramentas agrícolas. O filme "Jan Zizka" retrata as estratégias de guerra que permitiu o estabelecimento de um regime de comunismo de consumo durante período de quase 20 anos pelas principais cidades da Bohemia.

Esta complexa peça de história, raramente discutida fora da República Tcheca, mostra uma vertente libertária cristã, muitas vezes descarada e propositalmente boicotada por professores, padres católicos, pastores protestantes, e até mesmo por alguns marxistas e anarquistas.

Este filme lembra um pouco Sergei Eisenstein, mas é bem mais complexo que "Nevsky," e bem mais fiel aos fatos históricos. Enfim, "Jan Zizka" aborda um momento revolucionário quase que desconhecido pelos libertários em geral, mas não menos importante que a Comuna de Paris, a Revolução Espanhola, a Revolta dos Cravos em Portugal, os primeiros anos da Revolução Russa. A Trilogia Hussita é no mínimo instigante.

Jan Zizka (1955) - Parte 2.2