O diretor alemão Uli Edel disse na sexta-feira que tentou retratar tanto o fascínio quanto o horror suscitados pelo grupo Baader-Meinhof, o movimento guerrilheiro anarquista que é o tema de seu filme mais recente.
"The Baader Meinhof Complex", recentemente exibido no Festival de Cinema de Roma, conta a história dos membros fundadores da facção e da trilha de sangue que deixaram em sua esteira, em uma década de atentados a bomba, sequestros e assassinatos.
Rodado em estilo documentário e baseado no best-seller de Stefan Aust, o filme foi escolhido para representar a Alemanha na categoria melhor filme em língua estrangeira no Oscar 2009.
Na Alemanha, onde estreou no mês passado, o filme reacendeu a discussão sobre um capítulo sangrento da Alemanha pós-nazista que ainda assombra o país.
"The Baader Meinhof Complex" dividiu a crítica. Alguns críticos acharam que o filme glamouriza os militantes, representados por alguns dos atores mais famosos da Alemanha, e não deu atenção suficiente ao sofrimento das vítimas e suas famílias.
"Meu objetivo foi levar as pessoas a enfrentar a realidade daqueles anos e também mostrar que alguns dos personagens podiam parecer cool e atraentes, mas depois mostrar-se aterrorizantes", disse Edel a jornalistas depois da sessão em que o filme foi mostrado à imprensa.
"Meu país ainda não se reconciliou com aquele período, e espero que o filme promova esse debate."
Aust, cujo livro é considerado uma obra de referência sobre a guerrilha, acrescentou: "Trata-se de história, mas as pessoas ainda são afetadas por ela, como se tivesse acontecido ontem".
A Facção do Exército Vermelho (FEV), também conhecida como Gangue Baader-Meinhof devido a seus fundadores, Andreas Baader e Ulrike Meinhof, nasceu dos movimentos de protesto estudantil e contra a guerra do Vietnã na Alemanha Ocidental do final dos anos 1960.
O grupo é suspeito de ter matado 34 pessoas entre 1970 e 1991, quando uma "segunda geração" de militantes levou adiante o que tinha sido iniciado por Baader e Meinhof, que teriam cometido suicídio na prisão, respectivamente em 1976 e 1977. O movimento se desfez em 1998.
Conhecido fora de seu país sobretudo por seu filme de 1981 "Eu, Christiane F. - 13 Anos, Drogada e Prostituída", sobre uma adolescente viciada em heroína, Edel disse que também ele, quando universitário, num primeiro momento se solidarizou com a o grupo, como muitos outros jovens alemães na época.
"Relatei a história da maneira como a vivemos. Eu era fascinado por eles, e isso continuou até determinado ponto. O filme mostra claramente o ponto em que o fascínio virou horror e as pessoas não conseguiam mais identificar-se com eles."
Descrito como o filme mais caro da história alemã, "The Baader Meinhof Complex" intercala imagens noticiosas da época com reconstruções precisas dos ataques desferidos pelos militantes. Segundo Edel, até o número de balas usado em cada assassinato é fiel à história real.
Nenhum comentário:
Postar um comentário