sábado, 6 de janeiro de 2007

A Glória deTabor (1420-1437)


A vida em Tabor provavelmente teve uma glória especial, a glória de uma sociedade transfigurada, onde a vida era vivida de uma forma tão exultante que se aproximava da loucura. A comunhão era o acordo diário de milhares de pessoas que cantavam ao ar livre nos campos, onde celebravam vastos encontros religiosos no topo das montanhas, com exércitos retornando da batalha, em triunfo, carregados de pilhagem e empunhando troféus como mobílias luxuosas de cardeais e reis, com multidões dançando pelas ruas, com centenas de milhares de inimigos fugindo por cima do gelo quebradiço, com exércitos marchando ao som de hinos em uníssono, com o rugido dos vagões férreos e das rodas dos canhões, com um cálice dourado, em vez de uma bandeira, acima de suas cabeças. Tabor foi o monte onde Barak e Débora juntaram os anfitriões que aniquilaram Sísera, imortalizado em um dos grandes poemas da Bíblia; mas os taboritas também acreditavam que o Monte Tabor foi também o monte da transfiguração de Cristo, o Monte das Oliveiras onde ele pregou o sermão do apocalipse em Marcos 12 antes de começar sua marcha para a crucificação; e finalmente era a montanha da qual ele ascendeu para o céu. Todas essas coisas simbolizavam a natureza da vida vivida em Tabor.

Platão, São Thomas More, Campanella, Harrington, Bacon, todos tentaram imaginar sociedades nas quais a oportunidade para aquilo que a Igreja originalmente chama de pecado seria severamente inibida, onde seria praticamente impossível aos homens procurarem por bens menores imediatos em vez de um último maior bem. Tabor em seus primeiros anos resolveu o problema da utopia negando isso. Os taboritas foram os primeiros a tentar fundar uma sociedade no princípio de que a liberdade é mãe, não filha da ordem. (extraído de Comunalismo, das Origens ao Século XX, de Kenneth Rexroth)

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