sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O que faz um deputado?

Para que serve, ou a quem serve um deputado?



Há os de situação e os de oposição, os primeiros jogam expontâneamente (às vezes também cobram) o lixo para debaixo do tapete e os da oposição cobram por fora para fazer este trabalho. Se estivéssemos numa democracia, e não estamos, deveria haver oposição. Ninguém exerce esse papel, mas se alguém ousa exercê-lo, há cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e balas de todos os calibres nas mãos de bandidos e mocinhos armados, que vão desde seguranças particulares a policiais municipais, estaduais, federais, civis, militares. Como estamos numa plutocracia ou canalhocracia, os partidos ditos oposicionistas não fazem oposição efetiva ao governo. 


E quanto à mídia? A mídia tem cabrestos e rabo preso pois toda sua programação e matérias é patrocinada diretamente pelo governo e pelas classes dominantes. A grande imprensa está na mão das classes ricas, ou seja, o jornalista tem patrão que, por sua vez, também tem patrão, os ricos empresários – jornalistas sempre sabem mais do que podem publicar, mas são impedidos de dizer a verdade pelos seus chefes e patrocinadores.

Mas afinal, o que faz um deputado? Estipula seu próprio salário. O deputado é o único empregado que determina ele mesmo o valor de seu próprio provento.


Além de fixar seu próprio salário, também recebe uma grana “por fora”, tanto do governo, para que não denuncie fraudes e roubos do executivo, como de banqueiros e grandes empresários, para que atenda os interesses deles. Em toda a história da República foi assim, passando recentemente por Fernando Collor, Itamar Franco, FHC e Lula, e continuará assim com Serra ou Dilma e seus futuros sucessores. Os deputados de situação e da suposta oposição sempre tem conhecimento das maracutaias, desde esquemas de pagamento mensal para garantir apoio ao governo, até defesa dos interesses de grandes empreiteiras. Raramente alguém sobe à tribuna para condenar tais práticas.

Como para toda regra há uma exceção, uma vez o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) encaminhou ao Ministério Público Federal denúncia relativa ao pagamento de propina a colegas seus. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), prometeu mandar investigar a denúncia, mas depois que a poeira abaixou jogou a sujeira para debaixo do tapete.

Em maio de 2005 veio à tona a corrupção nos Correios, empresa da "área de influência" do PTB. Um vídeo – disponível na internet e reproduzido pelos telejornais – mostrava um funcionário dos Correios embolsando R$ 3 mil, que seria parte de uma propina mais polpuda.

Nas acusações contra o presidente do partido, deputado Roberto Jefferson, diante da possibilidade de uma CPI, o governo tentou evitá-la. Em junho, a operação para abafar a CPI chegou a envolver a liberação de R$ 400 milhões destinados a emendas de parlamentares. Por pressão popular, parte da base governista passou a apoiar a instauração da CPI. Roberto Jefferson se viu acuado e falou do mensalão, termo alusivo ao valor da propina, R$ 30 mil.

Instaurou-se a CPI e subiram à ribalta personagens como o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser o responsável por abastecer de dinheiro o esquema do mensalão. O PSDB, principal partido dito oposicionista, que tinha utilizado os serviços de Marcos Valério na eleição de 1998 para governador de Minas Gerais, pôs o pé no freio.

Repetidos escândalos ficaram sem contrapartida de ação política, no Congresso Nacional ou fora dele. Mas a indignação popular e os fatos eram tão graves que motivaram um inquérito ainda em curso no Supremo Tribunal Federal.

Caíram Roberto Jefferson e José Dirceu. Para o lugar de Dirceu na chefia da Casa Civil foi Dilma Rousseff, para o lugar de Dilma veio Erenice, que agora se tornou pivô de mais um escândalo pelo tráfico de influência para favorecer parentes e determinados empresários.


As falcatruas no Senado quase provocaram, em 2009, a queda de seu presidente, José Sarney.

A delação do mensalão do DEM de Brasília foi gravada em vídeo pelo ex-integrante do governo do Distrito Federal Durval Barbosa. Esse escândalo atingiu e enfraqueceu um setor da dita oposição.

Além do escândalo citado surgido na atual campanha eleitoral, envolvendo Erenice Guerra, sucessora de Dima na Casa Civil, e há também a violação do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra ou ao PSDB.

Tudo isso reforça o fato de que a real função tanto do deputado da situação como da suposta oposição é jogar sujeira para debaixo do tapete, com a diferença de que enquanto o deputado da situação já está vendido desde sua diplomação o da dita oposição se vende no exercício de seu mandato mediante pagamento extra.

O xis da questão é nossa sociedade dividida em classes. Onde houver classes, haverá desigualdades, onde houver desigualdades haverá injustiça, onde houver injustiça, haverá miséria, fome, violência, falcatrua, corrupção.

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