terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Considerações sobre os levantes populares no Norte da África


O que está acontecendo hoje no Norte da África é o seguinte: de cada 3 barris de petróleo produzidos no mundo 2 saem dali, e essa riqueza toda tá concentrada nas mãos de meia dúzia de famílias. Essa situação não poderia sustentar-se eternamente, daí o levante. Toda essa rebeldia tornou-se possível devido à uma nova tecnologia de comunicação. Pessoas comuns com um mínimo de recursos, conhecimento e condições, podem comunicar-se entre si a partir de qualquer lugar do mundo. Isso nunca aconteceu na história da humanidade.


Ao mesmo tempo em que essa tecnologia de comunicação horizontal avança ela progressivamente toma o lugar das velhas formas de comunicação verticais, monopolizadas pelos detentores do poder político, militar e econômico.


Enquanto uma câmera fixa da TV Estatal de Mubarak apontava para ruas desertas, sugerindo calma e estabilidade no Cairo, no mesmo momento, milhares de celulares e microfilmadoras colhiam imagens da Praça Tharir, sugerindo exatamente o contrário da emissora Governamental, e as enviavam para emissoras de TV como a Al Jazeera, twitter, facebook, para quem quisesse ver.


A cada dia fica mais claro para o homem comum que esses grandes meios de comunicação de massa têm como objetivos principais ganhar dinheiro satisfazendo a sanha pela satisfação de desejos criados artificialmente por essas próprias mídias e ou manter o status quo político e econômico, para resguardar os interesses daqueles que detém esses poderes.


Essas revoltas que eclodem no Norte da África estão diretamente relacionadas com a má distribuição de renda, com a má distribuição de riqueza.


Em minhas viagens pelo Egito e Marrocos pude testemunhar ofertas de pernoite que variavam de 20 a 2.000 dólares a diária em hotéis. Coisas assim despertam a consciência nas pessoas. Há algo de muito errado nesse mundo. E não é preciso ler Marx nem Bakunin para saber disso.


Esse quadro não é exclusivo do Norte da África, ele está presente em toda Europa, Ásia, Américas, em toda parte.


Os egípcios, líbios, Tunisianos, abriram um rombo num muro que parecia intransponível. Essas revoltas podem chegar a qualquer lugar da terra, pois em toda parte, hoje e como nunca, há grandes concentrações de riquezas e poder nas mãos de poucas pessoas.


Nossos irmãos árabes estão mostrando o caminho: Coragem, determinação e disposição de oferecer a própria vida, se preciso for, por justiça e liberdade. Quem se habilita? 

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