sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Egito: Tuitando de cima dos Telhados

A Tuitosfera egípcia no #jan25 está repleta de histórias do tumulto atual. Para observadores, os telhados se tornaram locais de vista privilegiada. Em Suez, Ian Lee @ianinegypt registra como é a sensação:

"Estou gravando dos telhados; é muito perigoso na rua para estrangeiros. Números chegam a milhares. #jan25 #suez"

Muito da cobertura do Twitter na hashtag #jan25 está em inglês, sugerindo que o motivo disso é divulgar e repercutir nas notícias internacionais, em vez de o motivo ser organização no terreno. Também metaforicamente, as redes sociais são como telhados de vista privilegiada.

O tuíte de Jailan El-Rafie captura essa intenção. Ela traduz para o inglês [en] e tuíta a respeito do ensaio descritivo [en] do cineasta Amr Salama [en].

http://on.fb.me/g7OWvM This is @AmrMSalama 's article, in English. Please RT so we can get more people to read it. #Egypt #Jan25

http://on.fb.me/g7OWvM [en] Este é o artigo de @AmrMSalama. Por favor RT para que mais pessoas possam lê-lo. #Egypt #Jan25

A própria história de Salama é um evento midiático; tanto o registro gráfico de uma surra que ele levou de policiais, como o registro visual de si mesmo como manifestante e seu relato. Ele inicia sua história a se identificar como um encenador de um papel:

"A rua estava completamente vazia, e ao horizonte eu avistava uma massa de pessoas. Primeiro pensei que seriam manifestantes, mas logo percebi que eles todos vestiam preto, vinham em nossa direção e empunhavam cacetetes pretos. Recordei cenas de filmes antigos de guerra, como Coração Valente e Gladiador, e pude ter a sensação exata de antigos campos de batalha; encontrei a mim mesmo como uma das primeiras pessoas a correr em direção às fileiras de policiais que se aproximavam".

O relato de Salama rapidamente se torna cruel. Ele muda de papel, de herói de ação a repórter de guerra, e então vítima:

"Eu tinha meu precioso iPhone numa mão e tentava bater fotos e gravar vídeos, até que fui rodeado por um grande número de soldados, que começaram a me bater ferozmente com seus cacetetes, infligindo pancadas dolorosas na minha cabeça, face, meu estômago e minhas pernas".

Enquanto o espancamento continuava, Salama foi tirado da rua e espancado múltiplas vezes:

"Então nós entramos em um prédio, - os gentis soldados escoltando - ele trancou a porta, me fez tropeçar e cair no chão, então iniciou-se um doloroso episódio de espancamento vicioso".

Ele relata que começa a se imaginar como um mártir das redes sociais:

"Pensei na minha família, e como isso iria afetá-los, sobre o filme que eu ainda não havia terminado de rodar, sobre a página que seria criada sobre mim no Facebook, e me perguntava se ela teria como título “We all are Amr Salama” [Somos todos Amr Salama, em português]. Pensei, também, sobre a declaração que o Ministério do Interior emitiria, a dizer que eu teria morrido ao engolir acidentalmente meu iPhone".

Salvo por alguns dos soldados, ele conseguiu escapar. Ele destaca seus motivos:

"Descobri que o mais importante é que percebi essas coisas, que sei por quê fui espancado, por quê protestei, e sei que, sem sinais e exigências políticas complexas, entendi por quê suportei tudo isso. Suportei tudo isso porque quero um Egito melhor, um Egito melhor sem o poder absoluto dos governantes sobre as pessoas, e um Egito melhor sem grandes abismos na estrutura social".

Nora Shalaby contribui com um set de fotos no Flickr que exibe diferentes facetas do protesto. Imagens cinéticas de multidões e celebrações de noite.

extraído e adaptado a partir de http://pt.globalvoicesonline.org/2011/01/27/egito-tuitando-de-cima-dos-telhados/

Nenhum comentário: