Nem um e nem outro!
E o rapaz mascarado respondeu que "vandalismo é o que fazem nas escolas, cheias de gente sem educação", e depois arrematou que "manifestação pacífica é passeio pela cidade". E está certo!
Mas aqui também cabe algumas considerações:
Quando um grupo sai às ruas com uma causa justa e a polícia baixa o pau, a tendência é a população aderir, e quanto maior a violência policial maior será a solidariedade por parte do povo. E essa postura de sair às ruas em massa revela um desejo de mudança que pode evoluir para assembleias suficientemente massivas a ponto de diluir os poderes da Democracia Representativa e progressivamente instituir a Democracia Direta.
Quando um grupo sai às ruas quebrando vidraças e a polícia baixa o pau, e o grupo corre em debandada, a tendência é a população não aderir. Não se trata aqui de defender o chamado "pacifismo". Pacifismo é coisa de UPPs do Rio. Pacifismo são capacetes azuis da ONU. Pacifismo são tropas do governo dos Estados Unidos invadindo o Iraque. Pacifismo é a tal Guerra Contra as Drogas na América Latina.
Não se trata aqui de defender o chamado "moralismo". Moralismo é coisa de partido político que quer apenas preservar a aparência. Moralismo é coisa de marqueteiro. Moralismo é prática de político profissional que pensa apenas no voto antes da eleição e que depois de eleito pensa apenas em roubar. Moralismo é chamar-se Papa Bergoglio e mudar nome para Francisco. Moralismo é Zé Dirceu dizendo na surdina para Hélio Bicudo que "bolsa família significa 40 milhões de votos".
Não se trata aqui nem de pacifismo nem de moralismo. Há uma diferença diametral entre "manifestação pacífica" e "manifestação não-violenta ativa".
Realmente, "manifestação pacífica" é mesmo um passeio. É simplesmente sair caminhando pela cidade cantando mil slogans diferentes. É como expor uma lente ao sol sem estabelecer um foco. É como dizer ao poder estabelecido que há descontentamento mas sem defini-lo com clareza. É como um bebê chorando de manha. E pior que tudo, pacifismo é sair pelas ruas em 7 de setembro posando para agências de propaganda pagas a peso de ouro, para gravar cenas que serão usadas futuramente na TV no horário eleitoral por candidatos a deputado federal, governador e presidente da república!
Já a "manifestação não-violenta ativa" é completamente diferente. Trata-se de tática. Tática de guerra contra o Sistema. A desobediência ativa não-violenta pode ter mais poder do que mil bombas atômicas! Há um foco bem definido. Pode ser, por exemplo, a exigência de tarifa zero em ônibus, trem e metrô, em todo o município de São Paulo. O grau de organização pode ser tal que já não adianta mais qualquer tipo de repressão policial, bombas de gás, balas de borracha ou de chumbo. A maioria não corre diante da agressão. Há determinação e disposição. Diante da brutalidade policial os manifestantes sentam-se no chão, e por mais que sejam agredidos não saem em fuga. E quanto mais a polícia bater, agredir, ferir, até mesmo matar, mais perto ficará a vitória pois a ideia não morre. Essa tática é simples. Mas como diz o provérbio chines "simples não quer dizer fácil"!
Fácil é juntar-se a um grupo pequeno vestido de preto, cobrir o rosto com uma bandana, e misturar-se ao grupo maior que não tem medo de mostrar a cara, para depois quebrar vidraças, lançar molotov contra a polícia e sair correndo como um cão danado. É espetacular quebrar vidraças? É! É espetacular lançar molotov contra a tropa de choque? É! Mas tudo começa e termina no espetacular. Quando alguém quebra uma vidraça com pedras, barras de ferro, e depois corre, é porque sabe que praticou uma atitude inconsequente. Quando alguém lança um coquetel molotov contra a PM, e depois corre, está apenas fazendo um showzinho para chamar a atenção sobre si mesmo. É uma atitude tão infantil como apertar a campainha das casas e sair correndo. Não muda nada! Não faz a luta avançar! Não atrai adesão em massa!
Se queremos juntar os amigos para mostrar no youtube e dizer: "esse aqui quebrando a vidraça sou eu", ou "esse ali tacando o molotov nos coxas sou eu, cara!". Então continuemos fazendo isso. Quebra e corre. Taca e corre. Junta os amigos e mostra. Até cansarmos ou enjoarmos. Ou até sermos presos.
Mas se queremos de fato virar essa sociedade de cabeça para baixo, derrubar os podres poderes judiciários, legislativos, executivos, midiáticos, e instituir a democracia direta, temos que fazer bem mais do que lançar objetos em coisas ou pessoas e sair em debandada!
Quebrar vidraças apenas aquece a indústria vidraceira e seu comércio. Lançar molotov em policiais apenas fornece desculpas para eles colocarem em prática a única coisa que sabem fazer e para a qual foram treinados: ferir e matar.
Vandalizemos o Sistema Representativo em prol da construção da Democracia Direta. Vandalizemos o Sistema Mercantil Totalitário em prol do controle dos meios de produção e de vida pelo povo soberano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário