quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os projetos de poder e o poder da Democracia Real



Os projetos de poder

Os projetos de poder integram o sistema representativo. A coisa funciona mais ou menos assim: o cidadão que quer alçar ao poder político de seu município, estado, ou país, deve filiar-se a um partido político já existente, ou inventar um novo, filiar certo número de aficionados, registrar a agremiação, e concorrer nas próximas eleições. Uma vez vitorioso passa a ocupar uma cadeira no poder legislativo ou executivo. Ele torna-se um político profissional, e pode reeleger-se eternamente no poder legislativo, como vereador, deputado ou senador, e até duas vezes no poder executivo como prefeito, governador ou presidente. Chamam isso de sistema representativo pois os demais cidadãos transferem a terceiros o poder de legislar e governar em seu nome.

Para aprofundar mais no tema dos projetos de poder. Nos anos 80, um grupo de sindicalistas do Sindicato dos Bancários de São Paulo juntou-se a outros sindicatos, professores, metalúrgicos, etc. e a alguns exilados anistiados pela ditadura, políticos, intelectuais, empresários e artistas da chamada esquerda. Trinta anos depois, continuam concorrendo a cada par de anos e acumulando cadeiras nos poderes legislativo e executivo. Esse é o objetivo desses grupos: alçar ao poder. Uma vez no poder, esses vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidentes, que formam a classe política, revezam, permeiam, promiscuem, negociam entre si, nomeiam comparsas, tornam-se mais iguais entre si do que o povo que dizem representar. O resultado desse sistema representativo e dos projetos de poder que eles encarnam é a estagnação e a manutenção do status quo. Nada muda. Vivemos pior que viveram nossos pais, que por sua vez, viveram pior que nossos avós. E se algo muda, muda para pior, para a esmagadora maioria das pessoas.

O poder da Democracia Real

Para explicar melhor, convido o leitor a fazer comigo um passeio até a Grécia. Suponhamos que eu tenha comigo aqui, perto de minha mesa, uma máquina de teletransporte, e que o leitor aceite meu convite e embarque na geringonça. Pronto, chegamos em Atenas. Bem no centro da cidade há uma praça chamada Syntagma. Estamos no berço da Democracia. Foi de lá que surgiu o termo e a prática. Mas o que vemos? Nos deparamos com uma multidão de centenas de milhares de pessoas prestando atenção a um jovem estudante falando ao microfone. Os inúmeros alto-falantes instalados ao redor permite-nos ouvir, embora sem entender, o que ele está falando.

- Quem é ele? Perguntamos, em inglês, a um senhor de cabelos grisalhos ao lado que prestava atenção no discurso.

- Não sei quem é, mas estou gostando da proposta dele. Responde o idoso também em inglês.

Dois minutos depois, enquanto caminhávamos em meio à multidão em direção ao outro lado da praça, o orador muda, agora é uma voz feminina. Esticamos o pescoço e conseguimos ver uma senhora de meia idade falando com firmeza e com gestos fortes. Pela reação em toda praça ela parecia ganhar o coração e a aprovação de todos os ouvintes.

Foi quando deparamos com um traveller com uma banderinha do Brasil colada na mochila.

- Que está acontecendo aqui? Perguntamos. Ao que o rapaz responde:

- Eles estão em Assembléia permanente. Acampados a vários dias, revezam-se, alimentam-se. Aqui não rola dinheiro, tudo vem de doações voluntárias. Há dezenas de comissões tiradas para encaminhar desde as resoluções tomadas pela assembléia até a segurança dos acampantes da Praça. A cada dia, quando a assembléia começa, cerca de 200 pessoas logo se inscrevem para falar, cada um escreve seu nome em um papel, dobra-o, e o coloca numa caixa de papelão. Desses 200 nomes, apenas 20 serão sorteados e cada um falará por 2 minutos, isso para que o maior número de pessoas possa participar. E para que não haja manipulação nem privilegiados.

Essa é uma rápida descrição de alguns aspectos da Democracia Real, que com algumas variações de forma, mas não de espírito, rola também na Praça Tahrir, no Cairo, e em outras praças mundo afora, em Portugal, Espanha, Inglaterra, e outros locais da Europa. E, espero, em breve, também aqui em São Paulo, e outras cidades e capitais do Brasil.

Democracia Real: O foco que trará vitória a todas as lutas pacíficas e justas

Muitas Lutas e Movimentos em Curso

Várias lutas pipocam aqui e ali, umas antigas, outras recentes. A dos bombeiros e professores no Rio; a luta dos trabalhadores por melhores salários; a luta contra as pequenas hidrelétricas no Pantanal; contra a construção de mega hidrelétricas no Amazonas, como Jirau, Belo Monte, Santo Antônio; a luta pela diminuição do salário dos políticos; a luta dos diferenciados em Higienópolis; a luta antimanicomial; a marcha contra a criminalização do uso da maconha em todo o Brasil; a luta pela preservação e respeito ao meio ambiente, a luta contra a violência policial; a luta antiglobalização; a luta por um salário mínimo coerente com o que determina a Constituição; a luta contra a obrigatoriedade do voto; a luta contra políticos corruptos e a corrupção na política; a luta pelo passe livre aos estudantes nos transportes públicos; a luta contra a opressão à mulher, a luta contra a exploração do trabalho infantil; a luta contra o preconceito aos gblt; a luta contra os fascistas; a luta pela autogestão das empresas pelos próprios trabalhadores; a luta pela democracia direta; contra o preconceito racial e regional; a luta indígena para obter suas terras de volta; são muitas as lutas. Mas a luta maior, e que abrange essas lutas listadas e outras justas embora não listadas, é a luta pela Democracia Real, a qual está em curso em todo o mundo e à qual precisamos nos juntar imediatamente pela ocupação de Praças e pelo exercício direto da Democracia, sem mesas, por uma Assembléia contínua, dia e noite acampados, onde as pessoas se revezam, pelo sorteio dos inscritos, pela decisão, não pelo voto de maioria que divide, mas pela unanimidade que une.

Seattle

O Movimento anti-globalização ganhou voz a partir de Seattle e espalhou-se mundo afora contra o G8, um grupo seleto de governantes títeres de corporações, degradando o meio ambiente e as vidas de quase 7 bilhões de pessoas  em todo o mundo. Como é que isso pode ser chamado de democracia? É esse sistema representativo que atualmente prevalece em toda parte, inclusive no Brasil, que legitima essa injustiça, que . dá ao governante o poder de desencadear guerras, que propicia a manipulação das pessoas pelo voto a cada par de anos. Para dar um basta na destruição dos recursos naturais e para que a voz e os interesses do povo prevaleçam, esse sistema representativo tem que ser imediatamente substituído por Democracia Real.

A Revolução do Jasmim

A fraude nas eleições no Irã em 2009 e a brutal repressão governamental após a revolta popular, chamou a atenção em todo mundo árabe. O descontentamento por conta da alta no preço dos alimentos, do crescente desemprego, da concentração das riquezas nas mãos de poucos, deu origem à Revolução do Jasmim na Tunísia, à qual inspirou uma onda de protestos semelhantes em quase todos os países árabes.

A Revolução Mundial

Uma praça chamada Tahrir, no Cairo e outra chamada Syntagma em Atenas, vem atraindo os olhares das pessoas em todo o mundo pelo seu modus operandi. Cansados do desprezo que os políticos nutrem pelo povo fora dos dias que precedem às eleições, e vendo a situação cada vez mais grave no que diz respeito à deterioração da qualidade de vida da maior parte das pessoas, centenas de milhares de “indignados” em Madri e Barcelona, somaram-se às centenas de milhares de "ultrajados" em Atenas, e às centenas de milhares do Cairo.

O Movimento das Praças

O Movimento das Praças, assembléias absolutamente democráticas desenvolvidas fora do âmbito da manipulação partidária esquerdista ou direitista típica do atual sistema representativo, vêm atraindo pessoas honestas de todos os extratos sociais, na procura de soluções de problemas econômicos e sociais, e que os políticos, por suas medidas invariavelmente ditadas por banqueiros e corporações, apenas os agravam. Tais assembléias podem se localizar em áreas centrais de grandes cidades, em grandes praças tomadas pela população, e também em bairros onde as pessoas começam a aprender real democracia, participando dela, não em bancos escolares onde são incentivados a votar por professores estúpidos de formação esquerdista ou direitista.

sábado, 2 de julho de 2011

Syntagma 29.6.2011 Governantes e banqueiros mostram sua real face



Digam-me, expliquem-me, existe algo mais diabólico do que esse negócio que chamam de governo? De poder judiciário? De poder legislativo? De poder executivo? Existe algo mais falsificado do que isso que chamam democracia? Algo mais covarde do que forças armadas atacando pessoas desarmadas? Existe algo mais mentiroso do que imprensa mainstream? Algo mais maléfico ao bem estar público e à natureza do que bancos e corporações?