"Sou bancário. Chegou a época do dissídio da categoria. Meu sindicato já negocia com os banqueiros. Talvez eu tenha um bom aumento este ano. Não como o aumento de mais de 60% que políticos e juízes dão a si mesmos brasil afora, (sim! brasil com b minúsculo. Um país onde tais coisas acontecem impunemente não merece mais o maiúsculo em seu nome). O mundo do cada um por si aqui embaixo reflete e fortalece o mundo do cada um por si lá em cima. De onde vem os recursos? De todos nós, mas eles estão no poder, e o controle das forças armadas pertence a eles. E eles detêm o monopólio do uso da violência, das chaves dos cofres públicos, da manipulação e interpretação das leis. O roubo é um delito... só para os pobres. Aos ricos tudo, aos pobres a lei.
"Mas e os professores? Problema deles. Nada tenho a ver com isso. E os químicos? E os comerciários? E os metalúrgicos? E os camelôs perseguidos nos bairros e no centro da cidade? E os desempregados de todas as categorias? E as crianças nos faróis fazendo malabarismos, pedindo esmolas? E os amigos da floresta ameaçados e abatidos a bala no Amazonas? E os índios em pânico, expulsos de suas terras pelas mineradoras, empreiteiras e governo? E a fome na Somália? E as centenas de rebeldes presos na Inglaterra por causa dos "distúrbios" contra o assassinado de um negro? E os desempregados e sem-teto que se multiplicam nos Estados Unidos e Europa? E os assassinatos diários perpetrados pelos governantes da Síria e da Líbia? E os genocídios da Al Caeda, fratricídios da OTAN? Essa guerras estúpidas promovidas por governos contra governos, onde a maior vítima é sempre o povo pobre? Nada disso interessa. Quero apenas meu aumento em setembro, para colocar em dia meu cartão de crédito, comprar minha TV LCD 42", e o mundo ao redor que se exploda.
"Sim, eu confesso. Na verdade, sei que sou cúmplice e servo dos piores bandidos da história da humanidade. Sou escravo de banqueiros, o seleto grupo de hienas que faz da rapinagem seu modo de vida. Sou cúmplice sim. Mas fazer o que? Preciso comer, vestir-me, pagar minha faculdade. Preciso de dinheiro para minhas baladas, espetáculos, meu carro, combustível, remédios, bebidas intoxicantes.
"Sei que quando o povo pobre põe seus parcos e raros recursos numa caderneta de poupança, recebe míseros 0,5% de juros ao mês, enquanto que meus patrões banqueiros arrecadam a cada 30 dias de atraso nas faturas de cartões de crédito estonteantes 19% de juros ao mês. E tudo dentro da lei. Da lei do cão que nos é enfiada goela abaixo, sem qualquer sinal de resistência de nossa parte.
"Sei também que o governo, aliado às corporações e a esses mesmos banqueiros pega incalculáveis recursos do BNDES, dinheiro que pertence ao povo, entregando-os praticamente de graça para mineradoras, com seus projetos de destruição na Amazônia, e com carência de dezenas de anos para pagar.
"E daí? sou bancário. Quero meu aumento. O resto que se exploda. Que se dane".
Essa é a mentalidade do bancário, do professor, do gari, do químico, do metalúrgico, do camelô, do desempregado, do menino malabarista nos faróis, do comerciante legal e ilegal, dos guardadores de carro.
Cada um pensa apenas em si mesmo.
Estamos todos separados uns dos outros pelos nossos pensamentos egoístas. E estamos cada vez mais miseráveis. Cada vez mais pobres. Cada vez mais controlados. Cada vez mais isolados. Cada vez mais fracos por causa disso.
Enquanto essas coisas acontecem, nossos cândidos sindicalistas seguem o mote, preocupam-se apenas com si próprios. Preparam suas candidaturas pegando dinheiro de banqueiros, de patrões, de lobistas, para alçarem aos cargos do parlamento. E já preparam as mentiras que dirão aos trabalhadores no momento da campanha eleitoral e na propaganda da TV.
Isso tem que mudar. Isso não pode mais continuar. Esse estado de coisas há muito alcançou o estado de saturação. Nós, povo, trabalhadores, de todas as idades e profissões, precisamos nos unir para mudar essa situação de separação. Precisamos nos unir em torno da mudança: todos por um, um por todos. Não pode mais haver bancários, professores, químicos, desempregados, malabaristas pedindo esmolas nos cruzamentos, favelados, estudantes universitários, estudantes em geral. Devemos nos unir, todos, que estamos embaixo, contra os que estão em cima. Devemos nós mesmos gerir a sociedade em que vivemos.
Façamos a Revolução! Unamo-nos em todo o mundo em uma só voz e um único clamor. Por quê atravessar a vida inteira pedindo migalhas a patrões e a governantes se podemos tomar tais recursos - que nos pertencem de direito e de fato, pois nos foram roubados - e disponibilizá-los para todos?
Saia às ruas em 7 de setembro para pedir Real Democracia e em 15 de outubro para pedir Democracia Real. Chega de esmolar restos para tua categoria. De agora em diante nada mais pediremos a patrão ou a governante. Não se pede o que nos pertence. Se toma. Chega de humilhação. Levantemos todos nossas cabeças. A única perspectiva nossa para com governantes, patrões é a derrocada deles. Para que nós mesmos possamos gerir nossos recursos e as riquezas de nosso país. Em favor de todos. Nunca mais a favor de alguns ou de uma elite.
Façamos a Revolução! Não sejamos mais títeres de sindicalistas e de corruptos políticos. Ocupemos as praças por tempo indeterminado. Participemos de assembléias verdadeiramente democráticas.
DEMOCRACIA REAL JÁ!
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