quinta-feira, 13 de março de 2014

Nao Vai Ter Copa- 3º Ato

O Terceiro Ato Contra os Gastos da Copa teve início por volta das 18 horas. Pouco antes da marcha iniciar vi grupos de policiais da Tropa de Choque da PM se deslocar do lado oposto do Largo da Batata em direção aos manifestantes. Pensei comigo, será que vão nos cercar e atacar como fizeram da última vez em 22 de fevereiro?

Saí para fora do círculo do cerco, embora a Constituição do Brasil em seu artigo 5, garanta a mim e a todo brasileiro o direito à "livre manifestação" aqueles PMs estavam claramente mais dispostos a obedecer ordens de seus comandantes, mesmo ilegais, do que seguir à risca os ditames da Carta Magna.

Durante toda caminhada até a Paulista não houve um só incidente, até que bem na minha frente, quando eu passava pelo MASP, duas quadras à frente da manifestação, vi um buscapé aceso sendo lançado nos pés de um grupo de meia dúzia de PMs. Um dos PMs tentou chutá-lo em minha direção, errou. Saí dali rápido e sem olhar para trás ouvi dois fortes estampidos da bombinha. A primeira entrada do Metrô MASP estava fechada, segui em frente e vi as vidraças de uma agencia do Banco do Brasil sendo quebradas.

Que tipo de pessoa jogaria um buscapé contra policiais militares? Eu não sei ao certo. Mas provavelmente alguém que não goste da polícia. Talvez algum amigo dos Amarildos, talvez alguém que sofreu brutalidade por parte da PM, talvez alguém que não goste de ser tangido como gado. Talvez algum morador da periferia que sabe que a PM é racista, e que muitas vezes exerce o papel de juiz e carrasco criminalizando a pobreza.

Que tipo de pessoa quebraria a vidraça de uma agencia bancária? Talvez algum usuário do sistema. Desses que passam uma, duas e até três horas dentro de filas nos bancos tentando pagar uma conta de luz ou receber os parcos valores de sua aposentadoria. Talvez um daqueles que recebem como rendimento da poupança 0,5% ao mês quando investe seu dinheiro, e que paga entre 200 e 300% ao ano quando pede algum dinheiro emprestado.

Considerando esse universo de pessoas com fortes motivos para quebrar vidraças de agencias bancárias e atirar bombinhas nos pés de policiais a quantidade de suspeitos se elevaria às centenas de milhares. Povo pobre não gosta de polícia e povo em geral não gosta de banco. Uma ação inteligente expropriaria a riqueza dos banqueiros e daria um fim à existência não apenas da Polícia Militar, mas acabaria também com todos os tipos de polícia e de exércitos. Instituições pensadas, criadas e alimentadas por sistemas injustos e com a única finalidade de manter desigualdades e sustentar privilégios de governantes e de uma minoria que controla o poder político e econômico.





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