quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O ANTI-estatismo de Marx e o estatismo da burguesia
Marx em "Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas": Os democratas pequeno-burgueses acham também que é preciso opor-se ao domínio e ao rápido crescimento do capital, em parte limitando o direito de herança, em parte PONDO NAS MÃOS DO ESTADO O MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE EMPRESAS.
Marx em "CRÍTICA AO PROGRAMA DE GOTHA": Em que pese a toda sua fanfarronice democrática, o programa está todo ele infestado até a medula da fé servil da seita lassalliana no Estado; ou - o que não é muito melhor - da superstição democrática; ou é, mais propriamente, um compromisso entre estas duas superstições, nenhuma das quais nada tem a ver com o socialismo.
Na sua primeira citação Marx nos diz que estatismo é uma prática burguesa e pequeno burguesa (burguesia e pequeno burguesia que compunha o "partido democrático" alemão de 1850, conforme Marx nos diz no Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas), ou seja, é capitalismo estatal, já na segunda ele nos diz que o socialismo nada tem a ver com o Estado e com a democracia, aliás para ele democracia também é coisa de burguês.
Com se vê, com Marx nos mostrando na 1º citação, o capital (representado nessa citação de Marx pelo partido democrático alemão de 1850, uma coligação de burgueses e pequeno-burgueses) pode usar a total estatização para sobreviver em uma forma não privada e não concorrencial, o estatismo é uma das formas do capitalismo, não tendo nenhuma contradição com o mesmo.
O estatismo não aboli o trabalho assalariado, que por sua vez gera a mais valia, que por sua vez gera e reproduz o capital. Capital (empresa) privado ou estatal, não importa, ambos são capital.
Karl Marx anarquista? Deixo que o próprio Marx responda: "Todos os socialistas entendem por Anarquia o objectivo do movimento proletário, uma vez alcançada a abolição das classes, o poder do Estado, que serve para manter a grande maioria produtora sob o jugo de uma minoria exploradora pouco numerosa, desaparece, e as funções governamentais transformam-se em simples funções administrativas." (As Pretensas Divergências na Internacional)
Segue abaixo trecho do 18 de Brumário sobre a destruição do Estado ou poder estatal, com seu aparelho:
"Todo interesse comum (gemeinsame) ERA IMEDIATAMENTE CORTADO DA SOCIEDADE, contraposto a ela como um interesse superior, geral (allgemeins), retirado da atividade dos próprios membros da sociedade e TRANSFORMADO EM OBJETO DA ATIVIDADE DO GOVERNO, desde a ponte, o edifício da escola e a propriedade comunal de uma aldeia, até as estradas de ferro, a riqueza nacional e as universidades da França. Finalmente, em sua luta contra a revolução, a república parlamentar viu-se forçada a consolidar, juntamente com as medidas repressivas, os recursos e a centralização do poder governamental. Todas as revoluções aperfeiçoaram essa máquina, ao invés de DESTROÇÁ-LA. Os partidos que disputavam o poder encaravam a posse dessa imensa estrutura do Estado como o principal espólio do vencedor."
Segue agora trecho de carta de Marx a Ludwig Kugelmann, de 12 de Abril de 1871:
"Se você reexaminar o último capítulo do meu '18 Brumário', vai constatar que declaro como próximo intento da Revolução na França, não mais como antes, o ato de transferir a maquinaria burocrático-militar de uma mão para outra, mas sim DESPEDAÇA-LA (no original alemão 'zerbrechen', despedaçar, quebrar, fraturar, destruir etc). E essa é a pré-condição de toda e qualquer verdadeira revolução popular no continente. É também a tentativa que nossos heróicos companheiros da Comuna de Paris estão empreendendo."
Há essas e muitas outras citações que não deixam duvidas do anti-estatismo de Marx.
Comentário extraído de http://goo.gl/qkbiI
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