domingo, 15 de março de 2009

Uma exemplar sociedade de amigos

Sociedade de Amigos

Quacre ou quaker é o nome dado a um membro da Sociedade de Amigos, inspirada no texto do Evangelho de João 15, 14: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando". Na prática, porém, os seguidores ficaram conhecidos como quakers: o termo é derivado do verbo 'to quake' - estremecer, em inglês -, em alusão ao que ocorria com os adeptos quando tocados pelo Espírito Santo em suas reuniões.

Na então colônia inglesa, mantiveram sua postura aparentemente extremada mas profundamente coerente, que se refletia também no modo de se vestir. Os fiéis, por exemplo, distinguiam-se por usar longos chapéus pretos em locais fechados ou na presença de autoridades, como um meio de mostrar que não reverenciavam ninguém além de Deus. 

Atualmente, os quakers concentram-se nos Estados Unidos, no Canadá e na Inglaterra, mas há comunidades em todo o mundo. No Brasil, um grupo se formou na década de 90, mas não vingou. "Reuníamos em São Paulo, mas as pessoas se mudaram e o grupo acabou", conta a americana Linnis Cook, quaker desde a década de 70, e que após viver 16 anos no Brasil, este ano (2009) regressa aos Estados Unidos. "Mas, no exterior, o movimento continua forte, com tradição em militância social", afirma ela.

Os membros da Sociedade de Amigos recusam-se a pagar dízimos à igreja oficial, a prestar juramento diante dos magistrados nas cortes ou a homenagear autoridades, incluindo o rei. Negam-se ainda a prestar o serviço militar e a tomar parte nas guerras.

Esse grupo cristão radical pacifista foi criado em 1652, pelo sapateiro George Fox. De inspiração anabatista, como os huteritas, amish, menonitas,  reagiram contra o abuso, a hierarquia e o autoritarismo das igrejas cristãs tradicionais católicas ou protestantes. Rejeitam qualquer submissão a pastores, padres ou sacerdotes, e qualquer organização clerical. Vivem no recolhimento, na pureza moral e na prática ativa do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. 

Perseguidos na Inglaterra por Carlos II, os quakers emigraram em massa para as Américas, onde, em 1681, criaram sob a égide de William Penn a colônia da Pensilvânia. Em 1947, os comitês ingleses e americanos do Auxílio Quaker Internacional receberam o Prêmio Nobel da Paz.

Os Quakers, apesar de rejeitarem um credo formal, não abrem mão das seguintes bases e princípios:

Sentir Deus - todo indivíduo é capaz de sentir Deus diretamente, sem intermediário algum. Todos têm uma Luz Interior: o Espírito Santo, que guia o indivíduo quando este se converte e aceita essa voz.

Cristo - Os quakers aceitam Cristo como a Palavra (Logos) Divina. 

Bíblia - Como o testemunho dessa Palavra. Alguns quakers têm-na como autoritativa.

Simplicidade - os quakers adotam modos de vidas simples: sem valorizar roupas caras, distinção de classe social, títulos honoríficos ou gastos desnecessários.

Igualdade - existe um forte senso de igualitarismo, evitando discriminação baseada em sexo ou raça. (Os quakers foram notáveis abolicionistas e feministas). As mulheres tiveram direitos iguais e participação dos cultos quakers desde o século XVIII.

Honestidade - recusam jurar, conduzir negócios obscuros, atividades antiéticas.

Ação Social - organizações como o Greenpeace e a Anistia Internacional foram fundadas pelos quakers e são influenciadas pelos princípios da Sociedade de Amigos;

Pacificismo - Os quakers se recusam a usar armas e violência, mesmo em auto-defesa.

Culto Programado - Se assemelha a qualquer outro culto protestante tradicional, com hinos, orações e leituras da Bíblia.

Culto Silencioso ou não-programado - Os quakers se reúnem e esperam que alguém se sinta guiado pelo Espírito Santo para exortar, ler a Bíblia, dar um testemunho, orar, cantar. Às vezes um culto não-programado pode passar sem ter manifestação alguma, sendo uma hora de silêncio e meditação.

Sacramentos - Diferentemente da maioria das denominações cristãs, não praticam qualquer exteriorização religiosa como, por exemplo, o Batismo com águas nem a Santa Ceia. Creêm que o indivíduo seja batizado "com fogo" (pelo Espírito Santo), falando na consciência; e relembram a obra de Cristo dando graças em toda refeição.

http://www.quaker.org/

Um comentário:

Unknown disse...

Agradeço a você por falar sobre meu povo. Seu artigo é verdadeiro.

Ricardo