A partir de 1980, trabalhadores, estudantes, sindicalistas, professores, perderam o medo e tomaram a iniciativa de sair do longo período de estagnação inaugurado pelo golpe militar em 31 de março de 1964, e combater em várias frentes simultâneas, visando acabar com a ditadura e tomar as rédeas de seu próprio destino.
A ideia era a auto-organização dos trabalhadores a partir do local de trabalho, da escola, da vila, tendo como ponto de partida a fundação de uma central de trabalhadores sem qualquer vínculo com partidos políticos tradicionais e com o Estado. A semente plantada em 1980 ia também no sentido da fundação de um partido sui-generis, que mesmo participando de eleições, seus candidatos estariam submetidos à vontade de seus eleitores, como caixas de ressonância, como delegados cuja função seria transmitir as
decisões tomadas nos núcleos e assembleias nas fábricas, escolas, bairro, praças, numa democracia real, direta, nos moldes das recentes e massivas assembleias de Syntagma em Atenas e Tahrir no Cairo.
Essa linha de organização atraiu muita gente, e pipocaram núcleos do nascente e promissor Partido dos Trabalhadores em todo o país. Foi nesse espírito que em 1982 Gilson Menezes tornou-se em Diadema o primeiro e último prefeito do PT no projeto original.
Em 1983, José Dirceu desce de pára-quedas no Partido, e juntamente com mais 112 comparsas com vocação de estrela, refunda um novo PT, no modelo tradicional dos partidos, piramidal, hierárquico, onde ordens vinham de cima para baixo. Daí veio a debandada geral, os núcleos perderam sua função e se desmantelaram um a um.
Hoje, em tempos de mensalão, finalmente vem à tona o chorume do Projeto de Poder proposto em 1983 pela chamada "Articulação dos 113". Projeto de Poder sobre os trabalhadores, bem ao estilo trotsko-stalo-leninista, que desde o golpe bolchevique na Rússia em 7 de Novembro 1917, vem colocando areia nas tentativas de auto-emancipação das classes trabalhadoras em todo o mundo.
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