Isa Saharkhiz: "A nação está nas mãos de uma gang militar conduzida por um líder"
Em ataque ao sistema da República Islâmica do Irã, Isa Saharkhiz, jornalista iraniano, afirmou que os problemas que a nação enfrenta têm raízes na "centralização de todos os poderes em uma só mão", uma referência direta ao líder do regime, Ayatollah Ali Khamenei.
"O que está acontecendo e o que assistimos não é outra coisa senão o resultado da concentração de todos os poderes na mão do "vali e faqih" (o jurisconsulto, ou, neste caso, Ayatollah Khamenei) que controla diretamente as violentas gangues de segurança militar", disse o Sr. Isa Saharkhiz, ex-diretor da imprensa Islâmica no Ministério da Cultura e Orientação durante o governo do presidente Mohammad Khatami, falando durante a reunião de um grupo de estudantes que tinham participado na greve da fome em um movimento internacional que foi lançado pelo proeminente dissidente iraniano Akbar Ganji em defesa de presos políticos.
Esta foi a mais severa das cada vez mais fortes críticas expressas relativas ao atual sistema político iraniano, considerado como sendo "sagrado", por causa de seu "divino" líder, aiatolá Khamenei.
Ganji, um jornalista investigativo que passou seis anos atrás das grades por revelar a participação direta de vários altos funcionários em brutais assassinatos de vários políticos populares e intelectuais desde 1989, iniciou uma greve da fome em Londres dez dias atrás, finalizando-a em frente das Nações Unidas em Nova Iorque. Sua iniciativa foi apoiada por milhares de iranianos em mais de 40 cidades ao redor do mundo.
"Uma gangue militar liderada por uma guarnição sob a direção do Sr. Khamenei está controlando toda a nação e o seu aparato. Depois de ter assegurado o controle de todos os três poderes, está agora prestes a assumir também a Khobregan (Assembléia de Peritos), a única janela de esperança em uma situação desesperadora", acrescentou.
Saharkhiz, que foi preso sob acusação de propaganda contra o Estado e contra altos funcionários do regime também criticou Executivo, Legislativo e Judiciário, salientando que "todos eles são peças decorativas no Governo, seja como Majles (parlamento iraniano) ou como Judiciário dependente, todos obececem ordens, são fantoches cujas mãos e pés se deslocam atados a cordas invisíveis, executando planos e ordens vindos de fora".
Desde 2000, mais de 150 publicações de todo tipo, a grande maioria delas independente e pró reforma foram encerradas por ordens de Khamenei -- conforme descrevem os Reporters Sans Frontières (Repórteres Sem Fronteiras) com base em Paris -- um dos os mais perigosos predadores da liberdade de imprensa.
Editor da "Eqtesadi Akhbar" (Notícias Econômicas) e do "Aftab" (domingo), ambos proibidos pelo Judiciário, o Sr. Saharkhiz também criticou a recente ordem do Sr. Khamenei para a privatização de mais de oitenta por cento de todos os bens estatais em empresas nacionalizadas, dizendo que a decisão iria fragilizar o setor privado, permitindo simultaneamente que os mais ricos (associados com altos ayatollahs governantes e suas famílias) se aproveitem do baixo preço.
Anteriormente, Saharkhiz ridicularizou o tribunal que o tinha condenado, dizendo que "é um escárnio que o tribunal condene um antigo soldado da guerra (contra o Iraque) e alguém que tem contribuído para a vitória da revolução islâmica como um bandido qualquer", acrescentando que 'também é uma ironia ver o Visão e Voz da República Islâmica (Rádio e TV estatal), difundindo confissões de dissidentes obtidas sob tortura".
"Por seis anos as autoridades têm repetido nos seus meios que Akhbar Eqtesadi é uma base do inimigo, que seu editor, Saharkhiz, está a cargo desta base. Alegaram que somos amigos dos americanos e que estamos em sua folha de pagamento, que recebemos muito dinheiro, que somos inimigos do Islã. O fato é que não há um único documento que prove isso, nada foi apresentado ao tribunal para justificar tais acusações", disse, acrescentando: "O resultado da ação desenvolvida pelo Poder Judiciário (que está sob controle direto de Khamenei), é que centenas de jornalistas e suas famílias estão desempregados, enquanto muitos outros mudaram de emprego e outros foram forçados a emigrar", disse no tribunal. ENDS SAHARKHIZ 24706
Publicado originalmente em 24 de julho de 2006
fonte: http://www.iran-press-service.com/ips/articles-2006/july-2006/saharkhiz_24706.shtml
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