sábado, 24 de agosto de 2013

Aspectos da vida quotidiana: o vômito social

Enquanto organismo vivo a sociedade às vezes tem espasmos e vomita, maio de 1968 na França e junho de 2013 no Brasil, são uma prova visível disso.

Vômito é a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. O vômito é ao mesmo tempo um sinal e um sintoma bastante desagradável que pode assustar muito a pessoa atingida. Pode ocorrer nas doenças do labirinto, nas intoxicações, nas obstruções intestinais e como resposta do organismo a dores muito intensas.

A sociedade enquanto ser vivo também vomita. Hoje, o Brasil vive na zona de gatilho. É o momento histórico quando a sociedade sente vontade de vomitar todo o sistema econômico e político presente em suas entranhas. Essa compreensão situa-se fora do domínio (domain) das empresas, dos partidos, da imprensa, daí a dificuldade e até mesmo impossibilidade deles apreenderem o que aconteceu e acontece.

Diante desse quadro, as principais substâncias estimulantes que o Sistema injeta na sociedade doente não configuram nenhuma novidade: é um misto de pão, circo, e ilusões econômicas, espetaculares e políticas: novos partidos, novos candidatos, copa do mundo, olimpíadas, bolsas, auxílios, quotas, que procuram aliviar, não curar, os sintomas da desigualdade crônica. Institutos como bom prato ou mesmo o bolsa família, por exemplo, gerado pelo PSDB à direita e implantado pelo PT à esquerda, funcionam como migalhas dadas a miseráveis enquanto os recursos que poderiam resolver a causa do problema são acumulados em paraísos fiscais e em contas de bancos suíços para usufruto de megaempresários e políticos.

Longe de ser exclusividade no Brasil, todos os países do mundo sofrem dessa peste, que pode ser chamada Capitalismo de Estado (maior parte dos recursos da nação se concentra nas mãos do Estado), ou Capitalismo de Monopólios (maior parte dos recursos da nação se concentra nas mãos de megacorporações). Ambos tiram a autonomia, e os recursos econômicos e políticos básicos dos cidadãos, elementos necessários para a resolução de problemas que afetam a humanidade nos âmbitos local e global. Enquanto não experimentarmos formas de socialismo libertário, essas guerras fratricidas como as que sufocaram a primavera árabe, se estenderão pela Europa, Ásia, Américas. Aí será a Barbárie, que poderá marcar o início do fim do homem nesse belo planeta azul.

1 As causas são basicamente econômicas e políticas
2 Trata-se de pontos de saturação
2 Recursos do povo são gastos em farras de empresários e políticos
3 Jovens são lançados ao fanatismo religioso, desportivo, drogas, sexismo, crime
3.1 Sistema econômico e partidos políticos mantêm ditadura velada ou assumida
3.2 Desequilíbrio e descompensação leva povo ao desespero
3.3 Tragédias se multiplicam
3.4 Ruas apinhadas de punguistas e mendigos
4 A cura não vem de mais empregos, nem mais partidos, ou novos candidatos
4.1 O alívio vem da tomada popular da terra, escolas, fábricas, palácios, parlamentos
4.2 Da total rejeição da hierarquia em favor da acracia e da autonomia.

vômitos partidários - rejeitar partidos não significa abandonar política, pelo contrário, significa o desejo de assumi-la diretamente, sem representantes
vômitos econômicos - falta o essencial para o povo em geral enquanto políticos e megaempresários tornam-se bilionários roubando cofres públicos, num típico patognomônico de estrangulamento.
vômitos biliares - quando apresentam conteúdo de cor amarelo-esverdeado sugestivo de bile. O medo da população procede, este tipo de vômito diz aos generais que o fígado está permeável à instalação de uma ditadura declarada.
vômitos em jato - são vômitos explosivos, que podem denotar aumento da pressão intracraniana e indicar risco de morte iminente. Quando pessoas se suicidam.
vômitos pós prandiais - aqueles que correm após denúncia de corrupção
bulimia nervosa - vômitos induzidos por medo de engordar. Um partido começa acusar outro de corrupção, quando na verdade todos são corruptos
Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antissistema, para abolir as causas da fome e da miséria, toda sociedade se empenha na gestão social via democracia direta.

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